Fernando Parré Forja EP crítica de álbum

‘Forja’, novo EP de Fernando Parré, é uma experiência sensorial (das melhores)

Wilson Spiler

Fernando Parré é um artista de Botucatu, no interior de São Paulo, que vive arte em diferentes linguagens que se unem em ação conjunta. Músico, produtor, poeta, fotógrafo, filmmaker e pintor, ele, de acordo com suas próprias palavras, encara “o fazer artístico como alimento, ar, provocação e locomotiva”.

Assim, Fernando Parré lançou, nesta segunda-feira (04) em todas as plataformas digitais, seu novo EP Forja, mesmo nome do estúdio do qual é fundador. As quatro músicas do disco navegam por diversos gêneros musicais, como Dark Wave, Lo-Fi, Dubstep, Jazz, Rock, Cumbia, por exemplo. O trabalho sucede seu primeiro álbum solo, “Gerúndio”, lançado em 2020.

As músicas do EP Forja

Do ofício de construir, forjar arte, surgiram as quatro faixas do EP Forja, de Fernando Parré. Com quatro faixas, quatro lugares-formas de ser, estar, sentir e existir no mundo contemporâneo, o disco começa com “Pranto”, uma canção lamento, com base em beats eletrônicos, que versa sobre o momento difícil que estamos vivendo. Assim, cantando “Quem foi que escreveu a história do dia a dia, lutas, trajetórias? Não é crise atual, é um plano, é uma guerra”, o artista faz uma síntese perfeita do nosso cotidiano.

“Festa”, a segunda faixa, é um contraponto positivo, fortalecimento coletivo que alimenta a cada um, energia para agir nos processos graduais e nos repentinos, com elementos de dubstep e ritmos latinos. Em seguida, “Luta” honra o próprio nome e se volta para a realidade, com um pedido por forças aos antepassados, uma lembrança de que a força está no povo, pessoas, e a luta e a esperança são diárias, tudo a partir de uma guitarra suave de jazz e rock, com direito a um solo de arrepiar. Por fim, ”Lar” fecha o EP de Fernando Parré com uma percussão marcante e grooveado em uma canção instrumental eletrorgânica relaxante, mas deixando claro que o futuro segue em aberto.

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Artista múltiplo

A título de curiosidade, ao longo de um ano e meio, a pesquisa artística percorreu duas grandes vias: visual e musical. Um processo criativo retroalimentado onde o musical direcionou o imagético, que por sua vez aprofundou e lapidou as mensagens sonoras. Portanto, cada faixa tem uma imagem correspondente. Da mesma forma, a capa é composta das quatro imagens juntas. Em diálogo, as músicas e as imagens são individuais; quando em conjunto, constroem a narrativa do trabalho.

Enfim, o EP Forja confirma Fernando Parré como um artista múltiplo, procurando seu espaço tempo em forma de som. De fato, quem não está acostumado com o tipo de som, pode sentir estranheza. Mas esse é um daqueles discos para ouvir mais de uma vez, assim como geralmente são os trabalhos do Radiohead, para ficar somente num exemplo. Tente escutar de olhos fechados e sentir a energia da música entrar na sua veia. É uma experiência sensorial. E das melhores.

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Fernando Parré Forja EP artes

Artes de cada música do EP de Fernando Parré (Foto: Divulgação)

Ouça o EP Forja, de Fernando Parré

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Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
NAN