Festival de Cinema de Vitória começa nesta sexta

Wilson Spiler

A 22ª edição do encontro anual do Espírito Santo com o cinema, o Festival de Cinema de Vitória, terá o seu pontapé inicial nesta sexta-feira (11). Durante seis dias, mais de 100 filmes serão exibidos em diversas mostras e concorrerão ao Troféu Vitória em diferentes categorias e a premiações extras (ver lista dos filmes no site oficial). A programação – gratuita – contará com sessões no Theatro Carlos Gomes e no Cineclube Metrópolis, além de oficinas, lançamentos e debates no Hotel Senac Ilha do Boi. Este ano, o Festival homenageia os atores José Augusto Loureiro (homenageado capixaba) e Matheus Nachtergaele (homenageado nacional); o cineasta Luiz Carlos Lacerda (conhecido como Bigode), que completa 50 anos de carreira e o diretor de cinema capixaba Penna Filho, falecido este ano. A estimativa é de que o evento movimente um público de 30 mil pessoas.

Lucia Caus, diretora do Festival, ressalta a importância do evento para o audiovisual nacional, tanto para realizadores como para o público: “O Festival é uma vitrine para as novas produções do cinema brasileiro, fazendo-as chegar à população de Vitória, e também uma oportunidade de intercâmbio e reciclagem dos profissionais do Espírito Santo”.

Os títulos que serão exibidos contemplam os gêneros documentário, ficção e animação, em curta e longa-metragem, e foram escolhidos entre cerca de 650 produções inscritas vindas de todo o Brasil. Serão nove mostras competitivas que atendem aos mais diversos gostos. São elas: a 19ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas; a 5ª Mostra Competitiva Nacional de Longas; a 4ª Mostra Foco Capixaba, com o melhor do cinema local; a 4ª Mostra Corsária, com filmes que apresentam pesquisas de linguagem da estética cinematográfica; a 5ª Mostra Quatro Estações, com produções que abordam a temática da diversidade sexual; o 16º Festivalzinho de Cinema, voltado para o público infanto-juvenil; a 2ª Mostra de Animação, com o melhor do cinema brasileiro de animação; a Sessão Especial BNDES (curtas), com exibição de uma série de curtas-metragens; e a 2ª Mostra Outros Olhares, com oito curtas capixabas.

Além dessas, haverá as sessões especiais, com exibição de longas-metragens fora de competição, todas no Theatro Carlos Gomes: Sessão Especial Petrobras, com exibição de “A Luneta do Tempo”, de Alceu Valença, na abertura do Festival; Sessão Especial BNDES (longa), com o filme “Trinta”, de Paulo Machline, com o homenageado Matheus Nachtergaele como protagonista; Sessão Especial Viradão Vitória, que acontecerá na madrugada de sábado (12/09) para domingo (13/09), dentro da programação do Viradão Vitória, com exibição de “O Animal Sonhado”, de Breno Baptista, Luciana Vieira, Rodrigo Fernandes, Samuel Brasileiro, Ticiana Augusto Lima e Victor Costa Lopes; Sessão Homenagem a Penna Filho, com a exibição do último filme do diretor, “Das Profundezas”; e Sessão Especial de Encerramento, com a projeção de “Teobaldo Morto, Romeu Exilado”, de Rodrigo de Oliveira, que tem coprodução da Galpão Produções. O Festival trará ainda para o público de Vitória o longa-metragem “Sangue Azul”, de Lírio Ferreira, em exibição de caráter especial, na segunda-feira (14/09), às 14h.

A maratona cinematográfica será encerrada na noite de 16 de setembro e incluirá a apresentação dos filmes vencedores das duas últimas edições do Concurso de Roteiro Capixaba – “Talvez Amanhã”, de Jeffe Pinheiro, vencedor em 2013, e “Intenso”, de Ricky Oliveira, autor do roteiro premiado no ano passado – e também o lançamento do curta “João”, de Carlos Augusto de Oliveira. Neste mesmo dia, ao final das exibições, serão anunciados os ganhadores do Troféu Vitória em mais de 20 categorias, escolhidos por um júri formado por profissionais da área cinematográfica e também pelo júri popular. São curadores do 22º Festival de Cinema de Vitória o professor universitário e pesquisador Erly Vieira Jr.; o diretor e crítico de cinema Rodrigo de Oliveira; e a programadora audiovisual Rosemeri Barbosa.

