‘Far Cry 6’ tem bons predicados, mas repete erros da franquia
Stenlånd Leandro
A franquia Far Cry, da Ubisoft, é longeva e lucrativa. Iniciada em março de 2004 com o primeiro título, a série realmente se tornou indispensável aos amantes de títulos de primeira pessoa (FPS). Para quem está em busca de um jogo complexo e difícil, essa saga é o que podemos chamar de referência Souls do FPS. Se o fator replay não te incomoda, morrer é praxe. O ódio por vezes consumirá seu coração, sua mente, sua alma, seu sexto sentido, ou melhor, todo seu corpo.
E assim, dito isto, após quase três anos e meio, desde o lançamento do Far Cry 5, agora temos a oportunidade de, informar, o quanto de predicados este novo título da Ubisoft possui, assim como seus calcanhares de Aquiles!
Far Cry 6 na Era PS5 /Xbox Series
Não é nenhuma novidade que jogos lançados para PS5 e Xbox Series X/S com compatibilidade às gerações anteriores (PS4/Xbox One) tendem a ter um maior apreço. Quem não quer saber como estão os gráficos? E quem não quer saber se o jogo está fluindo em sua máxima quantidade de quadros?
Pois bem, os desenvolvedores do jogo Far Cry 6 praticamente apostaram todas as suas fichas técnicas para trazer o máximo de qualidade à nova geração. Porém, uma coisa ficou bem nítida: Realmente haverá necessidade de um bom televisor para que as melhorias sejam vistas em sua plenitude. Não é qualquer TV 4K, por exemplo, que fará com que coisas perceptíveis a olho nu possam ser identificadas por você! Aliás, não há como, na verdade.
Em nossa análise, jogamos o título em uma TV de 70 polegadas da Samsung (70AU7700), o que proporcionou uma nitidez fora do comum! Isso porque a imagem do protagonista e as paisagens do game ficaram com um excelente resultado de brilho e contraste, com imagens e cores ainda mais vivas, realistas e uma melhor experiência ainda mais imersiva!
- Saiba mais sobre Sky Warriors: Airplane Combat, jogo de combate realista
- Wirewalk, game nacional está disponível na Steam
- Razer anuncia iniciativa para bem-estar no eSports
Bugs
Porém, uma coisa que questionamos nos títulos da Ubisoft são os constantes bugs. Eles parecem estar repletos desses problemas específicos e que jamais se curam. Uma vez ou outra ficarmos presos em paisagens que exigem a reinicialização de um ponto de save. Os designs das cavernas comumente pobres e pré-históricos demais são irritantes. Eles acabam enviando os jogadores para girar em círculos literais sem fim e essa é uma das razões pelas quais odiamos ambientes muito escuros. Isso fica nítido em jogos como NIOH e é também perceptível em filmes que possuem CGI com cenas de ação nortunas. Para jogar nessas condições, seria realmente necessário aguardar ficar de noite na vida real (em casa ou no escritório), apagar as luzes do ambiente para ter uma melhor dimensão de onde seu personagem estaria. Afinal, é impraticável entender se estamos girando em círculos ou não.
Mas, nem de todo mal (visual) vive o jogo! Os personagens assim como Yara são belíssimos e as paisagens são exuberantes e podemos dizer que não é hiperbolismo de nossa parte, assim como a sonoplastia é intensa e deixará você satisfeito o suficiente para crer que Far Cry 6 é sim um jogo da nova geração.
Anton Castillo vs Revolução
A história do jogo Far Cry 6 se passa em uma ilha localizada no Caribe, chamada de “Yara”. Este local, inspirado na guerra dos então guerrilheiros, já foi visto em países sul-americanos, principalmente em Cuba. O líder fascista, autoritário e para lá de absolutista Anton Castillo, domina e tenta impor essa revolução, que coloca em risco a vida de muita gente envolvida. Nesse meio tempo, “Rohani”, personagem principal controlado pelo jogador, um dos ex-oficiais do exército e agora integrante do grupo guerrilheiro “Libertad”, narra os clichês dessas lutas.
