Joe Mersa Marley Eternal crítica de álbum ep

Jo Mersa Marley está pronto para escrever o seu legado em ‘Eternal’

Cadu Costa

O que você faz quando é neto da lenda Bob Marley, mas quer fazer seu nome como cantor de Reggae? Ou você faz o possível para se distanciar de sua imagem e semelhança ou abraça-a de todo o coração. Em seu novo EP, Eternal (nome de uma música do avô), Joe Mersa Marley fez as duas coisas. A arte de Mersa canaliza a capa do álbum Live Forever (2011), do avô, com os dreadlocks soltos e a cabeça voltada para cima. Sendo assim, a Família Marley tem um novo fenômeno que assim continua o legado na terceira geração.
Cercado pelo Reggae desde o nascimento, o filho mais velho de Stephen Marley teve uma formação musical completa tanto em estúdio como no palco. Enquanto evoluía para o artista que é hoje, Jo Mersa foi treinado e aconselhado não apenas por seu pai, que é um cantor e produtor fenomenal, mas também pela experiência acumulada de seus tios Damian, Julian e Ziggy.
Não é nenhuma surpresa, então, que o novo EP de Jo Mersa seja lançado no Ghetto Youths International da família, um selo de prestígio fundado pelos irmãos acima mencionados que abriga os próprios Marleys e outras lendas do reggae como a banda Third World.

O álbum

Mas vamos nos concentrar em Jo Mersa Marley  e Eternal. Após o lançamento de seu bem recebido EP Comfortable em 2014, o artista levou algum tempo não apenas para aprimorar seu som, mas também para trabalhar com alguns dos gigantes da música. Agora, seis anos após seu primeiro EP, ele lança seu segundo álbum. O projeto de sete faixas apresenta nomes como Busy Signal e Melii, bem como os colegas de gravadora, Kabaka Pyramid e Black Am I.
Em Eternal, Jo Mersa Marley transcende todas as barreiras do reggae trazendo influências de música eletrônica, hip hop e do dancehall jamaicano. A jornada começa com “Guess Who’s Coming Home”, uma faixa original produzida pelo próprio artista e seu amigo e colega de longa data Llamar ‘Riff Raff’ Brown.
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Variedade de sons

Com força lírica e uma entrega ao estilo Jamrock, Jo Mersa anuncia seu retorno para casa após ter cumprido sua missão de levar o legado da família mais uma vez. Ele lamenta justamente que esteve em outro lugar, aprendeu artisticamente algumas lições e agora está de volta às suas raízes para mostrar que é o herdeiro do trono. Essa música define o tom do projeto.
Em um nível totalmente diferente, “Yo Dawg” reflete a afinidade do artista com as vibrações do dancehall. O produtor Jazzwad criou o playground perfeito para ele e contou com a presença do artista Busy Signal para pequenas surpresas sonoras que recompensam aqueles que a ouvem com atenção.
“Company” se destaca é pela ótima qualidade de produção e pela parceria com a cantora Melii. Música perfeita para as pistas de dança.
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Mensagem social

Em geral, o ouvinte é tratado com uma variedade de sons, como a alegre “Made It”, feita em colaboração com Kabaka Pyramid; e a soberba “No Way Out” com Black Am I. Ambas partem do som da “assinatura Ragga” – sua herança – que ecoa por todo o álbum.
A entrada final é “That Dream”, um comentário social de que o álbum precisava. Não convencido de que a vida do crime é a vida dos sonhos, Mersa afirma: “Tudo que eu sei, eu não conseguia dormir à noite, não conseguia sonhar esse sonho, é um pesadelo para mim…”
Enfim, com Eternal, este jovem Marley criou um monumento musical que o estabelece como um indivíduo independente, criativo, cheio de determinação e talento. Assim como o avô, Jo Mersa Marley está, certamente, pronto para escrever seu legado.
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Ouça ‘Eternal’ – Joe Mersa Marley

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
NAN