José Augusto Loureiro é um dos homenageados do festival (Foto: Divulgação)

José Augusto Loureiro é um dos homenageados do festival (Foto: Divulgação)

JANELA AMPLA PARA O CURTA-METRAGEM

No total, 16 curtas farão sua estreia no 22º Festival de Cinema de Vitória. Além disso, há produções que se destacaram internacionalmente, como os dois curtas exibidos em competições do Festival de Cannes: “Quintal”, de André Novais de Oliveira (Quinzena dos Realizadores 2015), e “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião (Quinzena dos Realizadores 2014), que recebeu o Prêmio de Melhor Curta-Metragem. “A Festa e os Cães”, de Leonardo Mouramateus, levou o prêmio de Melhor Curta-Metragem no 37º Cinéma du Réel, festival sediado em Paris, e o documentário “Dorsal”, de Carlos Segundo e Cristiano Barbosa, foi exibido no Visions du Réel 2015, tradicional festival suíço.

O filme “Eu Queria Ser Arrebatada, Amordaçada e, Nas Minhas Costas, Tatuada”, de Andy Malafaia, ficção protagonizada pela atriz capixaba Fabíola Buzim, também está entre os selecionados. A obra está na seleção oficial do Festival des Filmes du Monde Montreal 2015, no Canadá, e já conta com participação em mais de dez festivais estrangeiros. Também foram escolhidas para o 22º Festival de Cinema de Vitória as produções “A Copa do Mundo no Recife”, de Kleber Mendonça Filho, e “Nova Dubai”, de Gustavo Vinagre, que foram exibidas no 44º Festival Internacional de Rotterdam; e a ficção “Eu Não Digo Adeus, Digo Até Logo”, de Giuliana Monteiro, filme selecionado pelo 64º Festival Internacional de Berlim.

Entre os filmes capixabas, 20 curtas fazem parte da seleção, a exemplo dos novos trabalhos de Gabriel Perrone, André Ehrlich Lucas e Virgínia Jorge, cineastas que já participaram da mostra competitiva do Festival em outros anos, e da estreia na direção de Rubiane Maia, cujo curta-metragem “Evo” é o único capixaba selecionado para o Festival de Curtas de São Paulo, na mostra competitiva nacional.

Este ano, pela primeira vez Vitória vai oferecer o Prêmio Canal Brasil de Curtas, realizado nos maiores festivais de cinema do país (como Gramado, Brasília e Recife, entre outros) desde 1998, com o objetivo de incentivar a produção, a exibição e a divulgação de curtas-metragens nacionais. Para escolher o melhor filme em competição, o Canal Brasil reúne durante os festivais júris compostos por jornalistas e críticos de cinema. O vencedor é exibido na grade de programação do canal a cabo e recebe R$ 15 mil, além do Troféu Canal Brasil. Desde 2006, os ganhadores são classificados para o Grande Prêmio Canal Brasil de Curtas, no valor de R$ 50 mil reais. Ao longo de todos esses anos, o canal já distribuiu mais de R$ 1,3 milhão em prêmios para curtas-metragens.

MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL DE LONGAS

Caminhando para a sua 5ª edição, a Mostra Competitiva Nacional de Longas exibirá cinco filmes. Entre as obras selecionadas, está “Ela Volta na Quinta”, de André Novais Oliveira, filme mineiro que participou de diversos festivais, como 25th FID Marseille, Festival du Nouveau Cinema de Montreal, 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes, 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, IFFRotterdam, Ficunam e BAFICI, e ganhou prêmio de Melhor Filme pelo Panorama Coisa de Cinema e Semana dos Realizadores, entre outros.

Vindo de São Paulo, “Sinfonia da Necrópole”, de Juliana Rojas, também integra a competição. Esse filme participou de festivais dentro e fora do país, tais como IV Paulínia Film Festival, vencendo o prêmio de Melhor Trilha Sonora; 42º Festival de Cinema de Gramado, levando o prêmio de Melhor Longa-Metragem pelo Júri da Crítica; 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo; 29º Festival Internacional de Cine de Mar Del Plata (Argentina), com o prêmio de Melhor Filme da Competição Latino-americana da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica; 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes; 38º Göteborg Film Festival (Suécia); 20th Vilnius Film Festival (Lituânia); 33º Festival Cinematográfico Internacional del Uruguay (Uruguai), entre outros.