Far Cry sempre colocou o jogador no meio de uma guerrilha e dessa vez não é diferente. Antón Castillo é eleito após mais de 50 anos do governo nascido de uma revolução em 1967, que libertou o país da tirania de seu progenitor. O foco de seu impiedoso modo de agir e presidir é estar no centro da criação de um remédio intitulado de VIVIRO. A substância é extraída das plantas de tabaco yarenses, que se prova ser o mais eficaz tratamento de câncer em todo o planeta. Isso faz com que, de certo modo, o ditador se torne uma espécie de herói universal ainda que a fabricação desse alucinógeno tenha como meta o manuseio de agrotóxicos letais, expondo a ilha transformando-a em campos de trabalho forçado.
Fórmula conhecida
Embora o sentimento dessa narrativa no título possa parecer algo novo aos iniciados, num geral nunca vai além da mesma fórmula de outrora e que o tornará um certo moleirão para continuar determinadas missões. Os atores são relativamente conhecidos pelo uso de aspectos promocionais e não contribuem muito para a manutenção de sua personalidade. Enquanto Castillo tenta criar seu universo, o personagem jogável, intitulado DANI, tenta entrar nos Estados Unidos às pressas e acaba por cair no berço de um problema gigante a ser resolvido. Ainda assim, nosso personagem acaba por ter dois mentores: Juan Cortez, ex-espião que se torna tutor do protagonista e Clara García, líder do movimento.
Por outro lado, aquilo que compõe os aspectos de inúmeras personalidades mostra como o destino de cada um é confortavelmente previsível. O vilão da história, por exemplo, é bastante caricato. Com todos esses atributos, no entanto, não devemos esquecer que a história é apenas uma desculpa para jogar. Não vá, de maneira alguma, imaginando que, haverá algo extremamente revolucionário no quesito narrativo, tampouco aguarde que você sairá chorando com típicas histórias mexicanas. É algo feito para engolir a seco, mas está distante de dizermos que é ruim. Pelo contrário. O tema é sempre politizado e nunca há muito o que fazer com ele. Pense no que está se passando atualmente no Afeganistão, por exemplo. Não há como sair de uma história para lá de convencional: guerra civíl.
Jogabilidade, revolução e outros penduricalhos
Uma coisa é certa: O fator replay é necessário. Ver seu personagem morto, faz parte de Far Cry 6. Afinal, o título inclui uma variedade de conteúdo que permitirá que o jogador permaneça ativo por horas e, com isso, nos deparamos com um vasto ambiente equatorial, onde várias etapas são realizadas em diferentes áreas urbanas e fora da cidade. Após as primeiras horas de seu treinamento inicial (aquele momento chato do jogo), você terá acesso a todo o mapa “Yara”. Mas com isso, você será forçado a seguir o processo narrativo linear enquanto espera o jogo terminar. Isso ocorre porque as diferentes áreas do mapa têm vários níveis de derrotas e derrotar os inimigos regionais que estão relacionados ao final do jogo, sem fazer melhorias em seu personagem, independentemente da arma ou não, é quase impossível.
Esta é, claro, a única diferença que mostra o potencial nas capacidades dos consoles de nona geração. Desta vez, ele também contou com a força de um ajudante (que aluga “Amigo”) durante a guerra. O estranho é que amigos artificiais (e até mesmo outros NPCs que ajudam você) agem para lá de muito mal. Na verdade, os trabalhadores se matam do nada e até mesmo instruí-los para não fazê-lo, mesmo no caso de uma operação secreta, é de pouca utilidade. Felizmente, quando seus ajudantes estão abatidos, você não precisa necessariamente reanimá-los.
Mecânica
Quando o assunto é a mecânica da franquia, o jogo Far Cry 6 ainda sofre de fraquezas do legado. Os inimigos do protagonista possuem uma mira perfeita. Nunca erram. E isso sempre foi comum na saga. É como jogar com Rambo, que nunca morre e possui olhos de águia. Outro exagero na série são as famigeradas ondas irrealistas de inimigos que aparecem do nada para apoiar dois ou três capangas.
Neste tópico, uma grande implicância é o uso abundante de Forças Especiais inimigas para tirar seja quem for que estiver cruzando seu caminho. Isso, em sua maioria, confunde quando certas missões realmente não permitem furtividade para evitar ser cercado por esses oponentes de nível mais alto e que é impraticável mata-los como dito um pouco acima.
