Leia a nossa resenha do show da banda Ghost, no Brasil

Calor intenso no Espaço Unimed não atrapalha a experiência. Foto: Divulgação / Creative Commons

Ghost realiza show empolgante em seu retorno ao Brasil

Bruno Oliveira

A data era 19 de setembro de 2013, Rock In Rio, Rio de Janeiro. Eu estava nesse dia. Entre um show e outro acabei parando para ver o show do Ghost, do qual, na época, não conhecia nada. Lembro de ter visto um bom show, mas que foi recebido de forma fria pelo público e claramente escalado no palco e na hora errada. Apesar disso, lembro de ter achado minimamente curioso o conceito da Missa e que era uma banda que teria futuro.

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Dez anos se passaram e em 21 de setembro de 2023 as coisas estavam bem diferentes. A banda cresceu demais e conseguiu fechar dois dias de show completamente esgotados. Eu era um desses fãs que comprei imediatamente o ingresso, já sabendo que iriam acabar rápido. Um fenômeno atípico para bandas de rock e metal que geralmente é possível comprar o ingresso no mesmo dia do espetáculo. Será graças a viralização da música ‘Mary on a Cross’ no Tik Tok ou será porque a banda realmente cresceu? Talvez os dois juntos tenham criado esse combo de popularidade. O importante é que eu estava lá para esse dia histórico.

Crypta

A banda nacional de death metal formada apenas por integrantes femininas, Crypta, foi a responsável por abrir os trabalhos nessa noite e dar aquela esquentada no público. Lembrando que no dia anterior (20/09), elas deveriam tocar também, mas tiveram sua apresentação cancelada devido a um problema logístico. O equipamento do show do Ghost chegou atrasado ao lugar e tiveram que usar o tempo que seria delas para poder preparar o palco para a grande missa.

Elas subiram ao palco por volta de 19h40 e quebraram tudo. Horrorizou quem não conhecia o som pesado que elas fazem e agitou os já familiarizados com o som. Esse foi o primeiro show da turnê que marca o lançamento do álbum ‘Shades of Sorrow’, de 2023. Em uma apresentação de pouco mais de 40 minutos, o quarteto tocou 9 músicas, entre elas as já hits ‘Lord of Ruin’ e ‘From the Ashes’. Vale lembrar que a escolha delas para abrir para o Ghost pode ter sido uma escolha a dedo de Tobias Forge (o próprio Ghost), pois, recentemente ele se mostrou um grande fã da banda.

Ghost

Às 20h45 os primeiros sons eruditos semelhantes a uma missa começaram a ser entoados no Espaço Unimed. Eles se prolongaram exatamente até as 21h em ponto. Esse é o momento em que começamos a ouvir os primeiros acordes de ‘Kaisarion’. Não demora muito e aquele lençol branco gigante cai e nos dá o prazer de ver toda a banda Ghost em seu esplendor. Tobias Forge é um ótimo frontman e seus nameless ghoul, mesmo sem suas identidades, conseguem nos prover muito material para fotos e se fazem notar enquanto os acordes dos maiores clássicos da banda são proferidos pela casa de show.

Se ‘Kaisarion’ começa o show e faz todo mundo agitar, a música seguinte ‘Rats’ é uma excelente segunda música que faz o Espaço Unimed inteiro pular o mais alto possível em sincronia. Depois dessa, se segue um monte de hits como ‘From the Pinnacle to the Pit’, ‘Spillways’ (nova, mas já clássica), ‘Cirice’, Absolution’, ‘Ritual’, ‘Call Me Little Sunshine’.

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Ghost voltou ao Brasil para satisfação de muitos fãs. Foto: Reprodução

O show

‘Con Clavi Con Dio’ começa e me dá uma das maiores sensações de que estou vendo algo realmente satânico. Essa música é excelente demais e ver a performance dos músicos no palco nos causa um certo arrepio a respeito do que estamos realmente vendo. O show segue com ‘Watcher in the Sky’, e logo depois começa ‘Year Zero’, essa cantada a plenos pulmões, pois já é famosa por citar nomes diferentes sobre demônios e pelo clássico meme dos gatinhos (maravilhoso).

Seguimos com ‘He Is’ e ‘Miasma’, essa que me deu um dos maiores momentos do show por trazer o Papa Nihil para um solo catártico de sax no final da música, que momento. Depois começa ‘Mary on a Cross’, que todos também cantam a plenos pulmões, seguida por ‘Mummy Dust’ e ‘Respite on the Spitafields’ que encerra o show. Particularmente, achei essa a pior escolha para um encerramento, mas fez sentido com o conceito do show e acabou sendo bem satisfatória.

Bis

Todo show que se preza possui um bis e esse aqui não poderia ser diferente. Se estava tudo muito bom antes disso, essas três últimas músicas chegaram para colocar o lugar abaixo. ‘Kiss the Go-Goat’, ‘Dance Macabre’, minha música favorita deles, e ‘Square Hammer’ fizeram o mais cético fã sair de lá com um sorriso no rosto e com o desejo de querer mais um show deles em breve. Final perfeito para um dia que vai ficar na minha memória por muito tempo.

Pontos negativos

Os pontos negativos, para mim, ficam por conta da casa. O calor estava insuportável em um nível de eu ver pessoas passarem mal e também, pelo palco ser muito baixo, assim quem ficou na pista comum, como eu, teve que se esforçar para ver algo. Ou ficava com raiva, ou deixava para lá e curtia show do jeito que dava. Esses problemas não chegaram a ofuscar o brilho de Tobias Forge e sua trupe, mas fica como registro de que poderia ter sido ainda melhor.

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Setlist Crypta

Lift the Blindfold

Stronghold

The Outsider

Lullaby for the Forsaken

Poisonous Apathy

Under the Black Wings

The Other Side of Anger

Lord of Ruins

From the Ashes

Setlist Ghost

Kaisarion

Rats

From the Pinnacle to the Pit

Spillways

Cirice

Absolution

Ritual

Call Me Little Sunshine

Con Clave Con Dio

Watcher in the Sky

Year Zero

He Is

Miasma

Mary on a Cross

Mummy Dust

Respite on the Spitafields

Encore

Kiss the Go-Goat

Dance Macabre

Square Hammer

Bruno Oliveira

NAN