Festival do Rio | ‘Caminho da Vida’ é um filme contemplativo

Bruno Oliveira

Caminho da Vida esteve na mostra Expectativa do Festival do Rio. Essa mostra consiste em uma seleção de filmes mundiais mais recentes que chegariam por aqui normalmente com um bom tempo de atraso. Esse longa foi o escolhido pelo Nepal para representar o país na próxima edição do Oscar em 2025. Já participando em grandes festivais por aí, ele chega para nós e nos apresenta uma cultura nepalesa muito diferente da nossa. Através de muita contemplação e resiliência, o diretor Min Bahadur Bham (Nas Estradas do Nepal) nos mostra um apanhado de como é viver nesse local.

Sinopse

Em um vilarejo poliândrico do Himalaia, no Nepal, Pema (Thinley Lhamo), recém-casada e grávida, tenta aproveitar ao máximo sua nova vida, mas logo seu primeiro marido desaparece numa rota comercial após acreditar em boatos sobre Pema. Acompanhada por seu marido na prática, o monge Karma (Sonam Topdem), ela embarca em uma jornada pela natureza selvagem para encontrá-lo e acaba vivendo um processo de autodescoberta e libertação.

Costumes e cultura muito diferentes

Não conheço muito sobre o Nepal e muito menos sobre seus costumes, mas de cara algo me chamou muito a atenção. A vila onde se passa a história é poliândrica, um tipo de poligamia em que a mulher se casa com mais de um homem. Por regra isso acontece mais em casos de pobreza extrema e homens precisam reunir recursos para sustentar a esposa. Não é o caso aqui, Pema já é autossuficiente, ela não precisa de ninguém, mas se entrega ao casamento por amor e aos costumes.

Um boato põe tudo a perder

A história começa com Pema se casando com seus pretendentes. Quando ela fica preocupada com os estudos de Dawa (Karma Wangyal Gurung), seu marido mais novo que ainda é uma criança, logo surge um boato de que ela teve um caso com o professor do menino e está grávida desse professor. Para dizer ao seu marido (principal) que essa história é toda mentira, ela parte em uma jornada para encontrá-lo e desfazer todo o mal entendido. O genial disso tudo é que em nenhum momento ela fala se o filho é realmente desse marido ou fruto de um caso amoroso de uma noite. Conhecendo a personalidade de nossa protagonista sabemos a resposta. Antes só do que mal acompanhada.

Contemplativo de belo

A pérola desse longa é essa viagem. Ela é altamente contemplativa e possui uma fotografia belíssima. Observar a paisagem nepalesa é de uma riqueza enorme. É quase como um personagem que está ali apenas servindo de testemunha a tudo o que Pema está passando. Ela por outro lado, e por mais que seja difícil identificar, se mostra altamente feminista e firme com os seus valores. Vai fazer o que pode, e se não conseguir, ok, pelo menos tentou.

Conclusão

A minha indicação de Caminho da Vida fica para os amantes ferrenhos da Sétima Arte. Ele é longo, possuindo 150 minutos de duração, e sua autocontemplação pode dar uma cansada e uma sensação de que nada está acontecendo. Eu mesmo tive determinada dificuldade para completá-lo, mas em seu final me senti recompensado com tudo o que tinha acabado de ver. Uma leitura diferente de uma sociedade que é completamente diferente da nossa e que temos que assimilar rápido para não ficarmos presos em pormenores. Um belo filme, mas cansativo.

Onde assistir ao filme Caminho da Vida?

O filme Caminho da Vida foi exibido durante o Festival do Rio 2024.

Elenco de Caminho da Vida

Thinley Lhamo
Sonam Topden
Tenzin Dalha
Karma Wangyal Gurung
Karma Shakya

Trailer – Caminho da Vida

Ficha Técnica – Caminho da Vida

Título original: Shambhala
Direção: Min Bahadur Bham
Roteiro: Min Bahadur Bham, Abinash Bikram Shah
Duração: 150 minutos
País: Nepal, França, Noruega, Hong Kong, Turquia, Taiwan, Estados Unidos da América, Catar
Gênero: drama
Ano: 2024
Classificação: 12 anos

Bruno Oliveira

NAN