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‘Jogi’ mostra que ainda há esperança para a intolerância

Bruno Oliveira

Jogi é o mais novo filme indiano que estreou recentemente na Netflix. Ele mostra a Índia no ano de 1984 lidando com o evento que ficou conhecido como “Massacre dos Siques”.

Após o assassinato de um premiê indiano por seus próprios guarda-costas, que eram siques, começa uma grande onda de violência contra esse povo. Quem era vizinho agora é inimigo, por mais que a maioria fosse completamente inocente. Já temos exemplos de vários atos do tipo pela história e aqui acompanhamos essa barbárie, que posso considerar recente para o país que é considerado milenar.

Sinopse

Em meio à toda essa grande tensão causada pelo assassinato, conhecemos Jogi (Diljit Dosanjh), uma pessoa comum que é pega de surpresa pelos atos de violência que emergem em sua região. Em pouco tempo ele se torna o líder de um grupo de siques que conseguem se esconder da primeira onda de ódio.

Vendo que o tempo deles está se esgotando, Jogi pede ajuda a seus amigos que são de diferentes religiões para poder ajudá-los. A partir daí, todo o tempo que lhes resta é fundamental para conseguir sobreviver.

História maior que seus problemas técnicos

Quando terminei de assistir Jogi, a primeira coisa que fui conferir foi saber até que ponto o que foi contado aqui foi real. O evento realmente aconteceu, mas os personagens são fictícios. No máximo refletem histórias que devem ter realmente acontecido. Esse detalhe não enfraquece o ponto de partida da trama. É simplesmente muito triste ter conhecimento de um massacre desse tamanho em uma época relativamente recente a que estamos vivendo.

Como é possível você simplesmente querer matar os seus conhecidos somente por ter uma religião diferente da sua? Isso aconteceu e, se pensarmos bem, podemos fazer até mesmo um paralelo para os nossos dias atuais com tamanha polarização política. Não chegamos a esse ponto, mas podemos notar que a barbárie não está tão longe assim. De toda forma, esse é só um dos pontos que compõem a história que está sendo contada aqui.

Ainda há esperança

O poder da amizade também é um grande foco. No momento em que os amigos de Jogi, que são de outras religiões, começam a ajudar essas pessoas, notamos que ainda há esperança no ser humano para a intolerância. Apesar de Jogi ser o grande herói da história, ele nunca conseguiria algo sem ajuda dessas pessoas que agiram com amor e determinação. Eles arriscaram as próprias vidas e a de suas famílias também. Tudo por um bem maior e pelo o que achavam certo.

Essa é uma produção original da Netflix e, ao mesmo tempo que a obra pode parecer boa, em outros momentos podemos notar a falta de um orçamento maior. Os takes feitos em lugares fechados são todos OK, sem ter o que reclamar. Mas quando somos levados a um patamar mais amplo, parece que faltou algo. Talvez seja até mesmo uma exigência a mais minha, mas gostaria de ter visto mais do caos provocado na cidade. Outro detalhe negativo é a edição que, aparentemente, cortou alguns momentos a ponto de achar que perdi alguma coisa no caminho.

Conclusão

Jogi é um filme com uma grande história, mas que peca nos detalhes técnicos. Mas não acho que esses pontos negativos atrapalhem realmente a experiência do público em geral. Afinal, o relato contado aqui é maior e o drama consegue nos alcançar com muito mais força. A história está aí para aprendermos com nossos erros. Sem conhecimento do passado é capaz de repetirmos atos do mesmo tipo ou piores. Não nascemos com ódio, aprendemos isso no decorrer da vida.