Jão Pirata crítica do novo álbum

Mesmo irregular, ‘Pirata’ mostra o talento de Jão para as pistas de dança

Wilson Spiler

Considerado um dos nomes mais importantes da nova cena pop brasileira, Jão lançou, na última terça-feira (19), o álbum Pirata, o terceiro de estúdio da sua discografia, em todas as plataformas digitais. O cantor assina todas as composições e produções e o projeto conta ainda com a participação de Pedro Tófani e dos produtores Zebu e Paul Ralphes.

Se você ainda não conhece Jão, para se ter uma ideia do fenômeno do cantor, seu primeiro álbum, Lobos, lançado em 2018, já soma mais de 350 milhões de streams e figurou entre os 50 melhores discos nacionais daquele ano na lista elaborada pela Rolling Stone. O segundo disco, Anti-Herói, de 2019, alcançou a marca de 1,6 milhões streams apenas no primeiro dia, tornando-se a quarta melhor estreia para um álbum pop no Spotify.

Liberdade

Agora, em Pirata, seu terceiro álbum, ao longo das 11 faixas, Jão fala sobre diversos assuntos, como amor, sexo, descobertas, despedidas e também sobre todos os meninos e meninas que já amou. Em resumo, o disco versa sobre liberdade.

O trabalho abre com a ótima “Clarão”, que usa o termo “Pirata”, título do álbum. Com uma letra mais bem elaborada falando sobre esperança e ser livre, assim como um belo trabalho de mixagem, o disco abre em altíssimo nível. Pena que isso não se mantém pelos pouco mais de 33 minutos de audição.

“Não Te Amo” e “Idiota” são duas músicas genéricas, com letras como “Eu juro, eu não te amo. Eu só bebi demais” ou “Eu vou te amar como um idiota ama”. Embora seja inegável o talento para fazer seu público dançar.

Batidões

O disco decai também com as fracas baladas “Santo”, “Você Me Perdeu” e “Doce”, que chegam a quase pender para o gospel ou um sertanejo mais pop. As músicas dançantes são, certamente, o forte Jão. É nesse sentido que ele deveria focar mais.

“Coringa” é um exemplo disso. Embora não seja um suprassumo de letra, a melodia é gostosa e é impossível ficar parado. Aliás, o naipe de metais utilizado pela banda que acompanha Jão por todo o álbum Pirata é belíssimo. O uso abusado do trompete é sempre bem-vindo. “Olhos Vermelhos” é outra amostra disso. Mesmo sendo uma balada, a harmonia melódica do saxofone com o trompete são um show à parte.

Por fim, Pirata só mostra como Jão é um artista talentoso e poderoso, mesmo que suas composições não encham os olhos. Mas é impossível não se mexer ou não balançar a cabeça durante a audição do álbum. Sem querer ser presunçoso, mas já sendo: foca mais nos batidões pra pista da próxima vez.

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Ouça Pirata, novo álbum do Jão

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
NAN