Especial ‘Oscar 2019’ #2 | História e curiosidades sobre o maior prêmio do Cinema

Pedro Marco

Cada vez mais nos aproximamos da grande festa do cinema mundial. A premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas chega à sua 91ª edição com a celebração das melhores produções de 2018. Mas antes que possamos vestir nossos smokings e vestidos, você conhece tudo sobre o Oscar?

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A premiação começou em 1929, com o intuito de premiar os filmes de 1927 e 1928. Em seu início, haviam apenas 12 prêmios fixos (metade da quantidade atual) e três honorários. Sua duração, era de singelos 15 minutos, em uma grande festa do hotel Rossevelt, na Califórnia, onde o público geral poderia participar mediante o pagamento de US$ 5 (atualmente, cerca de R$ 200).

Os anos se passaram, mas não a cobiça pela pequena estatueta de bronze banhada a ouro de 35 centímetros e 3,8 quilos. Falando nela, o cavaleiro, armado com sua espada, desde o início é representado sobre um rolo de cinema de cinco pontas, que  celebram as bases de direção, produção, atuação, técnica e engenharia.

Seu visual, dizem as lendas, foi feito pelo diretor de arte da MGM Cedric Gibbons, baseando-se no cineasta mexicano Emílio Fernandez, que era considerado um grande galã da época. Achou essa informação bizarra? Pois saiba que o nome da estatueta veio de uma piada, quando a bibliotecária da academia, Margaret Herrick, comparou-a com seu tio Oscar. Margaret, anos depois, se tornou diretora-executiva da premiação e, ainda hoje, a biblioteca oficial do Oscar recebe seu nome.

Nome do Oscar nasceu de uma piada de Margaret Herrick com o tio homônimo (Foto: Oscar / Divulgação)

Mas como fazer para ganhar este tão sonhado prêmio?

Para entender melhor, vamos começar pela Academia em si. Atualmente, com cerca de 8000 membros, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas compreende profissionais de diversas áreas e localidades. Para tornar-se membro, é preciso receber a benção de um dos membros interinos, que o tornará elegível para o comitê de sua área específica. Após esta aprovação, o próprio comitê enviará uma carta aos governadores da academia, e estes aprovarão, ou não, o ingresso em seu panteão avaliativo. Oficialmente a lista de membros é oculta, mas como muitos devemos lembrar, no ano de 2012, o jornal Los Angeles Times teve acesso à esta informação e divulgou em seu jornal, apontando uma hegemonia de 77% de homens, sendo 94% de brancos e com média de 62 anos de idade. Este escândalo gerou o movimento “Oscar So White” e uma reformulação na estrutura da Academia.

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A corrida para ter seu filme indicado começa cedo e de maneira independente. Cada produtor deve inscrever seu filme de forma online, já indicando as premiações que deseja pleitear, a melhor música e os atores que considera principal ou coadjuvante. No caso de filmes de língua inglesa, a produção que quiser concorrer ao prêmio máximo de Melhor Filme deve seguir algumas regras:

1) Ter mais de 40 minutos;

2) Ser exibido em Los Angeles por pelo menos 7 dias, com público pagante entre os dias 01 de janeiro e 31 de dezembro daquele ano;

3) As filmagens devem ter bitolas cinematográficas de 35 ou 70 milímetros, e reprodução por 24 ou 48 frames por segundo.

“Roma”, da Netflix, um dos mais indicados deste ano, precisou passar por salas de exibição para conseguir concorrer (Foto: Netflix / Divulgação)

Após a inscrição, começa a disputa para conseguir ser indicado à premiação. Como o fluxo de filmes é gigantesco, os produtores procuram chamar a atenção de alguns dos membros conhecidos com propagandas, festas de divulgações e, em casos mais antiéticos, presentinhos. Isto acaba restringindo a eleição a filmes que tenham o capital necessário para que consiga ser percebido pela Academia.

Cada membro da Academia indicará sua própria área, ou seja, um ator não deve opinar nos indicados por direção ou efeitos visuais, e vice-versa. Cada votante escolherá seus cinco favoritos e estes mesmos serão listados e escolhido pelos critérios de mérito (mais vezes na primeira colocação) e popularidade (mais vezes nas listas em geral). No caso de Melhor Filme, o voto é geral; e de filmes estrangeiros, há um comitê à parte. Escolhidos os indicados, todos os membros votarão em todas as áreas para definir os vencedores.

