Gloria Estefan fala sobre a polêmica envolvendo o reconhecimento de mulheres no GRAMMY
Bruno Cavalcante
A cantora Gloria Estefan, três vezes vencedora do Grammy e 12 vezes indicada, deu a sua opinião em relação às controvérsias em torno das grandes categorias do Grammy Awards, que não reconhecem mulheres artistas, especialmente mulheres negras. Estefan espera que haja um caminho para a premiação, que irá ao ar no próximo domingo (10) pela emissora CBS.
CONHEÇA OS INDICADOS AO GRAMMY AWARDS 2019
Em entrevista à Television Critics Association, a Rainha do Pop Latino reconheceu os problemas dentro da Academia de Gravação, o órgão responsável pela votação dos prêmios.
“Você sabe, os eleitores do Grammy, a grande maioria são homens”, disse ela. “Porque as mulheres não têm realmente estado na indústria nos números que os homens têm? De fato, quando entrei para a banda nos anos 80, haviam poucos cantores que eram mulheres.”
A Academia do Grammy diz que concentrou esforços no último ano para diversificar seu corpo votante com cerca de 12.000 pessoas: alcançar mulheres e pessoas de cor especificamente para se tornarem novos membros e exigir que membros antigos se requalifiquem com base em trabalhos recentes.
Além disso, as quatro categorias principais (álbum, disco e música do ano, bem como artista revelação) foram recentemente expandidas de cinco para oito candidatos, abrindo espaço para uma gama mais ampla de artistas e gêneros a serem reconhecidos.
As frustrações com o reconhecimento de artistas negros e latinos faziam parte do motivo pelo qual o marido de Gloria, o produtor Emilio Estefan, ajudou a iniciar o Grammy Latino no ano 2000.
“Como quando Emilio começou o Grammy Latino com Mike Green, foi por isso que ele fez isso”, disse Estefan, “porque toda a música latina recebeu apenas cinco prêmios. E isso é impossível porque existem muitos gêneros”.
EMILIO E GLORIA ESTEFAN IRÃO FINANCIAR BOLSA DE ESTUDOS DE ALUNO NA BERKLEE COLLEGE OF MUSIC
A cantora também apontou as iniciativas no cinema e na televisão, como o Time’s Up, que trabalha para corrigir as desigualdades sistêmicas na indústria, e que poderiam ser replicadas no mundo da música.
“Então, como estamos vendo mulheres se apoiando, talvez existam iniciativas que podemos fazer, e eu sei que elas estão vindo tanto no cinema quanto na televisão”, disse Gloria. “Talvez devêssemos fazer a mesma coisa com a música, e de alguma forma começar a alimentar e capacitar as mulheres mais jovens nos negócios. Há muitas delas, acredite em mim. Existem artistas ótimos.”
Estefan tem certeza de que, eventualmente, “essas iniciativas irão acontecer”.
“Eu acho que quanto mais mulheres se tornarem escritores e artistas, isso vai ajudar porque elas se tornarão membros votantes … Então, talvez nós mulheres possamos nos unir e dar uma mão para outras artistas que estão chegando.”