Filippe Dias recomeça os ‘Dias’ sem turbulências
Wilson Spiler
Lançado nesta quinta-feira (23) em todas as plataformas digitais de música, Dias, primeiro álbum completo do guitarrista Filippe Dias, segue uma linha mais conceitual, tanto nas composições quanto na musicalidade, que circula pelo rock, blues, neo-soul, R&B, folk e MPB. Ao longo de 11 faixas autorais, com arranjos e direção musical do próprio artista, essas referências são inseridas conforme o desenvolvimento da narrativa.
No projeto, Filippe incorpora diferentes influências para enveredar por ambientes que antes não tinha explorado. O guitarrista transita entre o vintage, com sonoridade dos anos 60 e 70, e o moderno. Diferentemente do disco anterior, Dias dá amostras de que, no decorrer das músicas, está finalizando um ciclo para recomeçar outro, quando o músico dialoga mais com a música brasileira do que o blues e rock que permeavam por completo seu trabalho. As duas canções finais, “Singularidade” e “Barquinho”, refletem muito bem esse redirecionamento.
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Rock, blues, soul, MPB
O que não quer dizer que tanto o blues quanto o rock não apareçam no álbum. Muito pelo contrário. O início do disco parece uma extensão de seu EP anterior, Borderliner. “Don’t Bother Calling” tem toda a aura do rock n’ roll decantado por Dias. O ritmo segue sendo o norte do trabalho em “Don’t You Hear (Your Poor Lover Calling)” e “Brother, Brother”, que exploram sentimentos de rompimento, negação e luto. Canções que remetem desde guitarristas como Prince, Jimi Hendrix e Eric Clapton a até bandas como Pink Floyd e Led Zeppelin. Solos e arranjos que colocam o músico como um dos melhores de sua geração, sem dúvida.
Mas se você perceber alguma influência de Daniel Johns (de Diorama pra frente) ou até mesmo Radiohead, tenha certeza que “tem coisa” aí. “You Don’t Know How it Feels” é um exemplo da experimentação de Fillipe Dias faz com seu som, que já remete mais ao soul com um grande leque de efeitos e um vocal mais agudo.
Amadurecimento e recomeço
“Turn the Lights On”, “Give it Time”, “Stitching Up Love” dão prosseguimento à essa transição de som de Dias, assim como “We Went to the Moon”, que conversa diretamente com o folk/country, e “Decolagem”, que se utiliza de um belo piano, sem guitarra, suave, em uma espécie de amadurecimento de sua música sem turbulências.
“Singularidade” e “Barquinho”, citadas anteriormente, se conectam com uma beleza singular. A primeira faixa, a 10ª do disco, usa uma orquestra de 32 músicos toca os arranjos da música, cujo final se conecta com a próxima, que se encerra novamente com um piano solitário, simbolizando mais uma vez o fim e a perspectiva do novo.
Se o objetivo de Filippe Dias era que, ao escutar o álbum Dias, o ouvinte tenha a sensação de percurso, saindo do ponto inicial até a chegada para o recomeço de outra história, ele foi cumprido com maestria. Todo a trajetória do disco perpassa por estágios diferentes até um novo recomeço. Afinal, o fim só há de chegar quando quisermos. Então aperta o play que vale a ouvida.
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