Harry Potter e a Ordem da Fênix 15 anos

Foto: Divulgação

15 anos de ‘Ordem da Fênix’, o filme mais político da franquia ‘Harry Potter’

Vanderlei Tenório

Nós crescemos com Harry Potter ao longo dos anos, dissecando os livros e brigando pelos triunfos e fracassos dos filmes. Então podemos afirmar como verdadeiros fãs que Ordem da Fênix foi a nossa entrada menos favorita na franquia de sucesso fenomenal da agora polêmica J. K. Rowling.

Curiosamente, Ordem da Fênix, com pouco mais de duas horas e quinze minutos, é o mais curto dos filmes da franquia “Harry Potter”. Uma fonte de 702 páginas que foi bruscamente simplificada por Michael Goldenberg, o roteirista (que substitui o indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Steve Kloves – autor de sete dos oito filmes), bem como David Yates, o diretor (que segue Chris Columbus, Alfonso Cuarón e Mike Newell no trabalho).

Por esse ângulo, Ordem da Fênix investiga as lutas internas de um jovem adolescente torturado que é atraído para o lado sombrio, onde personagens ocultistas estão projetando um final horrível para o talentoso e prestigioso bruxo.

Nesse ensejo, figuras esqueléticas tentam sugar a vida do menino enquanto aquele-que-não-pode-ser-nomeado enche a mente dele com imagens sangrentas de amigos feridos e torturados. Deturpado e evitado por muitos de seus colegas de classe, Harry luta contra o desejo de ceder aos seus maus pensamentos. Felizmente, como no passado, ele não é deixado sozinho em sua luta.

Leia também:

‘Harry Potter: Desperta a Magia’ revela novas recompensas

Harry Potter: De Volta a Hogwarts tem trailer divulgado

‘Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes’ ganha teaser

Amizade e cooperação

Embora a glamourização de bruxos e bruxas ainda esteja no centro da história, o quinto ano de Potter na mítica Hogwarts continua a promover os conceitos de amizade e cooperação entre um grupo central de estudantes e adultos que enfrentam bruxos malignos em uma futura guerra civil.

O longa também continuou sendo um celeiro de primor com tons certeiros de DNA shakespeariano. Isso inclui as aparições da nata da atuação britânica: Maggie Smith; bem como Helena Bonham CarterEmma ThompsonDavid ThewlisRichard Griffiths (1947-2013); Julie WaltersFiona ShawnBrendan GleesonAlan Rickman (1946-2016); Robert Hardy (1925-2017); Robbie Coltrane (que, para ser justo, foi bem usado em filmes anteriores); Jason Isaacs; assim como os destaques do longa: Gary OldmanImelda StauntonMichael Gambon; e Ralph Fiennes.

Detalhando melhor, em Ordem da Fênix, Harry sofre de pesadelos. Mas o pior é a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, a repulsiva e racista Dolores Umbridge (Imelda Staunton). Ela é o amálgama de todos os nossos piores professores do ensino médio e da faculdade. Uma pseudoeducadora cronicamente rígida e arrogante que ao assumir o cargo de Alto Inquisidora decreta decretos sem a menor preocupação com seu impacto ou finalidade real.

Guerra civil

Em meio a tudo isso, há uma guerra civil em andamento na qual o Ministro da Magia, Cornelius Fudge (Robert Hardy) nega severamente o retorno do maior bruxo das trevas de todos os tempos, Voldemort (Ralph Fiennes). Ele prefere ver isso como uma rebelião escolar movida por um diretor. Assim, a estreia de Yates na franquia se resume a uma série de movimentos e contramovimentos entre um governo repressor, cego e controlador e um corpo discente reprimido, rebelde e reacionário.

De acordo com Bruce Peabody, da Universidade Fairleigh Dickinson, em Ordem da Fênix, Rowling nos convida a reconsiderar a dicotomia tradicional entre o estado de direito e o governo dos indivíduos. Em geral, o trabalho da autora evidencia uma grande consideração pelas escolhas e autonomia dos indivíduos em oposição às instituições formais. Incluindo organizações jurídicas. De fato, as leis e os regulamentos geralmente funcionam melhor quando sua autoridade é sinônimo da autoridade de uma única pessoa.

Influência nazista

Nesta perspectiva, Rowling foi influenciada (especialmente como britânica) com a ascensão de Hitler e do regime nazista. Com a Ordem da Fênix, a censura e a sedição começam a mostrar suas mãos. A censura é mostrada na ascensão ao poder de Dolores Umbridge (Imelda Staunton), que assume Hogwarts de Dumbledore (Michael Gambon) através de milhares de pequenos cortes. A sedição é mostrada em como os alunos lidam com isso, quebrando as regras e juntando-se ao exército de Dumbledore – que é ensinado por Harry Potter (Daniel Radcliffe).

Enfim, pontualmente, Ordem da Fênix acaba com todos percebendo o que nós, o público, percebemos no final do filme antecessor, Harry Potter e o Cálice de Fogo – que é ótimo. Entretanto, o argumento foi mal adaptado, o que deixa a desejar.

Em síntese, convém analisar que leva mais 138 minutos para que todos, exceto Harry, realmente compreendam esse fato. Consequentemente, quando a série foi finalmente concluída, Ordem da Fênix revelou-se um filme problemático, cheio de enredo e pouco divertimento. Mas, sem dúvidas, o pior da série é Harry Potter e o Enigma do Príncipe.

Aliás, está de olho em algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.

Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:

https://app.orelo.cc/uA26

https://spoti.fi/3t8giu7

Vanderlei Tenório

Vanderlei Tenório é colunista dos jornais Tribuna do Sertão e Gazeta Regional de Jaguariúna, dos portais 082 Notícias e JB Notícias, do Web Jornal O Estado RJ – OERJ, colaborador do portal Repórter Nordeste, da Revista Alagoana, do jornal Tribuna de Itapira e do site português Cinema7Arte, além de editor da página Cinema e Geografia. Siga o jornalista no perfil pessoal, como colunista e em Cinema e Geografia.
NAN