
‘Iron Danger’ é um desperdício como RPG de estratégia
Felipe de Andrade
Após o desastroso lançamento do jogo The Lord of Rings: Gollum, no início de 2023, a Daedalic Entertainment resolveu aposentar sua divisão de criação de jogos e focar apenas em publicar títulos de outros estúdios desde então.
Uma das suas apostas mais recentes é Iron Danger. Um game de RPG que tenta misturar combate em tempo real com uma mecânica única de manipulação do tempo. Ideia não é lá tão original assim, visto que a franquia Prince of Persia e vários jogos de corrida da Codemasters, permitem voltar alguns segundos no tempo dando uma nova chance para o jogador realizar seus comandos de forma mais assertiva.
O enredo
Desenvolvido pelo Action Squad Studios, o jogo em questão foi lançado originalmente em 2020 e chegou para a nova geração após três anos. Nele controlamos Kipuna, uma menina do interior que precisa se tornar uma guerreira após receber um poder antigo que possibilita manipular o tempo para enganar a morte. Ela se vê forçada para entrar em uma guerra entre a cidade de Kalevala e os exércitos do Norte, liderados pela rainha má Lowhee, enquanto que os vilões da história querem tomar o seu poder para ganhar vantagem na guerra.
Ao longo da sua jornada Kipuna encontrará alguns personagens que irão se juntar a ela em sua missão, todos eles com personalidades e habilidades únicas que se complementam nos campos de batalha. Diversas habilidades podem ser destravadas e melhoradas ao longo da campanha, permitindo ao jogador utilizar as que combinarem mais com seu estilo de jogo e estratégias de preferência.

Manipulação do tempo
Além de habilidades e ataques simples e especiais, Kipuna faz uso da manipulação do tempo a qualquer momento, tendo como limitador uma barra que fica no inferior da tela. Assim, caso seja atingida ou morra, basta retroceder até o ponto desejado para realizar uma nova investida. Prepare-se para fazer isso muitas e muitas vezes, pois morrer é bem fácil, mesmo para inimigos aparentemente mais fracos.
As diferenças entre os personagens jogáveis garantem alguma variedade para o gameplay, mas nada aqui é digno de nota, já que todos possuem ataques com efeitos semelhantes, seja curta ou longa distância.
Interação
É possível interagir com alguns elementos pelos cenários para gerar mais danos aos inimigos, como atingir armadilhas, estruturas específicas, e até atear fogo em barris de óleo, fazendo com que explodam e causando dano em área com fogo.
O estúdio buscou inovar ao mesclar o controle sobre o tempo, uso de habilidades, jogabilidade mais voltada para estratégia e dificuldade elevada. Infelizmente, essa mistura não resultou em algo divertido para ser jogado por horas a fio.
Muitas falhas
Em pouco tempo o gameplay se torna confuso, travado e repetitivo por causa de um sistema de combate que parece não funcionar muito bem, fazendo com que morrer, voltar no tempo e tentar fazer algo diferente para avançar tome cerca de 80% do seu tempo de jogo.
O ângulo de câmera suspenso da visão isométrica garante visibilidade de todo o campo de batalha, sendo possível escolher um ângulo e distância da sua preferência com o analógico direito.

Repetitivo
A exploração de cenários poderia ser melhor desenvolvida, com ambientes maiores e com mais objetivos para realizar. Tudo se resume a começar uma fase, derrotar alguns inimigos espalhados pelos mapas claustrofóbicos (ainda que abertos), realizar um ou outro objetivo, voltar para o barco, ir para a próxima fase começar tudo outra vez.
Mesmo rodando em um PS5, Iron Danger sofre com problemas de desempenho como quedas constantes de frames, animações ruins, parte dos cenários que não ficam visíveis não importando o ângulo da câmera, e por aí vai.
Visual pífio
Quando somamos tudo isso a um visual pífio, com gráficos que parecem vir de três gerações de consoles atrás, fica quase impossível gostar muito do que aparece na tela, sendo que até as fotos dos personagens localizadas ao lado da legenda durante os diálogos não são favoráveis.
O áudio do jogo é OK e conta com trilhas que tentam ser épicas durante as batalhas. Talvez uma localização em nossa língua fizesse o jogo vender um pouco mais por aqui, até porque existem 11 idiomas selecionáveis. Não custaria tão mais assim para o estúdio incluir o português, já que seu objetivo parece ser o de tentar maximizar os lucros atingindo o máximo de jogadores possível com um jogo medíocre com visual datado.
Veredito
A Daedalic Entertainment precisa rever seus conceitos de publicação de jogos de terceiros após o fracasso de Gollum, e parece que ainda não aprendeu a selecionar produtos de qualidade para lançar para a nova geração.
Iron Danger é uma ótima oportunidade desperdiçada de um um RPG de ação estratégica com o gameplay baseado em manipulação do tempo. Nada parece encaixar bem para funcionar direito, gerando confusão repetição por grande parte da jogatina.
Fica difícil recomendar esse lançamento caça-níquel de um jogo que já era datado no lançamento original três anos atrás.
Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso que fala sobre Cultura Pop.
Prós
- Variedade de habilidades
- Design dos personagem
Contras
- Problemas de desempenho
- Level design ruim
- Jogabilidade repetitiva
- Diálogos confusos
- Gráficos fracos
Notas
- Gráficos: 1
- Jogabilidade: 2
- Áudio: 2
- História: 2
- Diversão: 2
- Média geral: 1.8