Na competição, o cinema de terror estará representado por “As Fábulas Negras”, de Rodrigo Aragão, Joel Caetano, Petter Baiestorf e José Mojica Marins, filme do Espírito Santo que já participou de festivais este ano, como 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes, Horrorant Film Fest (Grécia), Fantaspoa (Porto Alegre) e Nocturna (Espanha). Outra ficção da Mostra Nacional de Longas é “Nervos de Aço”, de Maurice Capovilla, do Rio de Janeiro, exibida na 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes e exibida no encerramento do 24º Cine Ceará. Único documentário em competição, “Mais do Que eu Possa Me Reconhecer”, de Allan Ribeiro, também do Rio, encerra a lista de longas-metragens selecionados. O filme participou da 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes, levando o prêmio de Melhor Filme da Mostra Aurora.

HOMENAGEADOS

O 22º Festival de Cinema de Vitória terá como homenageado nacional o ator Matheus Nachtergaele e, como homenageado local, o ator capixaba José Augusto Loureiro. Paulistano e nascido em 1969, Matheus Nachtergaele tem uma carreira reconhecida no teatro, cinema e televisão. No início da década de 1990, ele ganhou notoriedade por seu trabalho com a companhia Teatro da Vertigem, sob a direção de Antonio Araújo, destacando-se por sua atuação no espetáculo “Livro de Jó”. Em 1997, fez sua estreia no cinema em “O Que é Isso, Companheiro?” (1997), de Bruno Barreto, ao mesmo tempo em que aparece na televisão na série “A Comédia da Vida Privada”.

No ano seguinte, Nachtergaele foi escalado para interpretar o travesti Cintura Fina na minissérie global “Hilda Furacão”, o que lhe rendeu reconhecimento nacional que veio a ser consolidado com o personagem João Grilo, na minissérie transformada em filme “O Auto da Compadecida”, uma adaptação da obra de Ariano Suassuna. Paralelamente à trajetória na televisão, Matheus traçou um longo caminho no cinema, participando de mais de 30 filmes, entre os quais estão “Amarelo Manga” (2003), “Baixio das Bestas” (2007) e “Febre do Rato” (2011), de Cláudio Assis, “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles, “Cidade de Deus” (2002), de Fernando Meirelles, e “Trinta” (2014), filme dirigido por Paulo Machline e no qual o ator vive o papel do carnavalesco Joãosinho Trinta. Sua última participação no cinema foi no longa-metragem “Sangue Azul” (2014), de Lírio Ferreira. Como diretor, estreou no premiado “A Festa da Menina Morta” (2008).

José Augusto Loureiro é natural de Santa Tereza, município da região serrana do Espírito Santo, e tem 52 anos de carreira como ator, com participações em cerca de 70 trabalhos em teatro, cinema e televisão. Na telona, fez parte do elenco de filmes de curta e longas-metragens, entre eles, “Vagas Para Moça de Fino Trato” (1993) e “Policarpo Quaresma, O Herói do Brasil” (1998), ambos dirigidos por Paulo Thiago. No teatro, encenou a peça “Os Coveiros”, ao lado de Ednardo Pinheiro (in memoriam), que foi apresentada nos palcos capixabas por cerca de 13 anos. José Augusto foi o mantenedor do Teatro Galpão, espaço que funcionou entre 1991 e 2000 na Av. Nossa Senhora da Penha, Vitória, possibilitando a estreia e permanência em temporadas de espetáculos de grupos locais, nacionais e internacionais.

OUTRAS ATIVIDADES

Junto com as exibições, o 22º Festival de Cinema de Vitória ainda promove o 2º Concurso Nacional de Web Séries, que premiará quatro novos realizadores com uma imersão para desenvolvimento de web série ministrada pela equipe da TV Cocriativa. O evento ainda contará com oficinas de formação na área audiovisual, debates, lançamentos de publicações e encontros com pesquisadores de cinema, realizadores e o público em geral

SERVIÇO:

22º Festival de Cinema de Vitória

Data: de 11 a 16 de setembro
Quanto: entrada franca

Locais:

– Theatro Carlos Gomes – Centro – Vitória
– Cineclube Metrópolis – Ufes – Vitória
– Hotel Senac Ilha do Boi – Ilha do Boi – Vitória

PROGRAMAÇÃO COMPLETA NO SITE:

www.festivaldevitoria.com.br

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
NAN