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Lana Del Rey retorna mais intimista em novo álbum, Ocean Blvd

Gabi Lima

Lana Del Rey volta mais uma vez ao cenário musical depois de um 2022 mais reservado e particular. Após o lançamento de Chemtrails Over the Country Club e Blue Banisters em 2021, Lana optou por se distanciar das redes sociais para viver mais seu lado familiar e pessoal, numa viagem sabática mergulhando em suas origens. O sucessor desta vez é Did you know there is a tunnel under the Ocean Blvd. O álbum conta com 16 faixas e algumas participações, incluindo com Father John Misty, algo tão desejado pelos fãs dos dois artistas.

O DIÁRIO DEL REY

Assim que começa, o álbum possui um deslize. Em The Grants, a primeira faixa, o trio de backing vocals erram os versos em “I’m gonna take mind of you with me”. Ao invés de “mine”, logo eles recomeçam a música e acertam na segunda vez. Outros artistas descartariam esse tipo de equívoco, mas não Lana Del Rey. A artista usa a abertura para reafirmar a intenção do lançamento ser um reflexo da sua vida como mulher e cantora: imperfeita e confusa. Contudo, sem deixar que o desarranjo tire a beleza graciosa de seu trabalho poético.

Nas faixas seguintes de Ocean Blvd é apresentada a vida de Lana Del Rey com questões a circular sua vida particular: família, amores, futuro, laços de amizade e maternidade. As músicas vão e voltam nesses temas pertinentes no cotidiano das mulheres aos 30 anos (visto que agora Lana tem 37 anos). O sentimento ao ouvir Fingertips e Sweet é como abrir o diário particular da cantora e entrar em seus sentimentos, aflições e ponderar sobre a existência ao lado dela.

ESTILOS E REFERÊNCIAS

Ao longo dos anos, Lana construiu sua identidade musical com tons melódicos e mergulhos na era da Old Hollywood. Os álbuns passados sempre estão associados às imagens antigas de Los Angeles, da beleza da West Coast com sua decadência moral. Toda essa estética é colhida por Del Rey em seu novo álbum: as músicas novas imergem do piano clássico com o acalento da voz num jazz. É possível traçar linhas suaves de guitarras, batidas sonoras do R&B e cacofonia por todo Ocean Blvd, até mesmo quando nos é apresentado uma pregação religiosa e sons de risada ao fundo. Algo incomum na indústria da música, mas que faz parte do Universo Del Rey.

REFLEXÃO

Por todo álbum Lana transita pela sonoridade que a tornou tão conhecida: a estética Born to Die. Entretanto, desta vez com mais elevação musical e som refinado, mas com a forte presença da Beat Poetry e o estilo de canto doce ao som do piano de fundo, inspirado nas músicas de Stevie Nicks – uma das musas de Del Rey. Além disso, Lana continua a cantar sobre a dicotomia entre o sagrado e o profano de uma maneira única. Suavemente ela passeia entre o desejo sexual feminino e a fé num paraíso com memórias de sua vida. Did you know there is tunner under the Ocean Blvd é a nova versão de Del Rey com toque vintage e a mentalidade sobre a vida de uma mulher americana moderna. Ou melhor an experience of being an American whore.

Este é o nono álbum da cantora estadunidense, disponível nas diversas plataformas de streaming. Lana del Rey está com passagem marcada ao Brasil, a artista será uma das headliners do Festival MITA que acontecerá em maio, no Rio e em São Paulo.