Festival do Rio: ‘Baby’ é um dos melhores filmes da edição 2024

Bruno Oliveira

‘Baby’ é mais um filme da mostra Première Brasil: Competição Longa-Metragem Ficção. Não consegui ver todos os longas para comparar, mas já coloco esse como um dos favoritos do festival. Além de possuir uma história forte que mostra o crescimento do personagem central, ele já possui um currículo e tanto. Foi escolhido para participar da 63º Semana da Crítica do Festival de Cannes 2024 e saiu de lá com o Prêmio de Ator Revelação para Ricardo Teodoro (Notícias Populares), que faz Ronaldo aqui, e eu poderia chamá-lo de co-protagonista dessa história. Não existiria o personagem Baby sem ele.

Sinopse

Após ser liberado de um centro de detenção juvenil, Wellington se vê sozinho e perdido nas ruas de São Paulo, sem contato com seus pais e sem recursos para reconstruir sua vida. Durante uma visita a um cinema pornô, ele encontra Ronaldo, um homem mais velho, que lhe ensina novas formas de sobrevivência. Gradualmente, o relacionamento entre eles se transforma em uma paixão conflituosa, oscilando entre exploração e proteção, ciúmes e cumplicidade.

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O crescimento de um jovem no mundo cruel

Não acho que Baby seja um filme fácil de se ver, mas é certo que ele tem uma grande jornada. Não diria que chega a ser um estudo de personagem, mas acompanhamos o crescimento dele como um jovem que não possui absolutamente nada e não sabe quase nada das ruas se transformando em uma pessoa que aceita o seu lugar no mundo. Embora acabe de uma forma ordinária, notamos que o personagem está feliz consigo mesmo e que segue a sua vida de uma forma normal.

Toxicidades de um amor avassalador

Esse longa fala demais sobre o amor. O relacionamento de Baby (João Pedro Mariano) com Ronaldo é daqueles recheados de dramaticidade. O que começa como negócios descamba para um sentimento mais profundo e avassalador. Existe amor e carinho entre os dois, mas também é possível notar o controle e o ciúme se tornando cada vez maior. Erros são cometidos das duas partes que minam esse relacionamento para sempre. A toxicidade chega a exalar no ar e até nisso acredito que o filme soube terminar de forma brilhante. Algo que me deixou bem satisfeito. Nada fantasioso. Apenas o pé no chão e vida que segue.

Precisa do amor dos pais

O relacionamento de nosso protagonista com os pais também é outro ponto a se destacar. Ele fez algo ruim, pagou por isso e quando alcançou a liberdade descobriu que foi abandonado pelos pais. Essa busca se torna algo importante para Baby. É preciso achá-los para que sua vida tenha uma continuidade. Não importa se eles aceitam ele do jeito que é ou não. Para ele, esse encontro é imprescindível, precisa saber o porque do abandono e precisa do amor e entendimento desses entes queridos. Pelo menos pelo lado da mãe. O desfecho dessa parte é até rápida, mas também é satisfatória e entendível.

Conclusão

Escrevo antes de sair o resultado final, mas já ouso dizer que Baby pode ganhar alguns prêmios nesse Festival do Rio. Pode até parecer uma história comum que já vimos por aí, mas ele possui muita verdade no seu texto e na sua forma de compôr os personagens principais. Sinto que se dissesse que foi baseado em uma história real, teria credibilidade para isso e eu acreditaria piamente. Possui algumas cenas que podem incomodar o público médio e esse desconforto é proposital. A vida de Baby não é confortável e passar isso pra fora da tela se torna interessante. De fato, um bom filme.

Onde assistir ao filme Baby

O filme Baby faz parte da programação do Festival do Rio.

Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso que fala sobre Cultura Pop.

Elenco do filme Baby

João Pedro Mariano
Ricardo Teodoro
Ana Flavia Cavalcanti
Bruna Linzmeyer
Luiz Bertazzo
Marcelo Varzea
Patrick Coelho
Kyra Reis

Trailer – Baby

Ficha Técnica – Baby

Título original: Baby
Direção: Marcelo Caetano
Roteiro: Marcelo Caetano e Gabriel Domingues
Duração: 107 minutos
País: Brasil, França, Países Baixos
Gênero: Drama
Ano: 2024
Classificação: 16 anos

Bruno Oliveira

NAN