La Burca capa desaforo volume I crítica de álbum

‘Desaforo – Volume I’, da La Burca, é uma mudança de direção e um verdadeiro desabafo

Wilson Spiler

Existir e não ser respeitada. A partir desta máxima, a banda paulista La Burca lançou o seu terceiro disco inédito, Desaforo – Volume I, que conta com sete músicas. Este é o primeiro álbum com a nova formação em power trio e com músicas em português. Desta vez, há apenas uma em inglês e duas instrumentais.
O álbum começou a ser trabalhado em 2019, quando houve a mudança na formação go grupo. Atualmente, a La Burca é formada por Amanda Rocha (voz, composição, guitarra); Daniel Guedes (guitarra); e Ed Paolow (baterista). Desaforo – Volume I contou ainda com Saluc Bardo (teclado), na faixa “Aldeia”. A mixagem e masterização é de Guilherme Vazzoler, com arte do encarte por Amanda Rocha, Azucena Rodrigues e Fernanda Robles.

Temas importantes e atuais

Com faixas que recebem influência do post punk, do punk e do folk, a banda La Burca continua em sua missão de abordar temas atuais e importantes como assédio, intolerância contra a comunidade LGBTQIA+, abuso infantil e até mesmo o genocídio provocado pelo nosso infeliz – para ficar no mínimo – presidente da República.
Embora as músicas já estivessem prontas e sendo testadas antes da pandemia em shows pelos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Desaforo – Volume I, da La Burca, foi gravado durante a pandemia e, claro, teve seu lançamento oficial adiado em seis meses. No entanto, isso não impediu que o álbum permanecesse atual.

Pontos altos

Desaforo – Volume I é um álbum mais sereno e talvez seja essa mesma a ideia da La Burca: propor uma reflexão do momento em que vivemos. Afinal, a própria inspiração da capa do disco veio de modo peculiar: a morte de um pássaro causada pelo gato de Amanda Rocha (voz, composição, guitarra), que tinha o coração no lugar da cabeça.
Os pontos altos do álbum são “Planeta”, “Aldeia” e “Mato Sem Cachorro” que vêm, coincidentemente ou não, em sequência no disco. As guitarras e os efeitos utilizados chamam a atenção, remetendo diretamente ao punk dos anos 60, 70, mas trazem também ares de renovação na música.

Pontos baixos

Contudo, falta ao disco riffs mais elaborados e “grudentos”, como “The Flag” e “Trip Me Good”, do antecessor Kurious Eyes. Para uma banda punk, senti falta de alguma música para “bater cabeça” e fazer um mosh (abrir roda) durante os shows. As influências do post punk e do folk são, certamente, bem maiores aqui.
Incomoda um pouco também o excesso de mixagem no vocal de Amanda, que tem personalidade de sobra para não precisar disso. Por muitas vezes fica até difícil entender o que a cantora diz, dificultando a transmissão de uma mensagem tão importante.

O futuro da banda La Burca

Por fim, “Die Angels”, que fecha o disco e é a única em inglês, apesar de boa, soa como um Vanguart em seus momentos mais viajantes e destoa do restante da sonoridade. Pode ser uma mostra do que vem pela frente.
Mesmo sendo inferior ao álbum anterior, Desaforo – Volume I pode ser um recuo importante para a La Burca encontrar de vez o seu caminho. Afinal, qualidade e atitude a banda tem em excesso. E, a julgar pelo nome do disco, teremos um volume II, quem sabe?
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Ouça Desaforo – Volume I, da La Burca

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Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
NAN