‘Eu Tu e Ela’ | Segunda temporada mostra que relacionamento a três está longe de ser oba-oba

Giselle Costa Rosa

Até onde as pessoas devem se submeter às normas impostas pela sociedade deixando de fazer aquilo que as fariam mais felizes? Essa foi a pergunta que fechou a análise da primeira temporada de “Eu Tu e Ela”, série original da Netflix.

Na segunda etapa, Jack e Emma resolvem assumir publicamente o terceiro elemento da relação: Izzy. Obviamente, os amigos reprovam e acham estranho, apesar de alguns tentarem ver o máximo de normalidade neste triângulo. Dado o pontapé inicial da temporada, a série põe em evidência uma questão que muitas pessoas acostumadas a viverem um relacionamento monogâmico tem medo: ser o elemento que sobra.

*** Atenção Spoilers ***

Ao pensarmos em um trio, é difícil não imaginar que uma hora ou outra alguém vai se sentir excluído. Pois bem, Jack é esse elemento e, a partir disso, irá questionar a bissexualidade de sua esposa. Uns dirão que esse questionamento é a mais pura expressão da fragilidade masculina. Haverá aqueles que irão se ressentir junto com a mágoa reclusa de Jack. Outros serão indiferentes e, muito provavelmente, terão os que pensam: “colhemos aquilo que plantamos”. Seja lá como o espectador se posicionar, ele terá a visão de Jack sobre um dos “efeitos colaterais” de um relacionamento a três.

O gerenciamento efetivo e comunicação eficaz dentro do “trisal” seria a saída desse imbróglio?  Antes de sabermos a resposta surge um novo elemento na vida de Jack. Sabe aquele (a) ex marcante que reaparece do nada, por simples ironia do destino, no momento de crise em seu relacionamento? Apresentamos Ruby, a ex, que surge pra tensionar um pouco mais as coisas.

Mas sabe como é, antiguidade é posto. Izzy também vai sentir como é ser tratada como o “terceiro elemento”. Algo acoplado que não faz parte do núcleo. A decisão de Emma e Jack terem filhos faz Izzy dar uma pirada. E não é para menos… qual seria a função dela nessa família a partir do nascimento de uma criança? Ao que parece ninguém está à salvo de sentir-se à deriva neste relacionamento.

“Eu Tu e Ela” é basicamente, até o momento, uma série que explora muito superficialmente às questões que circundam um relacionamento com mais de duas pessoas. Mas se torna interessante ao abordar os medos principais que alguém pode ter em um relacionamento com um casal formado há anos. Como, por exemplo, a dificuldade em equalizar uma explosão de novidades com a intimidade, cumplicidade, amizade e companheirismo sem que alguém não se sinta ferido.

Em meio à crise conjugal, ter um filho é a saída vislumbrada por Jack e Emma – o ponto central desse “trisal”. Com Izzy titubeante diante dessa decisão, Emma enxerga um outro caminho, mas que não deve agradar aos demais envolvidos. Fato o qual só saberemos na terceira temporada de  “Eu Tu e Ela”.

Giselle Costa Rosa

Integrante da comunidade queer e adepta da prática da tolerância e respeito a todos. Adoro ler livros e textos sobre psicologia. Aventuro-me, vez em quando, a codar. Mas meu trampo é ser analista de mídias. Filmes e séries fazem parte do meu cotidiano que fica mais bacana quando toco violão.
NAN