Festival do Rio | ‘Meu Lugar É Aqui’ retrata o conservadorismo na Segunda Guerra
Bruno Oliveira
Meu Lugar É Aqui esteve presente na mostra Expectativa no Festival do Rio. Dificilmente entra em cartaz em outro lugar em um pequeno espaço de tempo. Filmes dessa mostra tendem a nunca passar por aqui ou demorar bastante tempo até ser exibido comercialmente em nosso país. Uma pena, pois ele tem muito o que ser falado. Se as mulheres acham que seus direitos hoje são poucos, imagina há 100 anos. Mostrar o início da batalha por direitos junto com um país pós guerra conservador é o grande mote dessa história.
Sinopse
Marta (Ludovica Martino), uma mãe solteira prometida a um fazendeiro mais velho depois da Segunda Guerra Mundial, inicia uma amizade improvável com Lorenzo (Marco Leonardi), o cerimonialista assumidamente gay da região. No conservador e rural sul da Itália, Lorenzo apresenta Marta à comunidade secreta dos gays, o que a encoraja a desafiar os preconceitos sociais. Diante da nova realidade do primeiro ano do sufrágio feminino na Itália, Marta quebra barreiras e encontra seu lugar em um mundo que passa por transformações radicais.
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As mazelas de uma guerra
A guerra pode acabar com o sonho e a felicidade de qualquer um em segundos. Marta estava completamente apaixonada e vivendo um tórrido romance quando soube que seu grande amor lutaria na Segunda Guerra Mundial. A morte veio para o rapaz e com isso chegou a depressão de uma mulher que ficou esperando pela volta do seu grande amor. Agora com um filho e solteira, os pais precisam casar ela com alguém antes que comece a ser mal falada na região. Um casamento arranjado e nossa querida Marta não poderia estar mais triste e deprimida com os rumos de sua vida.
Escolhas para uma nova vida
Sua vida começa a fazer sentido quando um homem sem interesse físico por ela começa a mostrar as belezas da vida e a importância que ela pode ter no recomeço de um país despedaçado pela guerra. Ele mostra que existem escolhas além de ter que se casar com alguém. Com isso, ela deseja trabalhar e votar para conquistar seus direitos. Isso em uma Itália pós-guerra é o mesmo que ser excomungada e deserdada pela família. “Como assim minha filha quer trabalhar e votar? O mundo está perdido mesmo”. Se dependêssemos do conservadorismo turrão estaríamos parados no tempo sem nenhum prenúncio de progresso e mudanças.
O retrato de uma época conservadora
Além de mostrar essa luta pró mulheres nessa época, também vemos como os gays eram tratados e como eles estavam em uma linha abaixo disso tudo. Tendo que viver a margem da sociedade, eles viviam em um mundo escondido e de aparências perante todos os outros. Apesar do longa não ser sobre eles, mostrá-los nessas situações de marginalização e escória mostra como o mundo era nesse período e como evoluímos de lá para cá. Muita coisa ainda precisa ser mudada, mas conseguimos ver essa progressão no decorrer das décadas passadas.
Conclusão
Meu Lugar É Aqui não chega a ser um grande filme daqueles dignos de uma boa indicação. Sua história é simples e mundana, mas nos mostra um retrato de uma época amplamente conservadora. Notar que as coisas mudaram de lá para cá nos dá um certo alívio, mas também nos revolta por ver pessoas sendo tratadas como nada só por serem diferentes dos homens clássicos. Mesmo que muitos deles escondam sua verdadeira face por medo. Um bom filme.
Elenco do filme Meu Lugar É Aqui
Ludovica Martino
Marco Leonardi
Annamaria de Luca
Bianca Maria D’Amato
Giorgia Arena
Francesco Arico
Adele Bilotta
Trailer – Meu Lugar É Aqui
Ficha Técnica – Meu Lugar É Aqui
Título original: Il Mio Posto È Qui
Direção: Daniela Porto e Cristiano Bortone
Roteiro: Daniela Porto e Cristiano Bortone
Duração: 107 minutos
País: Itália, Alemanha
Gênero: drama
Ano: 2024
Classificação: 14 anos