Primeiro filme nigeriano do Prime Video, ‘Gangues de Lagos’ é brutal e previsível
Leonardo Duarte
Com o avanço da popularidade dos streamings ao redor do mundo, é evidente que tenhamos cada vez mais filmes de países diversos ao nosso alcance. Hoje em dia, de forma bastante positiva, filmes de múltiplas nacionalidades estão ao alcance de um clique. Produções da China, Dinamarca, Grécia, Iraque e, no caso do longa-metragem que será abordado aqui, Nigéria.
Primeiro filme nigeriano do Prime Video, ‘Gangues de Lagos’ é dirigido por Jadesola Osiberu. Ele conta a história de três amigos que moram em Lagos, Nigéria. Após crescerem na pobreza, eles acabam entrando para as gangues que refletem o mundo do crime da cidade.
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Grande parte do filme decorre sobre as ações e feitos das gangues que, segundo os olhos da diretora, controlam a cidade quase que por completo. Exceção da polícia, que é claramente vista como a inimiga – até mais do que as gangues rivais. Para isso, a obra não economiza na violência.
A brutalidade presente na trama é um dos dois pontos mais marcantes de Gangues de Lagos, tendo no sangue um dos principais elementos do filme. Não só compostas de desmedidas quantias de sangue, as cenas também não se contêm em cenas de violência explícita. Elas apresentamcenas de tortura, desmembramentos e assassinato com bastante confiança, quase como se estivesse suplicando para que o espectador se choque durante tais sequências.
Poderosa ambientação
Ainda assim, é inegável que Gangues de Lagos possua uma poderosa ambientação. Ele consegue colocar o espectador em uma populosa e sufocante cidade. Isso nos faz sentir um desconforto ao longo de cada viela e corredor explorados, quase como uma terra desolada, já perdida para o crime. Com ótimas atuações de seu elenco, o público é convidado a humanizar cada personagem e entender seu papel de como suas vidas chegaram àquele ponto. Fazendo, assim, com que – vez ou outra – tenhamos empatia pelos protagonistas.
Se por um lado, tal exagero proposital de caos e violência possa aumentar um estereótipo preconceito de países africanos para com o resto do mundo; por outro, o filme tem a boa intenção de mostrar que há boas pessoas se esforçando para acabar com tamanha corrupção e desserviço político no país. Tal intenção, no entando, não é o bastante. Afinal, ainda que esteja presente, pouco se aborda a esperança para com a cidade. Sem contar aqueles que tentam combater a corrupção têm pouco espaço nos 124 minutos de filme. É, em suma, quase como se eles não estivessem ali, ou não fossem importantes.
Intenso e burocrático
Ainda que com boas atuações e ideias, Gangues de Lagos deixa a desejar, sendo uma obra extremamente previsível e, em alguns momentos, exageradamente brutal. Para quem já consumiu diferentes obras do gênero, é de acentuada facilidade perceber o que vai acontecer ao longo da trama, inclusive suas tentativas de reviravoltas. Sendo confusa com relação à mensagem que quer passar, Gangues de Lagos pode ser uma obra intensa e – em partes – emocionante, mas falha sendo mais um reforço ao estereótipo do que uma visão construtiva sobre o tema.
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Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:
Trailer – ‘Gangues de Lagos’
Ficha Técnica
Título original: Gangs of Lagos
Direção: Jadesola Osiberu
Roteiro: Kay I. Jegede, Jadesola Osiberu
Elenco: Tobi Bakre, Olarotimi Fakunle, Adesua Etomi-Wellington
Duração: 124 minutos
Onde assistir: Prime Video
Data de estreia: 07 de abril
Ano: 2023
País: Nigéria
Gênero: Policial, Suspense
Classificação: 18 anos