REVIEW | ‘Horizon Chase Turbo’ é nostalgia e diversão pura em um jogo imperdível

Alex Rodrigues

Felicidade! Começar o review com esta palavra é o que há, porque esta resume bem o que foi jogar Horizon Chase Turbo. Quando terminamos o gameplay, percebemos que estávamos começando a formar um calo no polegar esquerdo, relembrando os antigos jogos de Super Nintendo que ficávamos horas tentando zerar.

Dois fatores foram motivos de muita empolgação para jogar este título. O primeiro e mais importante é que, o projeto, foi desenvolvido pela galera da Aquiris Game Studio, no Rio Grande do Sul. Isso é motivo de orgulho e um indicativo de como o Brasil está cada vez mais forte não apenas no comércio, mas também na indústria de games.

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O segundo ponto é um reencontro muito especial com Top Gear. Este game que foi lançado em 1992 para Super Nintendo foi uma febre do gênero corrida. Conhecido como Top Racer no Japão, o mesmo não possuia gráficos revolucionários para época, porém, o sistema e a jogabilidade fluída conquistaram uma legião de fãs.

Escolher o modelo do carro de acordo com o desempenho em cada característica, parada nos boxes e pilotar na chuva eram as cerejas do bolo de um game que poderíamos e ainda podemos classificar como viciante. Tudo isso no ritmo de um dos temas mais famosos da história dos games, cujo compositor, Barry Leitch, também assinou a trilha sonora de Horizon Chase Turbo.

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Deixando o passado um pouco de lado, apesar de HCT ser declaradamente o “sucessor espiritual” de Top Gear, não podemos deixar de ressaltar que o título da Aquiris Game tem a sua identidade própria.

Os fãs de Top Gear podem sentir falta de alguns detalhes, como a parada no box para abastecer, ou a opção de apenas dois carros no início da jornada. Mas, não podemos nos esquecer do público que não chegou a conhecer o Super Nes. Conquistar novos adeptos é tão importante quanto agradar os “players” mais antigos. E este equilíbrio é o grande segredo do sucesso de Horizon.

Poucos sabem, mas o game estreou em 2015 para mobile, e logo chamou a atenção da gigante Sony. Além do sistema Android e IOS, o título foi lançado para PS4 e PC com a nomenclatura “turbo”no título. Algumas melhorias foram produzidas para as telonas e, a principal delas, é o sistema para múltiplos corredores. Aliás, não há diferença entre ambas as versões. Seja para PC ou no console da Sony, ambas as versões rodaram fluidamente em 60 quadros por segundo em full hd, e possuem total suporte à tecnologia 4K.

Em Top Gear existia espaço para dois Players, com a tela dividia ao meio. Horizon Chase Turbo permite um número maior de corredores. Como foi criado em um estilo arcade, muito competitivo e divertido, é uma ótima opção para reunir os amigos e promover várias corridas. Não existe embates online, mas você pode comprar e bater os recordes de tempo dos jogadores cadastrados. No caso da Steam, seus melhores resultados ficam no perfil. A possibilidade de salvar os seus melhores tempos nas partidas, e desafiar uma melhora de tempo, chama-se de “Ghost Mode”, modo online em que o veículo que detém o tempo a ser batido é representado na pista por um “carro fantasma”. Os melhores tempos podem ser vistos em um ranking global, o que aumenta totalmente, de uma forma ou outra, a busca pela melhora na pilotagem.

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Cuidado com o sistema do jogo, pois é viciante! O aviso não é nenhum exagero, visto que duas versões para a escolha de um jogador são bem desafiadoras. No início, apenas o modo Volta ao Mundo é habilitado. Após passar por todos os circuitos da Califórnia, o clássico Torneio é liberado e somar pontos e ganhar o campeonato passa ser o grande desafio.

Carros e acessórios também são desbloqueados conforme o jogador for conquistando pistas e países. São várias tarefas para cumprir e, quanto mais você passa de fase, mais você quer jogar. As pistas são bem diversificadas, mas com o tempo, você vai decorando o percurso. Se ficar empacado em um circuito, é possível saber em pouco tempo qual é a curva mais fechada, onde fica os galões de combustíveis ou o que acontece no final da grande reta.

Por sinal, a ausência em Horizon Chase Turbo é justamente a falta de uma opção para escolher o grau de dificuldade. Mesmo com o desafio crescente nos torneios, após certo tempo, acaba ficando fácil demais. O contrapeso nesta balança é tentar quebrar recordes de outros jogadores cadastrados e desbloquear carros para aumentar a sua coleção.

No mais, a jogabilidade é muito intuitiva, tranquila e agradável. Jogar este game é uma experiência muito divertida, tanto com amigos ou seguindo carreira solo. Mais uma vez é provado que um não precisa ser complexo para obter um resultado final positivo.

O gráfico se encaixa bem com o clima do jogo. Muito colorido, porém, sem muitos detalhes nas margens da pista para não distrair o piloto. No horizonte, referências das cidades que abrigam os circuitos. Horizon Chase Turbo traz consigo aproximadamente 109 pistas que passam por todos os continentes do planeta em 12 torneios, recriando paisagens icônicas de lugares como Brasil, Austrália, Japão e Havaí com seu estilo de arte singular. Cada ambiente traz características únicas, como diferentes condições climáticas e terrenos, o que influencia no desempenho dos carros e exige mais cuidado na hora de escolher entre os selecionáveis. Podemos destacar a Ponte Golden Gate, símbolo de San Francisco e o cenário árido do deserto do Atacama, no Chile.

No caso do Brasil, este foi muito bem representado, com a grata surpresa de conter lugares que dificilmente veríamos em um game, como simpática cidade de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Quem conhece pode se deliciar com a paisagem do MAC (Museu de Arte de Contemporânea) e a Baia de Guanabara ao fundo. Seria interessante se a corrida fosse em cima da ponte Rio-Niterói, mas infelizmente não aconteceu.

Como foi dito, o compositor do tema de Top Gear, Barry Leitch, assinou a trilha de HCT. Talvez por ser muito emblemático, a música dos dois jogos não ficou muito parecida. Inclusive a nova versão pareceu mais digitalizada. Na verdade, “nova versão” pode não ser o termo mais correto a ser usado, porque o tema não é uma remasterização do lendário game distribuído pela Kemco para Super Nes.

De qualquer forma, as músicas e efeitos sonoros do jogo cumprem bem o papel de levar a emoção até os jogadores. Não se preocupe com nenhum soundtrack chiclete que vai ficar na sua mente por muito tempo. Tudo é harmonicamente produzido para não tirar a sua atenção da estrada.

O VEREDITO

O trabalho realizado pela Aquiris Games é fantástico do ponto de vista em trabalhar com a nostalgia e simplicidade para um mercado cada vez mais exigente. O resultado foi uma grande homenagem de um lendário título com a cara de um game com identidade própria. Até as caixas de diálogos do piloto, uma marca registrada de Top Gear, não foram esquecidas.  Uma prova que nenhum detalhe passou despercebido pela equipe brasileira.

Jogo testado pelo Blah Cultural na versão PS4 e PC (Steam) com cópia cedida gentilmente pela Sony do Brasil (PS4) e Aquiris Game Studio (PC).

Alex Rodrigues

Vamos bater um papo sobre games e coisas do bem! Contato: sr.alexrodrigues@gmail.com / @alexsandrers / alexr_rodrigues
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