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Conheça as diferenças entre as duas versões de ‘Liga da Justiça’

Pedro Marco

Um grande marco para a história do cinema completa sua realização no streaming. Um manifesto de fãs fazendo a Warner Bros voltar atrás em sua decisão e liberando o que por anos era taxado como um rumor. Uma lenda. Sim, o corte original de Zack Snyder para a maior equipe de super-heróis dos quadrinhos está entre nós. E apesar de não ser preciso quatro horas para ler a crítica, precisamos conversar sobre as diferenças entre os dois cortes da Liga da Justiça.
Bem, vamos nos abster de todo o histórico que levou à realização desta nova versão e focar realmente no produto entregue aos fãs em formato audiovisual. Temos aqui uma continuação direta do controverso Batman vs Superman, explorando o conceito do subtítulo “Origem da Justiça”. Tocado pelo falso julgamento que teve pelo último filho de Kripton, Bruce Wayne, ou Batman (Ben Affleck), busca reunir um grupo de super-seres para auxiliar contra um suposto perigo iminente vindo dos céus. Em paralelo, as hordas de Apokolips lideradas pelo Lobo da Estepe se aproveitam da ausência de Superman para tomar a terra em nome de Darkseid.
OK. Em suma, a sinopse é basicamente a mesma do que vimos nas telonas em 2017, certo? Mas quais as diferenças e o que, de fato, muda, justifica e melhora (ou piora) nesta versão primária de Liga da Justiça realizada pelo também diretor de O Homem de Aço e Batman vs Superman?

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Superman

Uma das primeiras diferenças notáveis entre as duas versões de Liga da Justiça é, certamente, Clark Kent (Henry Cavill). Enfim nos despedimos do tenebroso CGI que foi usado para retirar seu bigode e pudemos (fãs de quadrinhos) vibrar com a referência do uniforme preto utilizado após a sua ressurreição. Por surpresa, mesmo em um filme tão longo, ainda há o que sentir falta. Como, por exemplo, uma breve explicação de que este uniforme potencializa a captação de raios solares. Ou mesmo o estranhamento dos colegas de equipe ao novo look, mas vamos passar por enquanto por estes pormenores.
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O líder da Liga da Justiça perde algumas cenas como a aposta de corrida com o Flash, o voo carregando um prédio nas costas, ou mesmo a linha de “Você sangra?” invertida entre ele e o Batman em seus novos momentos de vida. Mas, em contraponto, sua cena de ação ganha uma interação maior, mais harmônica e melhor coreografada entre os membros da equipe durante a luta com o Lobo da Estepe. Além disso, há uma emocionante narração intercalada por seus dois pais antes de seu voo aos céus.
No que tange ao luto por sua morte, a desconexão com a humanidade e a falta de mais cenas mostrando o Superman pré-Apocalipse em ação fazem falta para criar o clima de urgência. Por mais que o luto, de fato, corra entre Martha, Lois e Bruce, a inspiração dele para os demais heróis segue um buraco ainda não preenchido, mas com fortes e falsas esperanças para o que viria em um improvável O Homem de Aço 2.

Batman

Voltando para o Homem Morcego, umas das diferenças mais gritantes entre os dois filmes da Liga da Justiça é uma atuação sóbria, detetivesca e mais à vontade de Ben Affleck. Contrastando tristemente com a versão cansada e incômoda com as piadocas nas regravações polêmicas de Joss Whedon. “Sem dúvida tem algo sangrando aqui”, faça-nos o favor!
Ademais, temos bem menos Batman e mais Bruce Wayne. Sem a cena filmada por um iPhone nos telhados de Gotham com o ladrão fujão e momentos pontuais no clima entre ele e Diana, na devoção pelo símbolo do Superman e até mesmo em seu respeito pelo trabalho do Alfred ao dizer que trabalha para ele.
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Mulher-Maravilha

Por outro lado, Diana (Gal Gadot) e as amazonas de Themycira ganham praticamente um terceiro filme solo em toda a expansão de suas cenas na ilha paraíso, no trabalho como arqueóloga a lá Indiana Jones e nos flashbacks da primeira batalha com Darkseid.
A Mulher-Maravilha se fixa como um bastião de esperança para os jovens, além do principal elo entre as duas investidas de Apokolips contra a Terra. Não apenas a narração dos tempos antigos, como já havíamos visto em versão encurtada no filme anterior, mas sua relação amistosa com Aquaman (Jason Momoa), um atlante, começa a beirar uma espécie de homenagem à relação entre Gimli e Legolas na trilogia de O Senhor dos Anéis.

