‘Gran Turismo 7’ eleva a franquia a um novo patamar
Felipe de Andrade
A série de jogos de corrida Gran Turismo está entre as maiores franquias da história da família PlayStation. Completando seus 25 anos de existência, a saga que utiliza com perfeição o subtítulo “The Real Driving Simulator”, soma números incríveis de vendas. Isso mostra sua importância no mercado de games com seus mais de 85 milhões de unidades vendidas. Seus números superam as vendas de outras pratas da casa, como as franquias exclusivas de retumbantes sucessos da Sony, God of War e Uncharted.
- ‘Multiversus’ traz um jogo sólido e divertido para todos os jogadores
- ‘Submerged: Hidden Depths’ é um game divertido, porém esquecível
- ‘Bright Memory: Infinite’ é extremamente curto e não justifica o preço
O peso do sétimo título da franquia
Gran Turismo 7 carrega o fardo de ser o melhor simulador de corrida da atualidade. Além disso, consegue executar esse protagonismo com louvor, assim como a maioria dos seus antecessores em suas épocas. Ser o oitavo jogo da franquia principal, se incluirmos Gran Turismo Sport na contagem, deveria mostrar algum cansaço por parte da fórmula mágica desenvolvida pela Polyphony Digital anos atrás, desde o seu primeiro lançamento no saudoso PSOne. Mas, felizmente, não é o que acontece aqui. E, em suma, isso é muito bom para os fãs de longa data da franquia.
O trabalho primoroso feito pelo estúdio fica claro logo quando começamos a jogar. O seu amor e respeito pela série, assim como pela história do automobilismo, transparecem já na abertura deslumbrante. Ela traz imagens dos primórdios do desenvolvimento de veículos com quatro rodas, associadas a fatos históricos que ajudam a ter uma ideia de evolução da linha de produção até os dias de hoje. São desings de montagens completamente manuais e de fábricas totalmente automatizadas, além dos incríveis carros de corrida retratados de forma fiel dentro do jogo.
Mais de 400 carros
Por falar nos carros, Gran Turismo 7 trouxe mais de 400 modelos de carros reconstruídos com fidelidade em seu lançamento, além de mais de 30 pistas de corrida e modos clássicos de gameplay e algumas novidades. Destaque para o rali musical, que é uma boa forma de treinamento. A saber, este modo pode ser aproveitado logo assim que a abertura termina. Ela consiste em seis corridas exclusivas e pré-definidas que acontecem ao som da batida de trilhas que se dividem entre faixas originais e músicas clássicas orquestradas. Cada uma delas contam com carros de visuais e dirigibilidade diferentes. Trazendo, assim, uma boa noção sobre a diferença entre guiar e centenas de veículos presentes do jogo.
A Polyphony Digital vem mantendo constante suporte ao jogo liberando atualizações com melhorias e correções na jogabilidade através de patchs desde o lançamento. Mais conteúdo continua chegando com o passar do tempo, como vários carros comuns e lendários sendo adicionados, assim como novas pistas ou trajetos que aumentam ainda mais o fator replay.
Apreço pelos jogadores
A forma como cada carro e pista são retratados demonstram o apreço real que o estúdio tem pela sua franquia, pelos jogadores, assim como pelo automobilismo. Cada carro é, em suma, único por dentro e por fora, e também possui física, sons e jogabilidades únicas que são percebidos partida após partida. As pistas são tão bem feitas que um desavisado pode, a princípio, achar que está assistindo a uma corrida de verdade.
Ao iniciar a campanha chegamos ao mapa-mundi. Ele é dividido em diversas áreas “exploráveis” que podem ser de vários segmentosde atuação, que também oferecerem alguns recursos e modos de jogo. Algumas áreas encontradas no mapa:
- Café – é um lugar para amantes de carros e corridas se encontrarem para trocar uma ideia. Ali, recebemos os cardápios com carros a serem coletados para avançar no modo história;
- Garagem – é onde os carros ficam armazenados e é aqui que são feitos ajustes e manutenção dos carros, assim como reivindicar recompensas;
- Brand Central – é onde podemos comprar carros novos de fabricantes do mundo inteiro. Ele também permite pesquisar sobre as marcas e modelos incluindo vídeos com diversas informações. Mais modelos de carros estão à venda em carros usados e carros lendários, vale à pena conferir;
- Oficina de tuning – vende diversos tipos de peças para realizar melhorias e modificações no veículos;
- Central de licenças – disponibiliza treinamentos e missões que ajudam a conquistar o máximo de habilidade na direção.
Existem essas e diversas outras áreas que são liberadas de acordo com o nosso avanço na campanha garantindo mais missões, corridas e novos carros e melhorias.
