‘Hebe – A Estrela do Brasil’ | CRÍTICA
Alvaro Tallarico
Hebe Camargo foi uma das maiores apresentadoras que o Brasil já teve e agora ganhou um filme escrito por Carolina Kotscho com direção de Maurício Farias, Hebe: A Estrela do Brasil.
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Em suma, no filme Hebe: A Estrela do Brasil, acompanhamos um recorte da vida de Hebe Camargo nos anos 80, quando algumas mudanças importantes ocorrem em sua carreira. Entre elas, troca de emissora, e o compromisso assumido com a democracia e a luta pelos direitos de todos. Tecnicamente, o longa-metragem está redondinho. O diretor Maurício Farias faz uso de alguns bons planos longos, como em uma fatídica conversa entre Hebe e Walter Clark. Logo, a câmera vai seguindo os dois, indo para lá e para cá, sem cortes, mostrando que a cena é um momento decisivo na carreira da apresentadora.
Além disso, Maurício faz uso eficiente dos closes, em especial para mostrar a vaidade da Camargo, como quando foca em suas joias e anéis. Sem falar nas quase onipresentes bebidas alcoólicas. Definitivamente a direção de arte alcança sucesso em trazer os anos 80 de volta. Os figurinos estão ótimos, quem passou por aquela época sente o ambíguo gosto da nostalgia e aqueles que não viveram podem ver um pouco de como foi.
HEBE: A ESTRELA DO BRASIL E NOSSA SENHORA APARECIDA
Aliás, Andréa Beltrão, em entrevistas, declarou o esforço que teve, como carioca, para fazer a paulista Hebe, a entonação de voz, o sotaque. Dessa forma, em Hebe: A Estrela do Brasil, seu trabalho é louvável e expressa a emoção e a obstinação da apresentadora, devota de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Afinal, a fé de Hebe está presente em diversas situações e sempre teve grande importância na sua vida, nas dificuldades e na gratidão, com a medalha no peito e clamando a força da Santa que nunca abandona. Temos também Danton Mello como Cláudio Pessutti, sobrinho da apresentadora e fiel escudeiro, vivido com delicadeza e carinho.
PRÊMIO NO FESTIVAL DE GRAMADO
Ademais, Caio Horowicz empresta sensibilidade ao menino Marcello, enquanto Marco Ricca vive Lélio Ravagnani, último esposo de Hebe. A atuação é uma das melhores do filme, um homem apaixonado, mas ciumento, que começa a se perder dentro desse sentimento entre cigarros e uísques. A conturbada relação tem destaque e fornece lições.
Inclusive, o filme ganhou o prêmio de Melhor Montagem no Festival de Gramado e foi indicado para Melhor Filme. Cláudia Missura fez a Nair Bello (1931-2007) e Karine Teles, Lolita Rodrigues. Eram algumas das melhores amigas de Hebe e formavam o Grande Trio da TV Brasileira. Aliás, a participação desse grupo tão especial e relevante para a história da televisão brasileira é rápida e deixa uma vontade de ver mais.
Enfim, Hebe: A Estrela do Brasil é uma gracinha, contudo, mais do que isso, é pontual em mostrar temas complexos como relacionamento abusivo, femininismo, representatividade, preconceito. Ao mesmo tempo, hasteia a bandeira da democracia contra qualquer forma de censura e cerceamento de liberdade. Nada como sair do cinema após sentir o abraço fortalecedor do olhar doce e do sorriso fácil da Hebe de Andréa Beltrão.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Hebe – A Estrela do Brasil
Direção: Maurício Farias
Roteiro: Carolina Kotscho
Elenco: Andréa Beltrão, Marco Ricca, Danton Mello, Cláudia Missura, Karine Teles
Distribuição: Warner Bros
Data de estreia: 26/09/2019
País: Brasil
Gênero: Drama, Biografia
Ano de produção: 2019
Classificação: Livre