O mesmo pode ser dito para ataques aéreos muito persistentes e frequentes. Helicópteros e aviões inimigos procuraram seu personagem sem piedade, exigindo um enxame de mísseis de recarga mais lenta para eliminá-los (já que não há lançadores de foguetes disponíveis nos estágios iniciais do jogo).
O universo fadado
A ilha de Yara é um deleite visual. Porém não deixa de ser uma fachada que mal disfarça um jogo que parece ter sido lançado há quase uma década se removermos o fator visual.
O maior problema em Far Cry 6 é que os objetivos do jogo não são interessantes a ponto de pagar R$ 499,90 numa versão ultimate, por exemplo. Claro que há diversão, o máximo que se pode se ter dirigindo lentamente até um local e matando algumas dezenas dos mesmos soldados repetidamente. Ainda assim, a história, embora um pouco estereotipada da franquia, é incrível. Todas as missões realmente possuem seu lado divertido o suficiente para jogar. Os amigos roubam o show e os diálogos malucos também fazem seu papel. É um jogo para lá de longo sem considerar a platina.
Um pouco de tudo
Aqui temos de tudo um pouco: Governante tirano, rebelião resistente até os dentes, uma terra repleta de corrupção, assassinato e contrabando. Tudo parece muito familiar, mas este é um aspecto da franquia Far Cry que não precisa ser tocado, diferente do feito em Assassin’s Creed. Depois de tanta mudança, nem dá para saber se é a mesma franquia. A série tem uma longa reputação por entregar antagonistas interessantes, e com Antón Castillo não é diferente. Em termos de entrega e desempenho, Giancarlo Esposito oferece um dos melhores que a franquia já presenciou.
Melhorias
Uma coisa que melhorou nesse universo fadado foi o tempo de carregamento. Tudo flui perfeitamente ao redor dos pontos de viagem rápida em Yara sem nenhum tipo de loading e isso tornou-se comum na maioria dos jogos independente da desenvolvedora. Também vale a pena observar as opções de acessibilidade do jogo Far Cry 6, com quase todos os aspectos de engajamento personalizáveis para atender às necessidades individuais de cada usuário. Aumentar a sensibilidade do controle, destaques de itens e inimigos e tamanho das legendas foram grandes ganhos ao meu ver.
Os jogos de mundo aberto se expandiram infinitamente, sem quase nenhum deles se preocupar em preencher aquele espaço com nada significativo. Ao jogarmos Ghost of Tsushima sentimos isso de modo avassalador. Passávamos por locais, por vezes sem nada, sem ninguém para espancar ou assassinar e até que lembrava o ‘loading’ disfarçado.
Far Cry 6 precisava ter tantos checkpoints idênticos espalhados pelo mapa? Precisava que o mundo estivesse repleto de armas antiaéreas que restringem ainda mais seus movimentos já prejudicados? Ou essas coisas são um atraso de quando esses jogos tinham mapas que não levavam três dias úteis para percorrer?
Aliás, vai comprar algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.
O Veredito
Em suma, Far Cry 6 chega colocando muita pompa e circunstância. Há predicados que devem ser ressaltados como o visual do jogo, bem como o tempo do loading e, de certo modo, sua mecânica e a narrativa. No entanto, nem só disso vive um jogo. Bugs do legado da franquia, a famigerada onda de inimigos com mira perfeita que surgem do nada e o preço pago para um jogo bem estilo Cyberpunk são alguns dos exemplos.
Aos iniciados, o jogo oferece mais do mesmo. Assim, tanto faz jogar Far Cry 5 ou 6; visto que o que muda são os protagonistas ou antagonistas bebendo do mesmo cálice. Portanto, o game é uma tentativa mal executada, de certo modo. Afinal, funciona quando quer, fazendo com que você tenha um mix de sentimentos.
Prós
Giancarlo Esposito rouba a cena
Visualmente muito bonito
Sem loadings aparente
Contras
Inimigos com mira perfeita
Mais do mesmo
Quantidade grande de bugs