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Hellraiser 2022 crítica do filme Star Plus

Novo ‘Hellraiser’ adapta o conceito ao mundo contemporâneo

Jorge Feitosa

Criador multifacetado, Clive Barker foi da literatura, passando pelas artes plásticas ao cinema com uma desenvoltura que o marcou com um dos grandes mestres do terror. A ponto de seu nome se tornar uma marca registrada e garantia de qualidade em tudo o que leva seu nome e criando personagens memoráveis na história do cinema, como o escravo torturado Candyman ou o sacerdote do inferno Pinhead.

Remake do original de 1987, o filme Hellraiser de 2022 estreou nos cinemas com grandes expectativas sobre a visão do diretor David Bruckner (A Casa Sombria) e o roteirista David S. Goyer (Sandman) para o clássico de Barker. Onde a busca hedonista pelo prazer torna um homem vítima dos cenobitas, criaturas infernais que pervertem os desejos através da Configuração do Lamento, um quebra-cabeças em forma de cubo. Lideradas por Pinhead, cujo figurino e maquiagem com inspiração sadomasoquista tornou-se um ícone dos filmes de horror.

Novos contornos

Filmado em locações da Sérvia, o novo filme ganha outros contornos, onde a protagonista Riley (Odessa A’zion), uma viciada em recuperação, furta o cubo de um depósito de Roland Voight (Goran Visnjic), um bilionário que sacrificou vítimas em sua própria busca. Até que o desaparecimento do irmão dela, Matt (Brandon Flynn), traz de volta os cenobitas e sua sacerdotisa (Jaime Clayton, a Nomi de Sense8).

Diferentemente do original, o prazer carnal, aqui, funciona como uma válvula de escape de Riley para seus problemas. Fugindo de envolvimentos mais profundos e não assumindo responsabilidades, seu comportamento é sintomático de uma geração medicada, que encara um mundo cada vez mais difícil e a quem não falta rotas de fuga da realidade. E, pra dar um aspecto mais físico à dor dos personagens, o visual dos cenobitas foi modificado. Agora, sua própria carne mutilada é sua vestimenta numa espécie de tormento constante que eles infligem às suas vítimas.

Hellraiser, portanto, traz não apenas uma nova roupagem, mas um conceito adaptado ao mundo contemporâneo. Onde é melhor aguentar o peso de suas faltas do que fugir para sensações fugazes que só aumentarão seu sofrimento.