Hanson Red Green Blue RGB crítica do álbum 2022

Foto: Divulgação

‘Red Green Blue’ traz um Hanson diferente

Wilson Spiler

Em 1997, uma banda com três irmãos estourou nas paradas de sucesso com o hit “MMMBop”. A música trouxe um frescor às rádios tomadas à época por grupos formados por quintetos de homens e mulheres como Backstreet Boys, ‘N Sync e Spice Girls. Obviamente, o Hanson não se distanciava muito do conceito de boys band, mas a grande diferença é que, além de cantar, o trio também sabia tocar – e bem – os instrumentos, além de serem compositores das próprias canções, que tinha uma complexidade razoável para integrantes tão jovens.

Formada por IsaacTaylor e Zac Hanson, que tinham 16, 13 e 11 anos à época, respectivamente, o primeiro álbum de estúdio da banda, Middle of Nowhere, foi um sucesso estrondoso, recebendo discos de platina em vários lugares do mundo. O alcance da fama foi tão rápido e notável, que o governador de Oklahoma decidiu nomear o 6 de maio – dia oficial do lançamento – como “Hanson Day”, data comemorada até hoje pelo grupo e seus fãs. Além disso, o grupo também foi nomeado para três prêmios Grammy em 1998: Gravação do Ano, Artista Revelação e Melhor Performance Pop de Dueto ou Grupo.

Pois, na última sexta-feira (20), os Hanson lançaram seu 15º álbum, Red Green Blue, marca os 30 anos da banda. Dividido em três partes, cada uma delas foi escrita e produzida por cada irmão. Antes de seu lançamento, os fãs tiveram um gostinho de três singles cada um apresentando cada um dos integrantes: o emotivo “Child At Heart”, de Taylor; o country de Isaac “Write You A Song”; e, por fim, o rock “Don’t Let Me Down”, de Zac.

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RGB: psicologia das cores

Na tradução literal, o RGB, sigla na qual o álbum Red Green Blue da Hanson se inspirou, significa vermelho, verde e azul. As cores correspondem às encontradas em monitores de computador, televisão, câmeras digitais, entre outros equipamentos que produzem vídeo.

Por outro lado, de acordo com a psicologia das cores estudadas no design, vermelho representa a sensação de calor, algo quente e carrega uma emoção maior, podendo ser desde a paixão até fúria. Já o verde é considerado intermediário, simbolizando uma neutralidade entre os extremos, transmitindo uma ideia de calma e segurança. Por fim, o azul é mais frio, trazendo um ar de frescor e confiança.

Red Green Blue separado por partes

Se a ideia dos Hanson era associar essa questão das cores com o álbum Red Green Blue, eles falharam miseravelmente. Pois o álbum mantém uma linearidade em seu desenvolvimento, sem grandes nuances. A primeira parte “Red” começa a calma “Child at Heart”, uma balada básica sem grandes emoções. Apenas a segunda faixa – que é uma continuidade da primeira – transmite esse emocional que a cor pede, com um dos filhos de Taylor cantando junto ao pai só em voz e violão.

O disco mostra uma maturidade nas composições dos irmãos, com boas canções, mas que se diferenciam demais do que conhecemos deles. Muitas canções como “Rambling Heart”, “Truth”, “Greener Pastures”, “No Matter The Reason”, “The Gift of Tears”, por exemplo, bebem bastante contry music americana.

Talvez a melhor parte e a mais experimental de Red Green Blue seja a “Blue”, composta por Zac, curiosamente o mais novo dos Hanson, que abre com “Bad”, uma mistura de pop, com rock’n roll e soul, com lindas notas de contrabaixo. O trecho segue com boas faixas com o pop “World Goes Around” e o rock de primeira “Don’t Let Me Down” (que não é a famosa canção dos Beatles), com a participação de Zack Myers.

Há ainda alguns experimentos musicais, como “Semi Hollow”, que tem uma batida semelhante ao reggae e “We Belong Togheter”, que se aproxima das baladas de Bryan Adams, e novamente o rock em “Cold as Ice”.

Sem hit e identidade, mas ousado

O conceito de Red Green Blue em separar por partes é interessante para mostrar a veia musical de cada um dos irmãos, mas ao dividi-lo por cores perde sentido, já que as músicas não acompanham o significado de cada cor. Já num contexto geral, o disco está longe de ter um hit que poderia trazer o grupo novamente para as paradas de sucesso. Além disso, muitas acabam não tendo a identidade, o que sobrava no promissor início da banda. Isso faria com o trio acabe passasse despercebido se não tivesse o nome Hanson estampado na capa.

Difícil dizer se vai agradar aos fãs de longa data, afinal, Red Green Blue é um trabalho bem diferente do que os Hanson costumava fazer. Mas, apesar de um certo excesso de músicas – o que torna o álbum maçante em determinados momentos – ainda assim, vale a ouvida. Afinal, depois de tantos anos enveredando por um pop rock, é bom ver um grupo consagrado se arriscando em outras vertentes. Mesmo que erre na maior parte das vezes.

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Ouça Red Green Blue, novo álbum do Hanson

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
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