‘Herança de Sangue’ é recomendado apenas para fãs de Mel Gibson
Bruno Giacobbo
Mel Gibson já foi um dos astros mais fulgurantes de Hollywood. Os adolescentes das décadas de 80 e 90 sabe bem disto. Primeiro, ele deu vida a Max Rockatansky, o protagonista da trilogia pós-apocalíptica Mad Max, de George Miller. Depois, encarnou o policial Martin Riggs nos filmes da série Máquina Mortífera, que misturava ação com precisas doses de humor.
Marca como diretor: pro bem ou pro mal
Paralelamente, resolveu deixar sua marca como realizador de longas que chamaram a atenção de algum jeito. Coração Valente (1995) lhe rendeu o prêmio de melhor filme e direção no Oscar, enquanto A Paixão de Cristo (2002) foi motivo de dor de cabeça ao ser acusado de exagerar na violência e chocar de forma sensacionalista.
Por outro lado, “Apocalypto” (2006) foi tão criticado que ele não lançou mais nenhum trabalho onde fosse creditado como diretor. E esta maré de azar parece ter se alastrado para as suas atuações.
Machete Mata (2013) e Os Mercenários 3 (2014) possuem fãs ao redor do mundo, mas nunca conseguiram conjugar boas críticas com grande bilheteria. Consequentemente, voltar a interpretar um personagem semelhante àqueles que o levaram ao sucesso, parecia uma ótima ideia. E foi isto o que ele fez em Herança de Sangue (Blood Father).
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Herança de Sangue: sinopse
Na história, uma produção francesa dirigida por Jean-François Richet (Assalto à 13ª DP), Gibson interpreta John Link, um veterano do exército, alcoólatra e ex-presidiário, que vive em uma espécie de acampamento de trailers. Lá, ele conta com a amizade de Kirby Curtis (William Macy), seu conselheiro no grupo dos Alcoólicos Anônimos (AA), e trabalha como tatuador.
Logo no início, somos informados através de cartazes e reportagens pregadas na parede que uma menina chamada Lydia (Erin Moriarty), de 14 anos, despareceu em 2012. Ela é filha de John. Contudo, este não é um melodrama em que um pai desesperado tentará descobrir o paradeiro da garota, já que, também no começo da película, é mostrado onde está Lydia. Na verdade, a trama é sobre reconciliação e a busca pelo perdão mútuo entre duas pessoas que se amam.
Com os desdobramentos dos fatos mostrados na telona, descobriremos o que aconteceu no passado levando a este afastamento. Tudo isto ornamentado por muita ação, perseguições, tiro, porrada, bomba e mafiosos mexicanos do Cartel de Juarez, claro, senão esta não seria uma obra com as velhas características do ator.
Sem êxito
Apesar de ter escrito lá em cima sobre o retorno a um tipo de personagem, ou seja, às origens do seu sucesso, isto não significava, necessariamente, que Gibson teria êxito. A intenção era boa, mas não funcionou. Herança de Sangue guarda semelhanças com a franquia Mad Max, seja na paisagem árida do Novo México, que lembra a da Austrália, ou nas perseguições motorizadas por estradas desérticas. Há uma coincidência (sic) também com Máquina Mortífera: os protagonistas moram em trailers.
Tudo isto, no entanto, é pouco para assegurar uma grande avaliação. O longa tem boas sequências de ação, a química entre pai e filha é instantânea e bem convincente, mas falta um diferencial. Alguma coisa que o tornasse inesquecível. E isto não existe. É apenas mais um bom filme e só. Recomendado para os antigos fãs do ator australiano que desejam matar as saudades dos velhos tempos. Contudo, ele provavelmente passará batido para a turma mais jovem e sedenta por novidades.
Desliguem os celulares e boa diversão.
Onde assistir ao filme Herança de Sangue (2016)?
A saber, o filme Herança de Sangue foi incluído recentemente no catálogo da Netflix.
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Trailer do filme Herança de Sangue (2016)
Herança de Sangue (2016), da Netflix: elenco do filme
Mel Gibson
Elisabeth Röhm
Thomas Mann
Ficha técnica do filme Herança de Sangue, da Netflix
Título original: Blood father
Direção: Jean-François Richet
Roteiro: Peter Craig e Andrea Berloff
País: Estados Unidos
Gênero: ação
Ano de produção: 2015
Duração: 88 minutos
Classificação: 14 anos