Fúrias Femininas crítica do filme da Netflix 2023

Foto: Netflix / Divulgação

‘Fúrias Femininas’: cores, porrada e clichês

Wilson Spiler

Cores são uma forma poderosa de chamar a atenção para alguma coisa quando pensamos em marketing. Não à toa, há todo um estudo aprofundado para definir qual será a coloração de um logotipo ou logomarca de uma empresa. No cinema, obviamente, isso funciona de forma similar.

Zack Snyder, por exemplo, é um que sabe muito bem se aproveitar dos filtros para demarcar uma assinatura cinematográfica, ainda que isso demande muitas críticas pelo exagero do diretor. Quentin Tarantino também se aproveita bem desse recurso, de forma bem mais inteligente e que funciona mais adequadamente com a história que pretende contar.

Leia também:

‘Sombras de um Crime’ e do esquecimento

Demon Slayer no cinema: data, ingressos e preços

‘Waltair Veerayya’ é tão absurdo que diverte muito

O despertar da atenção

Fiz todo esse preâmbulo para explicar porque Fúrias Femininas (Furies), novo filme vietnamita que acaba de estrear na Netflix, deve chamar a atenção de muitos assinantes do serviço: as cores.

O uso de uma coloração neon, sob uma fotografia escura, gera belos contrastes para nossos olhos e, consequentemente, chama a atenção para aquele produto – no caso, um longa-metragem. E é esse recurso muito bem utilizado pela diretora Veronica Ngo (que também escreve e atua no filme) que desperta a curiosidade inicial do espectador.

Boas cenas de ação, mas…

Mas Fúrias Femininas vai além apenas de uma estética criativa. As cenas de ação também são muito bem coreografadas e as câmeras sabem igualmente o que fazer nesses momentos.

O filme, em diversos momentos, me remeteu até a “O Homem Com Punhos de Ferro” (2012), que também abusa da violência, das coreografias e das cores, mas se esquece de um detalhe tão importante quanto: um bom roteiro.

É nesse sentido que Fúrias Femininas falha. Para quem não sabe, o lançamento da Netflix é uma prequel de “Fúria Feminina” (2019), que também está no catálogo do streaming. Aqui, uma mulher misteriosa treina um trio de garotas para se vingar de uma gangue criminosa que abusa de mulheres e controla as ruas de Saingon na década de 1990.

A tal mulher misteriosa é Jacqueline (Ngô Thanh Vân / Veronica Ngo), que, para quem viu o filme original, já sabe de quem se trata. Quem não acompanhou como eu, tem uma leve surpresa com o plot twist na trama, embora o quebra-cabeças começa a se desenrolar durante a projeção.

Mais do mesmo

O filme tem um ótimo – e pesado – início, com cenas brutais de violência (sexual e física), mas vai se perdendo com alguns clichês que já acompanhamos há séculos em filmes de ação. A ‘luta final’, então, é tão previsível que chega a fazer revirar os olhos, assim como a resolução do problema e, claro, a ideia de uma continuação que já existe.

A ideia de um grupo de vingança feminina é interessante, mas longe de ser nova. A falta também de um aprofundamento nessa luta feminista, bem  como a própria reviravolta que faz o propósito ir por água abaixo, tornam  o longa um verdadeiro desperdício.

Tivesse um capricho maior na hora de escrever o texto, Fúrias Femininas seria um belíssimo filme de ação. Mas nem só de porrada, cores e fotografia se vive uma obra cinematográfica. Se os olhos se encantam, a mente, por sua vez, fica bastante cansada.

Onde assistir ao filme Fúrias Femininas?

A saber, Fúrias Femininas estreou nesta quinta-feira, 23 de março de 2023, no catálogo da Netflix.

Aliás, está de olho em algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.

Não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do ULTRAVERSO:

https://app.orelo.cc/uA26

https://spoti.fi/3t8giu7

Trailer do filme Fúrias Femininas, da Netflix

Fúrias Femininas (Netflix): elenco do filme

Dong Anh Quynh

Toc Tien

Thuan Nguyen

Ficha Técnica do filme Fúrias Femininas (Netflix)

Título original do filme: Furies

Direção: Veronica Ngo

Roteiro: Nha Uyen Ly Nguyen, Veronica Ngo, Nguyen Truong Nhan

Duração: 100 minutos

País: Vietnã

Gênero: ação, policial

Ano: 2022

Classificação: 18 anos

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
0

Créditos Galáticos: