‘Fear Of The Dawn’ é o prazer do barulho de Jack White
Cadu Costa
Lá pelos idos dos anos 2000 quando Jack White estourou com “Fell In Love With a Girl” e virou ícone global com “Seven Nation Army” na sua antiga banda White Stripes, algo já estava no ar. Estávamos vendo o nascer de um certo tipo de gênio. Não era somente uma banda indie com uma história meio doida por trás. Era um compositor fantástico, um cantor com uma presença de palco incrível e um guitarrista maravilhosamente fora de série.
E agora tudo isso está mais evidente com Fear of the Dawn, primeiro álbum de Jack White em quatro anos, além de ser a primeira parte de um ousado projeto que inclui dois discos no mesmo ano (Entering Heaven Alive está programado para lançamento em 22 de julho), ambos lançados pela sua própria gravadora, a Third Man Records. E o que é esse “medo do amanhecer” (tradução literal do nome do disco)? À medida que vamos ouvindo as 12 faixas do disco, vamos entendendo o sentido do título.
Tudo já começa com a abertura explosiva com “Taking Me Back” com guitarras estourando tímpanos de desavisados fãs. O que vamos esperar de Jack White depois de tanto tempo? Alguma calmaria, um peso diferenciado? Não, vamos esperar barulho e letras apropriadamente desagradáveis sobre divórcio e sonhos de reconciliação, algo natural em sua vida recente.
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Tom Morello, Q-Tip e Cab Calloway
E o que são as guitarras furiosas de Jack White em “Fear Of The Dawn”, segunda música do disco homônimo? Parece um trash metal, parece um punk sujo dos anos 70, parece o artista cortando o som com seus riffs bruscos e certeiros. Era uma batida de carro no meio de uma estrada depois de dirigir bêbado e ainda assim sair vivo. É absurdo e glamouroso.
Em “What’s the Trick”, Jack White brinca de ser Tom Morello, do Rage Against The Machine, em uma das várias músicas cortantes de sua guitarra. Tem um quê de punk e o peso de um metal clássico. E o disco vai seguindo pelo simples prazer de ir seguindo pesado e barulhento mesmo que haja momentos como “Hi-De-Ho”, com seu viés diferente ao convidar o rapper Q-Tip para interpretar uma faixa montada a partir de uma composição de Cab Calloway, músico americano de Jazz que faleceu em 1994.
Maturidade de Jack White
Fear of the Dawn revela um Jack White maduro que não está apenas no auge dessa proeza como guitarrista cujos efeitos formaram uma assinatura única que ele aprimora e transgride. O álbum o encontra alcançando novos patamares como produtor e experimentador criativo. Passeia ao longo das 12 faixas por muito de sua genialidade e faz um registro absolutamente incrível marcado por rock divertido e interessante.
Ao dividir seus álbuns de 2022 em dois projetos distintos e salvar seu material mais calmo para “Entering Heaven Alive”, White entregou seu melhor lançamento desde Blunderbuss, de 2012 e um dos álbuns mais consistentemente emocionantes em seus 25 anos de carreira.
Por fim, entendemos o nome do álbum. Fear of The Dawn é muito parecido com o tipo de festa em que você espera que a luz do dia permaneça longe por algum tempo ainda. Terminar e processar tudo em apenas 40 minutos não seria possível para nenhum amante de música, noite e álcool.
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