Exodus volta rápido, brutal e glorioso em ‘Persona Non Grata’
Cadu Costa
Vamos encarar os fatos: o Exodus é mais subestimado do que deveria. Eles estão no thrash há um zilhão de anos e ajudaram a escrever o livro sobre o gênero (os capítulos bons e ruins). Alguns podem até pensar que pertencem aos Big Four (composto por Metallica, Megadeth, Slayer e Anthrax) mais do que alguns que integram. Mas isso é uma briga de bar para outra hora.
O que iremos focar aqui é Persona Non Grata, seu 11º álbum, o primeiro desde Blood In, Blood Out, de 2014. E está porrada na orelha, cabeçada no pé do nariz, paulada da melhor qualidade.
Persona Non Grata encontra o Exodus exatamente onde o deixamos sete anos atrás. A mesma formação, a mesma abordagem, a mesma recusa em dobrar os joelhos às tendências. Esta é a banda em toda a sua glória. É pouco mais de uma hora de trash raivoso com contornos vagamente modernos, com algumas músicas tendo a rapidez característica do estilo matador da banda.
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Um pouco de tudo
Recentemente o ULTRAVERSO esteve presente na coletiva de imprensa do guitarrista, líder e principal compositor do Exodus, Gary Holt.
Ele falou sobre o novo disco, bem como diversos outros assuntos como tendências políticas. Focando em Persona Non Grata, o novo álbum começou a ser gravado em julho de 2020, quando o Exodus se reuniu na casa de Tom Hunting, que fica nas montanhas.
De acordo com Gary Holt, passar um tempo com os colegas de banda e, principalmente, com o amigo de longa data, os remeteu aos tempos de adolescência, quando tocavam na garagem dos pais. A união entre amigos resultou no que o músico considera um dos melhores discos da banda: um álbum que cobre toda a carreira. Pesado, com ganchos cativantes e com “um pouco de tudo”.
Exodus em sua forma mais conhecida
De fato, Persona Non Grata é o Exodus na sua forma mais conhecida. A começar pela faixa homônima, um trash direto de 7:31 minutos com todos os riffs e solos que Gary Holt e Lee Altus podem lançar em você.
O vocalista Steve “Zetro” Souza soa tão estranho e maníaco como sempre, gritando, áspero e geralmente soando como um garoto histérico. A música ultrapassa o ponto de parada lógico por volta dos 5:30, mas consegue se reinventar de maneiras suficientes para manter as coisas interessantes.
No entanto, as portas do inferno são realmente abertas a partir da segunda faixa “R.E.M.F”. Impossível não sentir falta das rodas de pogo. É rápido, é sujo, é trash metal de um jeito que o Metallica não sabe mais fazer.
Assuntos que ‘revoltam e enojam’ a sociedade moderna
Persona Non Grata é descrito como um disco que aborda assuntos que “revoltam e enojam a sociedade moderna”, passando por temas que vão desde a brutalidade policial até o fenômeno das fake news e a mídia sensacionalista.
O forte teor sociopolítico do projeto é no mínimo interessante vindo de uma banda como o Exodus, cujos integrantes têm opiniões políticas e sociais bastante divergentes. Gary Holt, que se declara “totalmente pró-vacina”, comentou que, apesar do discurso negacionista do colega Steve “Zetro” Souza contra o imunizante, o vocalista também está vacinado e que a divergência de opiniões não é um problema para a banda.
“O mundo ao nosso redor se esqueceu de como conviver com pessoas que não concordam com você”, comentou Gary. “É muito tedioso se você só anda com pessoas que pensam igual a você, certo? O Exodus é uma banda de ideologias políticas completamente diferentes e mesmo assim somos irmãos. Sabe aquele ditado sobre não discutir religião e política com pessoas que discordam de você? É meio isso que fazemos”, finalizou.
Mais metal do que você
Seguindo as faixas de Persona Non Grata, os destaques incluem “Slipping Into Madness”, que parece ter sido feito no espírito dos anos 80 com guitarradas inspiradas de Holt / Altus. “Prescribing Horror” desacelera as coisas para uma atmosfera mais assustadora e “The Fires of Division” é exatamente o tipo de porradaria dura e cruel que esperamos desses caras.
Enfim, é um álbum bom, veloz, dá vontade de bater em minion e tacar fogo no sistema. Então cumpriu seu papel mais que muita bandinha por aí pagando de resistência quando é poser até o fio de cabelo. Então escute muito Persona Non Grata. Exodus pode estar velho, mas eles ainda estão muito na ativa. E ainda são mais metal do que você.
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