‘Krypton’ (2ª Temporada) | CRÍTICA

De fato, Krypton surgiu com a interessante premissa de abordar/explorar a mitologia pregressa do Superman, com a história de seu planeta natal e de sua família, sendo focada mais precisamente naquele que se tornaria o avô do Superman, Seg-El. Depois do gás inicial da primeira temporada, que teve uma ótima estreia e bons índices, chegamos, enfim, ao segundo ano. Contudo, ele não foi bem-sucedido.

A trama

A saber, a segunda temporada se inicia com o salto no tempo de alguns meses. Seg é confusamente dado como morto ou como “perdido” na Zona Fantasma em consequência dos eventos do final da primeira temporada. Além disso, o General Zod já está estabelecido como autoridade máxima ditatorial de Krypton e trouxe uma série de avanços estruturais e sociais para o planeta. Ademais, Lyta aparece como seu braço direito, em concordância com os métodos do filho. Por outro lado, Seg, sob a influência de Brainiac, se encontra com Adam Strange em outro planeta (diga-se de passagem, numa interação desnecessária e bastante juvenil entre eles). Por fim, os demais personagens encontram-se às voltas com o novo regime, na maioria dos casos participando do grupo de resistência.

Leia mais:

– CRÍTICA | ‘Krypton’ (1ª Temporada)

– 50% de desconto para assistir ao Anime In Concert Live Show

– CCXP19 | Festival lança aplicativo oficial

Muito barulho por nada

A impressão que fica é que a série quis mostrar muita coisa – o que rendeu algumas sequências interessantes, como uns “easter eggs gigantes”, e outras nem tanto –, mas se esqueceu de fazer uma boa ligação entre elas. Além disso, provavelmente, ocorreram algumas restrições orçamentárias.

Talvez pelo frisson que causou com as divulgações prévias, o ponto isolado mais decepcionante da temporada tenha sido a aparição dele, do maioral: o Lobo. Visualmente, não há do que se reclamar, é verdade. A caracterização do personagem ficou bem fiel ao seu visual clássico. Já a interpretação e a relevância para a história, nem tanto. Isso porque o “putardo” czarniano, arrogante, fanfarrão e “motherfucker” se tornou apenas um valentão imbecil sem nada do “carisma anti-heroístico” que lhe é peculiar. Os rumores é que havia um projeto de uma série spin-off com ele e essa participação seria um teste. Sorte dos produtores, que puderam abortar o projeto antes do fracasso.

Muitos pontos baixos

No mais, como referência à mitologia do Superman, tivemos a apresentação de Jor-El (futuro pai biológico do Superman); retorno do Brainiac; uso da Clemência Negra (da clássica história “Para o homem que tem tudo…” de Alan Moore, uma planta alienígena que ao entrar em contato com alguém age como um parasita, criando uma espécie de sonho alucinógeno  com o mundo perfeito desejado pelo hospedeiro); clones; o extremismo terrorista do Zero Negro; Doomsday (Apocalypse) em ação (inclusive com sua história de origem, um pouco diferente, mas bem inspirada na original); e – talvez – o único ponto alto da temporada: a interpretação do General Zod de Colin Salmon; seu clássico “Kneel before Zod!“ (Ajoelhe-se perante Zod!) soa realmente épico. Destoou tanto de todo o resto que, por vezes, parecia mesmo deslocado em relação aos demais e à própria trama.

Cancelamento inevitável

Com tantos pontos baixos, o resultado era de se esperar. Krypton está oficialmente cancelada após a segunda temporada, assim como a pretendida série do Lobo. Os produtores estão em contato com outros canais para tentar dar continuidade ao seriado, que já tinha, inclusive, um roteiro definido (que seria inspirado em “Superman: Filho Vermelho“, uma história alternativa onde o Superman teria chegado à Terra caindo na região da antiga União Soviética, sendo que Jor-El seria o superman-tirano-comunista).

Resta agora esperar para sabermos se Krypton será “ressuscitada” em algum outro canal e, nesse caso, se dará continuidade a esse roteiro curioso, mas arriscado. Enfim, talvez o melhor mesmo seja manter como está ao invés de arriscar um fiasco ainda maior.

::: TRAILER