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Leia a crítica do filme Godzilla Minus One - Ultraverso

Godzilla Minus One é quase uma versão definitiva do personagem

Bruno Oliveira

A verdade é uma só: ninguém entende o nosso eterno monstro Godzilla da mesma maneira que os japoneses. O Ocidente até faz filmes grandiosos com o personagem, mas se tornam apenas blockbusters de destruição sem um impacto emocional entre obra e público. Os japoneses tratam de forma diferente, eles o veem mais como uma entidade que está fadada a sempre aniquilar o país. Um Deus enraivecido que faz com que os próprios japoneses se sintam culpados por existirem. A união entre o povo japonês para lidar com tal ameaça é a grande proposta de Godzilla Minus One. Alegorias podem e devem ser usadas nesse contexto. O importante é mostrar a perseverança e resiliência do povo japonês.

Godzilla odeia o Japão

O primeiro Godzilla (Gojira) data de 1954, e desde então, ele sempre ataca o Japão. Pela primeira vez a abordagem da 2º Guerra Mundial é usada e faz todo o sentido. Usar um país massacrado e sofrido pela guerra é um ótimo pano de fundo para essa história. Godzilla Minus One é como se fosse uma nova releitura do monstro e parece fazer muito mais sentido do que antes. O nosso famoso ‘Gojira’ já existe nesse mundo, em tamanho como o de um dinossauro, cresceu e se tornou poderoso graças a armas nucleares. Ninguém sabe qual o problema dele com o Japão, mas isso é um assunto para se aprofundar mais em outro texto.

Em cartaz nos cinemas – Foto: Divulgação / Sato Company

A perseverança do povo japonês

Como um país devastado pela guerra irá lidar com uma presença gigantesca da natureza, e que até então é vil e que simplesmente não se importa com as vidas que vai destroçando pelo caminho? Apenas com a força de vontade e com a coragem e a perseverança de todos. O interessante é que o exército japonês não faz parte da incursão final, apenas os cidadãos japoneses. Os civis é que vão estar no comando dessa missão quase suicida. Eu sinto o tom de todo o longa como se os japoneses fossem culpados por tudo. Um sentimento de “mea culpa” sobe e eles precisam por si só resolver esse problema. São muitas camadas que não vou conseguir comentar todas, infelizmente.

A culpa que paira no ar

Essa culpa primordial é representada pelo próprio protagonista. Ele era um piloto kamikaze e se acovardou em dois momentos durante a guerra: a primeira, por dizer que seu avião estava com problema, sendo que não estava, e a segunda, ao não tentar deter o Godzilla em sua primeira aparição. Fato esse que resultou na morte de todos na ilha onde estava. A guerra acabou, mas a culpa domina ele por completo e isso faz com que a redenção seja o próximo passo. Conseguimos entender suas motivações e por isso ele se torna um herói crível e completamente humano. A melhor antítese para derrotar um ser quase onipresente, quase parecido com um Deus.

O filme é dirigido por Takashi Yamazaki – Foto: Divulgação / Sato Company

Takashi Yamazaki

Devemos demais a Takashi Yamazaki (Stand by Me Doraemon) que fez quase tudo aqui sozinho. Ele dirigiu, roteirizou e foi o responsável pelos efeitos visuais que estão simplesmente incríveis. As cenas de ação são muito boas e o monstro nos dá um medo surreal. O seu grito junto com o sopro radioativo realmente ficam marcados e ver a destruição que ele causa em Tóquio, realmente nos deixa de queixo caído com tamanho horror e com tamanha beleza artística em estado bruto na tela.

Conclusão

Godzilla Minus One vem ganhando várias notas máximas por aí. Não é o meu caso. Apesar dele ser bom em vários aspectos, não o achei perfeito. De alguma forma que não consigo explicar agora, me pareceu que faltou algo. Embora ele tenha corrido certinho, junto com uma boa direção e um bom roteiro, senti falta de algo. Pode ser um preciosismo da minha parte por ter visto a empolgação da imprensa no geral. Fato é que essa obra se torna quase uma versão definitiva do personagem e é perfeita para apresentar para as pessoas novas entenderem o que é Godzilla de verdade.

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