‘Está Tudo Bem’ realmente?
Wilson Spiler
Em 2020, o filme Meu Pai emocionou muita gente com as atuações brilhantes de Anthony Hopkins e Olivia Colman. Não à toa, o longa que abordava o ponto de vista das pessoas com Alzheimer concorreu ao Oscar 2021 nas categorias principais. Em Está Tudo Bem (Tout s’est Bien Passé), esta dobradinha pai e filha funciona novamente, embora não com o mesmo impacto.
Baseado no romance de Emmanuèle Bernheim, o longa francês do diretor e roteirista François Ozon traz Sophie Marceau no papel de Emmanuèle, uma escritora cujo pai André (André Dussollier), de 85 anos, sofre um derrame. Quando ele acorda enfraquecido e dependendo da ajuda de outras pessoas, esse homem cheio de vitalidade e curiosidade que ama a vida pede à sua filha para o ajudar a morrer.
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Homenagem à amiga
Ozon, que era muito próximo da autora da obra que adaptou, resolveu homenagear a amiga que morreu em 2017. O diretor, que descartou levar o livro ao cinema à época do lançamento dele, por ter considerado uma história muito pessoal, resolveu tomar a trama para si e fez algumas mudanças. Ainda assim manteve o mote principal do enredo.
Está Tudo Bem tem um argumento pesado, ainda mais em tempos de pandemia. Mas tudo é feito com muita delicadeza, tornando uma obra de alta carga dramática em algo, por vezes, levemente doce. No entanto, o filme levanta uma questão importante: a eutanásia. Embora o diretor tenha dito que o interesse dele era focar na relação entre o pai e as filhas, é inegável que a película levanta essa discussão.
Mas, de fato, essa relação do pai com as filhas Emmanuèle e Pascale Bernheim (Géraldine Pailhas) é um dos pontos altos do filme, que, diferentemente de Meu Pai, aborda os dois lados da história. Tanto o sofrimento do idoso, em condições muito precárias de vida, quanto das filhas, que precisam atender ao pedido do pai.
Culpa, eutanásia e suicídio
A situação se torna ainda mais difícil porque a relação entre as duas partes nunca foi boa, inclusive com Emmanuèle já tendo desejado a morte do pai quando criança. Isso faz com que ela carregue uma culpa ainda maior, como se estivesse realizando o sonho de infância.
Além disso, a frase “viver não é sobreviver”, proferida por André é uma grande síntese do filme Está Tudo Bem e uma enorme reflexão para esse tipo de situação. Até que ponto vale a pena se arrastar e estender a vida prejudicando as pessoas ao seu entorno? Por outro lado, até quando aguentar ver quem ama sofrendo tanto?
Mesmo diante dessa matéria, o longa ainda estende o debate quando a veterana atriz alemã Hanna Schygulla, musa de Fassbinder, que interpreta uma assistente da empresa responsável pelo processo, deixa muito claro o que é o procedimento ao chamá-lo de “suicídio”. Ou seja, são diversos pontos de vista bem aprofundados, que servem como uma ótima reflexão para um tema às vezes tão mal discutido.
Onde assistir ao filme Está Tudo Bem?
A saber, o filme Está Tudo Bem estreia na quinta-feira, 2 de junho de 2022, exclusivamente nos cinemas brasileiros.
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Trailer do filme Está Tudo Bem
Está Tudo Bem: elenco do filme
Sophie Marceau
Charlotte Rampling
Hanna Schygulla
Ficha técnica: Está Tudo Bem
Título original do filme: Tout s’est Bien Passé
Direção: François Ozon
Roteiro: François Ozon, baseado no romance de Emmanuèle Bernheim
Duração: 113 minutos
País: França
Gênero: drama
Ano: 2021
Classificação: 14 anos