Cinco filmes para refletir sobre racismo

Fábio

Antes de mais nada, neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, acordamos com a triste notícia de um homem negro espancado até a morte por seguranças do supermercado Carrefour. Para muitos, pode parecer coincidência. Mas, na verdade, é mais um reflexo de como nossa sociedade é racista. Por isso que sempre é relevante que obras cinematográficas levante essa questão para fazer com que a humanidade reflita sobre o que acontece há séculos com a comunidade negra e trabalhe para acabar com o racismo. Por isso, o Ultraverso seleciona cinco filmes que servem de reflexão e conscientização para esta data.

Fruitvale Station: A Última Parada

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Primeiro trabalho da parceria entre o diretor Ryan Coogler e o ator Michael B. Jordan (que repetiram a dobradinha em Creed e Pantera Negra) é, antes de mais nada, um soco no estômago. Baseado numa história real, o filme mostra a vida de Oscar (Jordan), um jovem carismático, bem como muito próximo da família. Mas por ter se envolvido em problemas com a lei, passou um tempo na prisão. Agora, sem emprego e sem dinheiro, ele tenta se reerguer para sustentar a namorada e a filha deles. Contudo, sua situação piora quando ela apenas resolve ir com a namorada ver as festividades de ano novo em San Francisco. Racismo, intolerância, assim como violência policial e todo o tipo de preconceito que, infelizmente, assola a comunidade preta.
Onde assistir? Globoplay

Estrelas Além do Tempo

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Durante a corrida espacial, três matemáticas negras Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe) tentam se auto afirmar ao mesmo tempo dentro da NASA, ainda muito racista e sexista. Enquanto lidam com o chefe (Kevin Costner) e o funcionário Paul (Jim Parsons), que tenta sabotá-las. Além de ter que provar capacidade dentro de uma sociedade machista, elas ainda precisam enfrentar, nesse ínterim, o racismo, em uma época  terrível onde ainda não podiam dividir o mesmo banheiro ou até mesmo a mesma garrafa de café com os brancos. E isso dentro da NASA. Baseado em uma história real, o longa foi indicado a três Oscars, incluindo o de Melhor Filme.
Onde assistir? Telecine Play

Corra

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Comediante talentoso, Jordan Peel prova logo em sua estreia que é um diretor e roteirista brilhante. Usando o terror como pano de fundo, ele usa todo seu talento para dissecar o racismo nos Estados Unidos com maestria. No filme, Chris (Daniel Kaluuya), um jovem negro, se prepara para conhecer os pais de sua namorada branca. Ao chegar na casa, a princípio tudo parece normal Aos poucos, percebe que há algo estranho por trás do perfil acolhedor e liberal da família Armitage. Por fim, quando os parentes de sua namorada aparecem para a reunião anual, ele acaba descobrindo a verdade assustadora que o aguarda. Vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original.
Onde assistir? Telecine Play

Os Donos da Rua

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No final do anos 80 o gangsta rap explodiu. E com ele a voz dos jovens negros da periferia de Los Angeles ganhou o mundo e milhares de adeptos ao estilo musical verborrágico, agressivo, intransigente, fruto de anos de repressão e racismo sofrido pelos moradores de um dos lugares mais racistas do mundo. Os Donos da Rua, clássico dirigido por John Singleton (que infelizmente nos deixou cedo, em 2019, aos 51 anos de idade) explora bem dessa forma esse cotidiano cruel dos jovens pretos da periferia da Costa Oeste. A história de passa em 1984, em South Central, bairro pobre e de maioria negra de Los Angeles.

Reva Devereaux (Angela Bassett), mãe de Tre Styles (Cuba Gooding Jr.), conclui que não tem condições de criar o filho rebelde, mas inteligente e decide entregá-lo aos cuidados do pai, Furious Styles (Laurence Fishburne). Mesmo com a violência, pobreza e racismo ao redor, ele consegue passar os valores éticos e morais ao filho. Sete anos depois, Tre, Ricky Baker (Morris Chestnut) e Doughboy (Ice Cube) se tornam grandes amigos, com perfis diferentes, objetivos diferentes, mas cada um dos três vai sentir na pele o racismo estrutural e a violência da autoridade branca que julga, sentencia e condena olhando apenas a cor da pele.
Onde assistir? Netflix

Faça a Coisa Certa

Por fim, um dos maiores filmes de todos os tempos e o melhor trabalho do genial Spike Lee. Filme que marca a sua luta permanente contra o racismo em todas as suas esferas, bem como o que o ajudou a se tornar um dos diretores mais influentes da história do cinema. Esse clássico importantíssimo tem como de fundo uma história aparentemente banal.

Na Pizzaria do Sal, localizada em Brooklyn, onde a maioria da população é preta, a parede de personagens famosas é marcada por ícones ítalo-americanos, mesma etnia do proprietário interpretado pelo saudoso Danny Aiello. Em uma tarde quentíssima de verão, a temperatura começa a subir ainda mais quando o jovem ativista Buggin’ Out (Giancarlo Esposito) pede ao dono do lugar que a parede tenha ídolos negros e ele nega. Ao iniciar um boicote ao lugar, uma série de incidentes acontecem em efeito dominó nesse ínterim, desencadeando uma onda de violência, intolerância, preconceito e brutalidade policial que, infelizmente, descarrega toda a sua fúria contra a comunidade preta. Em outras palavras, um filme que infelizmente é cada vez mais atual.
Onde assistir? Telecine Play

Fábio

Santista de Nascimento, flamenguista de coração, paulistano por opção. Jornalista, assessor de imprensa viciado em cinema, série, HQ, música, games e cultura em geral.
NAN