No caso de produção em língua estrangeira, as regras são as seguintes:

1) Ela deve ter pelo menos 50% de seu texto falado em qualquer dialeto que não inglês

2) Ser exibida durante 7 dias com público pagante em seu país de origem (caso seja exibida dessa forma também em Los Angeles, poderá concorrer também aos prêmios de atuação);

3) O filme de língua estrangeira deve ser exibido até, no máximo, 31 de outubro.

“Cidade de Deus”, embora – e curiosamente – não tenha sido indicado a Melhor Filme Estrangeiro, por ter sido exibido em salas de cinema dos EUA, o longa de Fernando Meirelles concorreu em quatro categorias: Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Edição (Foto: Globo Filmes / Divulgação)

Os resultados, inicialmente, eram passados aos atores antes para prepararem o discurso e, mais tardiamente, exclusivamente para imprensa para adiantar suas matérias (até que o Los Angeles Times acidentalmente publicou antes da premiação). Hoje, a empresa Price Water House Coopers (PWC) realiza a coleta de votos e fabricação dos envelopes. Os prêmios são entregues para o responsável pela área, podendo variar entre uma ou várias pessoas. Aos filmes de língua inglesa, o prêmio de melhor filme é entregue ao produtor, ao contrário dos de língua estrangeira que são entregues ao diretor. No caso de empate, os dois vencedores levam a premiação, como ocorreu em seis ocasiões.

Outras curiosidades sobre o Oscar

Apesar de vermos apenas as 24 categorias (onde ao longo dos anos 12 surgiram e deixaram de existir), durante a exibição do Oscar, outros prêmios surgem dessas votações. Em uma cerimônia à parte, realizada no Hollywood and Highland Center, são entregues o Oscar Honorário (para membros honrados da indústria méritos específicos, como Charles Chaplin e Jackie Chan), o Prêmio Humanitário Jean Hersholt (dado a pessoas da indústria que realizaram importantes ações humanitárias, como Oprah e Angelina Jolie), e o Memorial Irving G. Thalberg (concedido a produtores de destaque e renome geral na área, este ano dado a Kathleen Kennedy e Frank Marshal). Outros prêmios dados à parte, são o Oscar por Mérito, o Prêmio de Inovação Técnica e o de Ciência e Engenharia cinematográfica.

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Em 90 anos, apenas cinco mulheres foram indicadas ao Oscar de melhor direção, onde a única vencedora foi Kathryn Bigelow, por “Guerra ao Terror”, em 2010. Neste quase um século, apenas 16 atores negros foram premiados por sua atuação e seis diretores foram indicados. Caso Spike Lee vença este ano, será o primeiro cineasta a vencer a categoria.

Dentre os recordes da premiação, temos “Titanic” (1998) como o único filme a receber 14 indicações, e, assim como ele, Ben-Hur” (1960) e “Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” (2004) receberam 11 estatuetas. As pessoas mais premiadas seguem sendo, imbativelmente, Walt Disney (59 indicações e 22 prêmios) no cargo de produtor; e a atriz Katharine Hepburn (4 prêmios). Já no lado dos azarões, temos Brad Pitt com 5 indicações (três como produtor e duas como ator) e nenhum prêmio; Glenn Close, que além de receber 6 indicações ao Oscar, sem ter vencido nenhuma, a sina se estendeu à suas indicações ao Emmy (televisão) e Tony (teatro). Ela pode se redimir esse ano com a bela atuação em “A Esposa”, trabalho que já lhe rendeu o Globo de Ouro, superando a favorita Lady Gaga, em “Nasce Uma Estrela”.

Este ano a premiação do Oscar ocorre no dia 24 de fevereiro, no Teatro Chinês, em Hollywood. Até lá, vamos discutindo curiosidades, previsões e futuramente a grande premiação do 91st Academmy Awards.

Katharine Hepburn é a atriz mais vencedora da História do Oscar: quatro premiações (Foto: Divulgação)

Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
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