Comece 2021 com a leveza de O Casamento de Muriel
Fábio
Antes de mais nada, é interessante ver como o diretor P. J. Hogan conseguiu fazer dois filmes completamente diferentes usando a temática do matrimônio. A saber, O Casamento do Meu Melhor Amigo (My Best Friend’s Wedding, 1997), um filme mais tradicional, ancorado no talento e beleza de Julia Roberts, porém é daquelas românticas que seguem uma cartilha básica. Ao contrário do seu primeiro filme, O Casamento de Muriel (Muriel’s Wedding, 1994) que desconstrói um gênero e torna-se, assim, uma pérola desse estilo que, a saber, revelou também uma grande atriz: Toni Collette
Sinopse
Muriel (Toni Collete) é, antes de mais nada, uma jovem totalmente fora do padrão vigente da sociedade da época. Seja estético; com roupas extravagantes e excesso de peso, seja social, com amigas patricinhas que a rejeitam pelo seu estereótipo; bem como pelo seu gosto musical peculiar, porém adorável: fã da maravilhosa banda sueca ABBA. Ela, como toda jovem da pequena cidade australiana de Porpoise Spit tem um único objetivo: casar e, assim, mudar de vida.
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Família
Mudar de vida é, acima de tudo, um objetivo mais do que necessário para Muriel. É vital. Afinal de contas, se a ‘gordinha extravagante’ é tida como estranha por suas amigas, sua família é um verdadeiro show de horrores. O sistema patriarcal é o mais radical possível e o ambiente extremamente machista. O pai, um político da pior espécie que trata a mãe inocente como se ela fosse uma idiota e os filhos inúteis de maneira execrável. Em suma, a fuga de Muriel dessa horrível situação é se trancar no quarto e ouvir clássicos do ABBA o dia inteiro.
Desconstrução do gênero
É justamente graças a inocência da mãe que Muriel consegue um atalho para começar a mudar de vida e, enfim, conseguir realizar o sonho de se casar. Ela aplica um golpe, pega o dinheiro para fazer uma ‘surpresa’ e viajar para onde as amigas que a excluíram viajaram e, contudo é novamente, excluída, reencontra uma amiga de colégio que mudará a sua vida.
Rhonda (Rachel Griffiths) leva a vida que Muriel gostaria de ter (exceto pelo fato de ser solteira). Independente, divertida, alegre, descompromissada, que não aceita desaforo de ninguém e, assim como Muriel, adora ABBA. Ou seja, ao invés do casamento, ela encontra uma parceira para vida.
Protagonismo feminino
A amizade com Rachel faz com que a tímida e esquisita Muriel se transforme imediatamente em uma linda, confiante, bem como desbravadora mulher. E o momento dessa mudança é registrado de maneira belíssima. Em um karaokê, fantasiadas como as vocalistas do ABBA Agnetha e Anni-Frid, Muriel canta ‘Waterloo’ timidamente e, aos poucos, vai se soltando junto com Rachel, até desabrochar de vez e começar a brilhar sozinha. Em outras palavras, uma cena maravilhosa.
Amadurecimento
Com a sua independência e descobrimento, vem também nesse ínterim as cobranças da vida adulta. Muriel (agora Mariel) começa a conhecer as dores de se arriscar, bem como se aventurar e, novamente, vem o desejo de se casar para completar a sua ‘transformação’.
O ponto crucial dessa transformação é a doença que Rachel acaba contraindo, aumentando as experiência negativas da protagonista, fazendo com que ela questione a sua nova vida e, assim, aumentando novamente o seu sonho matrimonial.
O Casamento de Muriel
Sonho que, de maneira torta, acaba enfim se realizando. Muriel consegue, enfim, se casar, mas, ao mesmo tempo, terá que se afastar de Rhonda e, consequentemente, de tudo aquilo que conquistou. O sonho acaba virando nesse meio tempo um pesadelo quando algo inesperado abala profundamente sua família e Muriel precisa novamente mudar o curso de sua rota.
Por fim, apesar de alguns temas tristes, tudo é conduzido por P. J. Hogan com muita sensibilidade. E a atuação de Collette é sublime, bem como já dava sinais da grande atriz que ela seria no futuro. Se você quer começar o ano com um filme que te faça feliz e estampe um belo sorriso no seu rosto, não deixe de comparecer ao Casamento de Muriel.
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Ficha técnica
Título original: Muriel’s Wedding
Direção e roteiro: P.J. Hogan
Elenco: Toni Collette, Rachel Griffiths, Bill Hunter, Roz Hammond, Jeanie Drynan, Ban Wyllie, Gabby Millgate, Matt Day, Chris Haywood
Distribuição: Miramax
Onde assistir: Petra Belas Artes
Data de estreia: 29/09/94
País: Austrália
Gênero: comédia, drama
Ano de produção: 1994
Duração: 116 minutos
Classificação: livre