“Insomnia y Palabrería” : Um encontro de artistas independentes em SP

O exercício da vizinhança foi o que uniu estas duas figuras da música independente paulistana: Bruno Morais e Demétrius Carvalho. O famoso cafezinho paulistano, que une os encontros, as reuniões, as conversas, uniu estes dois músicos… às 3, 4 da manhã, para conversas em outros fusos horários.

Além da afinidade que veio de um projeto feito em conjunto, no ano de 2009, Conexões, com participação de diversos músicos da cena independente, eles tem o café e o exercício da vizinhança como pontos de convergência. Além da pitada para assumir projetos ousados, como o Reversos, que traz a aliança com outro artista da área da literatura: Cánek Guevara. Cubano. Cronista. Poeta.

E apesar da escrita dura, reta, e aparentemente seca, Bruno e Demétrius dão todo o charme, malemolência e cadência para a música.

A ideia da música, a primeira música feita por encomenda, no caso de Bruno Morais, para Demétrius, já está na quinta composição por encomenda – que ele se lembre – e que demora um bom tempo pra ficar pronta – praticamente 1 ano do convite do projeto ao lançamento da música, que integra o terceiro EP de Bruno Morais, “Contra a Vontade do Chão”.

A composição, apesar de já resolvida, ainda não havia sido gravada e Bruno sempre achava que havia algo a ser melhorado, na abordagem, na exposição, na forma como ela chegaria aos seus, aos nossos ouvidos.

Segundo Junior Bellé, Bruno transforma uma dos versos mais belos em um mantra: ¡No jodas, compadre! Tanto insomnio y tan poca poesía…

Bellé, um dos integrantes do site Nego Dito, do projeto Reversos, que visa instrumentalizar a poesia e realizar uma parceria ímpar, entre a poesia contemporânea e a música, foi quem possibilitou este grande encontro: Bruno, Demétrius e Canék.

A composição da música por si só tem uma história que é retratada pela poesia, ou seria o contrário?
Demétrius além de músico, é também escritor, e tanto em seu site quanto no Blah Cultural traz textos sobre insônia, e Bruno, em seu trabalho, tem muita música sobre o sono. De alguma forma a poesia retrata o que eles viveram para conseguir fazer a melodia da música. A vida imita a arte?

O Poema, ao extravasar o poema em si, ele é uma cena… um roteiro cinematográfico. Segundo Demétrius, é um texto muito mais sinestésico do que literal, o que atrai também Bruno, que se interessa, pois gosta de pensar a música como se fosse um roteiro de cinema, os compactos, todos os que jã lançou tem uma pegada que puxa mais pro visual e não só musical.

O fazer da música é que repetiu esse processo insone deles: 3 da manhã, Bruno chama o Demétrius e, dessa vez, ele, Demétrius está morrendo de sono. E não consegue finalizar. No outro dia, Demétrius vai cedo na casa de Bruno, pra finalizar… e aí é o Bruno que está… Insone. Mas a questão musical e melódica é resolvida.

Processo artístico, musical… é, também, composto por angústias. Apesar da música não ter incorporado o CD, com lançamento via Facebook, projeto Reversos, que ainda existe, e é incrível (falo depois mais sobre este projeto e com uma entrevista da galera do Nego Dito). …não deveu em nada o tempo de espera para a apresentação da música.

Como um dos belos e delicados lançamentos de 2013, Insomnia Y Palabrería de Bruno Morais, Demétrius Carvalho e Canék Guevara, foi apresentada no MIS, com Bruno e sua banda.

E aqui pode ser conferido o clip com a voz de Bruno Morais e o belíssimo arranjo dos 3 Cruzeiros, além de ter acesso a Canék Guevara, escritor cubano. Sim, um descendente de Che Guevara.