Intimidade crítica da série espanhola da Netflix 2022 temporada 1 onde assistir elenco ficha técnica

Foto: Netflix / Divulgação

‘Intimidade’ é importante, mas demasiadamente longo

Wilson Spiler

La Casa de Papel foi uma das séries mais populares da história da Netflix, tornando-se um case de sucesso da plataforma. Então por que não tentar emular essa estrutura dramática de roteiro em outra produção? É mais ou menos o que acontece na série Intimidade (Intimidad), que estreou recentemente no serviço de streaming. Veja bem: os temas e gêneros são completamente diferentes, mas todo o mecanismo do texto está lá.

Não, La Casa de Papel não vem à mente apenas porque Intimidade tem Itziar Ituño, a eterna Raquel Murillo, como protagonista. Assim como na série referenciada, temos uma narradora para contar a história. Enquanto na primeira delas Tokio (Úrsula Corberó) transcrevia para o espectador o que acontecia, aqui é Ane (Verónica Echegui) quem fala no decorrer da trama. Outra semelhança entre as duas produções é o destino das duas personagens. O que é curioso saber é como as duas conseguiram a proeza de relatar os acontecimentos. De toda forma, as equivalências não param por aí. Afinal, Intimidade se vale também de frases e tentativas de cenas impactantes, onde nada parece muito espontâneo.

Na trama, Malen (Ituño) é a principal favorita para concorrer – e ganhar – para a prefeitura de Bilbao. Tudo ia bem até que alguém divulga um vídeo de sexo dela com o amante. Casada e com uma filha adolescente, às vésperas da escolha do partido para a sucessão do prefeito conservador, o mundo da protagonista desmorona. Em outro núcleo da história, Bego (Patricia López Arnaiz) fica desfalecida após a morte da irmã Ane (Verónica Echegui), que se suicidou por também ter sua intimidade exposta nas redes. Em determinado momento, elas se cruzam e ajudam uma a outra a superar o trauma vivido pelo crime cibernético.

Leia também:

‘Love, Death and Robots’ | Terceira temporada entre erros e acertos

Ms Marvel | Primeiras impressões da série

Final de ‘Peaky Blinders’ é decepcionante

O sofrimento da vítima

Mas, apesar dos problemas citados anteriormente e de personagens demais em uma trama que poderia ser facilmente enxugada para menos capítulos, Intimidade tem predicados positivos. O tema central da história é bem aprofundado e a luta pela causa é mais do que justa. Além disso, as tentativas da delegada Alicia (Ana Wagener) para que Malen denunciasse o crime, bem como todo o machismo que cerca a sociedade – inclusive por parte do pai da vítima – e a culpa que as mulheres carregam mesmo tendo sido elas as agredidas são muito reveladoras para o grande público.

Aliás, fazer uma denúncia não é algo simples. É  algo que vai trazer um episódio desolador frequentemente à tona. Fora que a forma como a mulher é enxergada na sociedade também é vista de maneira muito diferente quando acontece com o homem. Afinal, havia um amante do sexo masculino envolvido no caso. Mas isso não repercutiu tanto, ainda mais que o amante era alguém da alta sociedade local.

Qualidades e defeitos

Ainda assim, não havia necessidade de contar uma história relativamente “simples” em oito capítulos de cerca de 50 minutos. Essa alongamento da trama prejudica demais a experiência como espectador. Isso porque, quem está assistindo, já tem ideia de como a história vai se encerrar e pode acabar se cansando antes do seu derradeiro desfecho. Embora pareça, a previsibilidade também não é algo tão negativo aqui, afinal, trata-se de uma narrativa de superação, ainda que um pouco de suspense caísse bem em certos momentos. Mas quando ele parecia querer dar as caras, o mistério já era desfeito rapidamente.

Mas se Intimidade não aparenta tanta espontaneidade, na média, a série “passa de ano”. Tem atuações consistentes, mas direção e roteiro apenas regulares. Vale pela importância do tema abordado e um episódio final – este sim – bem amarrado, com uma construção mais direta, sem grandes barrigas no texto. Talvez essa ausência de naturalidade também seja um reflexo da nossa atual sociedade, outro bom debate do seriado: somos quem parecemos ser?

Onde assistir à série Intimidade?

A saber, a série Intimidade estreou na sexta-feira, 10 de junho de 2022, no catálogo da NetflixAliás, está de olho em algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.

Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do ULTRAVERSO:

Trailer da série Intimidade, da Netflix

Intimidade: elenco da série (Netflix)

Itziar Ituño
Patricia López Arnaiz
Verónica Echegui

Ficha Técnica: Intimidade, série da Netflix

Título original da série: Intimidad
Criação: Verónica Fernández e Laura Sarmiento
Direção: Jorge Torregrossa, Ben Gutteridge, Koldo Almandoz e Marta Font Pascual
Roteiro: Verónica Fernández e Laura Sarmiento
Episódios: 8
Duração: de 45 a 52 minutos
País: Espanha
Gênero: drama policial
Ano: 2022
Classificação: 16 anos

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
0

Créditos Galáticos: