‘Guerreiras’ é um importante documento histórico, mas peca pelo exagero
Wilson Spiler
A série em oito episódios Guerreiras (Les Combattantes) vem fazendo muito sucesso no catálogo da Netflix. E, de fato, a minissérie dramática com fatos históricos da França reúne algumas qualidades para isso, o que também não a afasta de problemas que acabam prejudicando a experiência do espectador.
Na trama, os destinos de quatro mulheres se cruzam quando a Primeira Guerra Mundial está prestes a eclodir em 1914. São elas Marguerite, uma misteriosa prostituta parisiense; Suzanne, uma enfermeira feminista; Agnès, a Madre Superiora de um convento requisitado; e Caroline, que acaba de ser promovida ao cargo de chefe na fábrica de sua família após o marido ser recrutado para o conflito.
Guerreiras se inicia em 12 de setembro de 1914, quando a França já está em guerra há um mês. O conflito, que deveria ser curto, já resultou na morte de 300 mil soldados. Em Saint-Paulin, nos Vosgos, o exército francês luta para conter a invasão alemã e impedir que o inimigo chegue até Paris. Com os homens partindo para a guerra, as mulheres tomaram seus postos nos campos, fábricas, hospitais. Esta é a história de quatro delas.
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A série Guerreiras, da Netflix, é uma história real?
Embora se passe na Primeira Guerra Mundial e o conflito em Saint-Paulin, de fato, tenha existido, as quatro protagonistas da minissérie são personagens fictícias. Entretanto, mesmo não tendo existido, as mulheres foram inspiradas em acontecimentos reais.
De acordo com a criadora de Guerreiras, Célile Lorne, a ideia para a série surgiu após assistir a um documentário sobre mulheres durante a Primeira Guerra Mundial, buscando explorar o conceito da guerra sob o ponto de vista das mulheres que ficaram em casa enquanto seus maridos lutavam no conflito. Com isso, a responsável pela minissérie buscou criar perspectivas diferentes segundo relatos da época.
Guerreiras é bom?
O início de Guerreiras é realmente empolgante. Com uma produção impecável da TF1, grande canal de televisão francesa, a série inicia já no meio do conflito com as mulheres tendo que tomar as rédeas dos acontecimentos que atingem o entorno dos combates, se tornando verdadeiras heroínas anônimas. Destaques, claro, para a fotografia, os figurinos e a reprodução de época, bem como as atuações das protagonistas.
Além disso, a minissérie da Netflix aborda temas extremamente importantes como o feminismo, o machismo, a hipocrisia religiosa, as mazelas da guerra, a maldade do ser humano, entre tantos outros, de forma inovadora e competente. É, sem dúvida, um documento histórico importante, que, por si só, vale ser acompanhado.
Exageros
Apesar disso, Guerreiras peca pelo exagero. A partir do terceiro episódio, principalmente, a minissérie começa a se arrastar com dramas que provocam barrigas no roteiro e não acrescentam tanto à trama. Fica tudo com um ar meio novelesco, talvez influência de uma produção oriunda da televisão. Até a ótima trilha sonora é usada a esmo, o que a torna cansativa. Tudo parece épico demais; e quando tudo é muito, acaba tornando-se pouco ao mesmo tempo.
Mas o desfecho tenta colocar Guerreiras no eixo novamente e até consegue. O problema é que, até lá, muita gente já pode ter desistido da série por conta desses exageros citados anteriormente. O que é um verdadeiro pecado (sem trocadilho com a questão religiosa da série – ou não).
Série Guerreiras vai ter uma segunda temporada?
Ainda não se sabe se Guerreiras terá uma segunda temporada, mas, ao que tudo indica, é bem provável que não. Embora o conflito abordado na série tenha durado mais quatro anos, o desfecho deixa a entender que a história das protagonistas já foi encerrada, com um breve resumo do que aconteceu em seguida.
Ou seja, a possibilidade quase inexiste, ainda mais que ela é tratada pela Netflix como uma minissérie. Uma possibilidade seria contar a história de mais mulheres no conflito ou em outra guerra, mas poderia acabar sendo um pouco mais do mesmo, perdendo a originalidade da produção.
Onde assistir à série Guerreiras (2023)?
A saber, Guerreiras estreou em 19 de janeiro de 2023 no catálogo da Netflix.
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Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:
Trailer da série Guerreiras (2023), da Netflix
Guerreiras (2023): elenco da série da Netflix
Audrey Fleurot
Julie de Bona
Camille Lou
Sofia Essaïdi
Sandrine Bonnaire
Tchéky Karyo
Ficha Técnica da minissérie Guerreiras (2023), da Netflix
Título original da série: Les Combattantes
Temporada: 1
Episódios: 8
Duração: de 49 a 57 minutos
Criação: Cécile Lorne
País: França
Gênero: drama, história
Ano: 2023
Classificação: 16 anos