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Aquaman

E por falar no futuro Rei dos Mares, também há enormes diferenças entre as duas versões de Liga da Justiça. Deixamos de lado os gritos caricatos de “Yeah! E Ma’men!” para dar entrada a um Aquaman mais contido e próximo do herói dividido entre dois mundos que vimos em seu filme solo. Sem cenas como a confissão acidental ao sentar no laço da verdade, que até era bem bacana, acabam dando lugar para um extenso videoclipe com cara de comercial de shampoo.
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Flash

Por fim, o velocista escarlate, Flash, e Victor Stone, o Ciborgue, foram os que mais tiveram sua redenção com este novo corte que veio ao ar pela HBO Max. Nesta versão de Liga da Justiça, as diferenças fazem sentido até para a narrativa do filme.
Afinal, se antes as críticas dos fãs mais ferrenhos caíam sobre um Flash (Ezra Miller) bobalhão e que dizia não conseguir salvar as pessoas, mas somente empurrá-las e sair correndo, agora é substituído por um herói a vontade com seu alter ego e que se diverte com seus poderes.
Desde sua cena a lá Mercúrio em Dias de Um Futuro Esquecido, onde salva Iris West de um acidente de trânsito, até o desfecho com a força de aceleração agindo como um modificador do tempo em um clímax de tirar o fôlego, a trajetória de Barry Allen beira o desenvolvimento de um filme próprio em um universo à parte dos eventos principais. Assim como compõe à equipe e o tom leve do filme de forma muito mais confortável.
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Ciborgue

Já a presença do Ciborgue justifica completamente a reação explosiva de Ray Fisher contra o corte de cinema. Victor Stone é, de fato, o coração do filme. Um dos personagens centrais da trama. A exploração de seu passado e psique de Frankenstein (que no corte anterior foi jogado fora em troca dele gravar uma cena dizendo “Booyah”) ganha corpo com toda sua relação familiar conturbada em um crescente até se tornar um super-herói.
Entretanto, no corte de Zack Snyder somos convidados para uma viagem na cabeça cibernética do personagem e do acréscimo de um herói justificado por um intelecto físico e mental prévio ao acidente com a caixa materna.
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Motivação

Mas não é só da equipe título que a Liga da Justiça de Zack Snyder é feita. Um grande aprofundamento na história, bem como a motivação do Lobo da Estepe e do Darkseid, são criados em um pano de fundo de traição, penitência e redenção. Justificando, dessa forma, tanto a ferocidade de seu ataque, quanto o porque de não termos tido o vilão principal na primeira investida. Além de visuais completamente novos e de qualidade visivelmente superior, o universo de Apokolips é expandido para os asseclas Dessad e Vovó Bondade. Assim como um flerte com o conceito da Equação Anti-Vida, que viria a ser explorado numa extinta sequência do longa da equipe.
A nova censura do filme tem lá suas justificativas. Afinal, há um desfecho brutal para o vilão e alguns de seus parademônios. Além disso, o longa utiliza de uma linguagem mais pesada em momentos pontuais. Enfim, personagens novos como o Caçador de Marte e uma versão pós-apocalíptica de Mera, Exterminador e Coringa fecham com chave de ouro o gosto de quero mais que os DCnautas achavam que nunca sentiriam novamente neste universo.
Em resumo, o corte de Zack Snyder para a Liga da Justiça era, de fato, um filme completamente diferente. Certamente nem tudo são flores. Visto que boas cenas de Joss Whedon ficaram de fora. Ademais, um excesso de videoclipes e câmeras lentas fazem lembrar a duração extensiva do filme. Mas, com ritmo consertado e conceitos simplórios da esperança de uma era de heróis restaurado, a nova Liga da Justiça consegue ser, enfim, o grupo de heróis que Os Sete de The Boys se esforçam em fingir ser igual.
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Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
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