Carro e marcas específicas
Estão presentes diversos carros de corrida com marcas específicas para este nicho, assim como veículos de décadas passadas magicamente recriados, mas desconhecidos do grande público. Ainda assim, mesmo se você não for fã da franquia ou de corridas, conseguirá se identificar facilmente com mais este jogo de Gran Turismo. Afinal, novamente marcas de fabricantes conhecidas; como Volkswagen, Fiat, Ford, Nissan Chevrolet, para citar algumas; estão presentes com modelos de carros de passeio adaptados para corridas profissionais.
A grande maioria do conteúdo de Gran Turismo 7 demora muitas horas de gameplay para serem liberados. E não falo apenas das centenas de carros, até mesmo algumas pistas só ficam liberadas com mais de 20 ou 30 horas de jogo. Este sistema de liberação de conteúdo diluído dá a impressão que sempre estamos sempre progredindo. Mas também pode afetar negativamente os jogadores menos hardcore, que gostariam de entrar no jogo e realizar partidas mais variadas a qualquer momento.
Treine diversas vezes
Este é um dos jogos mais completos em todos os sentidos que já vi. Trata-se de uma produção extremamente detalhada o que me lembrou de um outro jogo completamente diferente: Red Dead Redemption 2. Isso por causa da riqueza de conteúdo e informações gerais inseridas a todo momento. Seja durante a abertura ou em uma proteção de tela que se aciona se ficarmos alguns minutos sem atividade durante a exploração dos menus. A saber, a comparação com o jogo premiado da Rockstar acontece por causa da incrível quantidade de coisas para se fazer e sempre aparecem novidades para a cada nova partida. Quem jogou vai entender meu ponto de vista.
Como este não é um título voltado para o estilo de arcade será necessário rejogar. Além disso, treinar nas pistas diversas vezes para alcançar a perfeição com a grande maioria dos carros, dadas as diferenças entre guiá-los serem muito variadas.
Brilha e faz bonito
Gran Turismo 7 brilha e faz bonito no PlayStation 5. Principalmente por abusar das configurações do console para executar de forma impecável toda a sua parte visual e técnica. O jogo roda de forma lisa e sem travamentos e possui gráficos que fazem jus ao termo nova geração. Ele ainda disponibiliza opções para algumas melhorias gráficas que variam de acordo com a preferência do jogador. Assim, é possível escolher entre dar prioridade a mais quadros por segundo durante as corridas ou acionar o ray tracing nos replays e no modo foto, sempre com uma opção em detrimento da outra.
Tanto as pistas quanto dos carros tiram vantagem do jogo não precisar carregar mundos abertos enormes durante as corridas. Isso permite concentrar recursos no que realmente interessa: elevar os níveis de detalhes dos carros tanto fora quanto por dentro, ajudando a matar a curiosidade sobre como é o interior dos veículos preferidos dos amantes de carros.
Uma derrapada na trilha sonora
A parte sonora do game já não alcança o mesmo nível de capricho. Apesar de músicas agradáveis durante todo o gameplay, incluindo a exploração dos menus, algumas trilhas licenciadas bem variadas e outras originais novas ou requentadas de jogos anteriores, e até mesmo os sons realistas dos veículos apenas cumprem bem seu papel ao mesmo tempo que ajudam a trazer aquela impressão de mais do mesmo para Gran Turismo 7.
Enquanto a versão de nova geração é praticamente só elogios, a versão para PS4 acaba por deixar a desejar em diversas situações. As principais são: a visível falta de polimento na parte gráfica que pode causar uma certa estranheza se compararmos com o desempenho do jogo anterior, o Sport, que tinha um desempenho melhor no console da geração passada. Telas de loading muito demorados também estão presentes, quebrando ainda mais o ritmo das partidas. De forma geral, para apreciar o jogo da melhor forma, acaba quase se tornando obrigatório jogá-lo no PS5.
Gran Turismo 7 – Veredito
Contudo, Gran Turismo 7 eleva a franquia a um novo patamar, mas não vai tão longe de seus antecessores, pois apresenta um certo desgaste da fórmula mágica com o passar do tempo. Se você for um fã fervoroso da franquia irá pular de alegria e jogar sem se preocupar. No entanto, se seu estilo for mais pro arcade, talvez seja melhor poupar o seu dinheiro, devido a lenta evolução da campanha e liberação de conteúdo.
Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:
Prós
- Gráficos lindos
- Grande conteúdo
- Feedback háptico excelente
- Localização em PT-BR
- Altíssimo fator replay
Contras
- Campanha lenta
- Repetir as mesmas corridas
- Trilha inconsistente
- Pouco desafio
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