Lil Nas X vem para abalar as estruturas do conservadorismo em ‘Montero’
Cadu Costa
Lil Nas X, a alegre estrela pop de 22 anos costuma ser uma figura incrivelmente confiante em público. Tapetes vermelhos e palcos de shows de prêmios recentemente se tornaram vitrines internacionais de sua imaginação andrógina travessa. Nas redes sociais – seu próprio parque de diversões pessoal – suas réplicas a haters parecem tão fáceis que levantam uma questão filosófica moderna: qual é o som da ironia?
Mas em seu álbum de estreia melodioso e introspectivo, Montero, essa chamativa armadura pública de cai para revelar vulnerabilidade e dúvida. “Você é um meme, você é uma piada, tem sido um truque desde o início”. Lil Nas X zomba de si mesmo no torturado “One of Me”, incorporando as vozes de seus críticos mais cruéis com tanto entusiasmo que soam indistinguíveis dos demônios em sua própria cabeça.
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Mas quem é Lil Nas X, o ousado rapper da nova geração?
Primeiramente, Montero Lamar Hill – seu nome verdadeiro – é um típico modelo de um jovem da geração Z com um enorme talento. Já Lil Nas X ganhou espaço na mídia com personalidade e originalidade. Aliás foi dessa forma que ele quebrou estereótipos do rap, quando mesclou o ritmo com outros gêneros e ao falar abertamente sobre ser gay num momento onde sua música dominava as paradas a nível global.
Quebrando estereótipos desde seu surgimento, não era de se esperar que seu álbum de estreia fosse vir cercados de expectativas. E elas se confirmam desde a primeira faixa, Montero (Call By Your Name), single de Lil Nas X já conhecido pelo polêmico clipe que incomodou os conservadores americanos. Sob uma batida pop aliada a sons flamencos, o rapper apenas aborda sua vida sexual com termos que tantos outros usam há décadas. Mas ele é um homem gay assumido e isso incomoda. Vale destacar que o vídeo recebeu três prêmios recentemente no MTV Video Music Awards (VMA) 2021, entre eles, o de Melhor do Ano.
Referências diversas
Montero tem tantas referências que fica difícil não buscar todas as influências. “That’s What I Want”, por exemplo, é pura homenagem ao Outkast nos anos 2000. Já Sir Elton John toca piano em “One of Me” e parece ser uma benção de outro ícone LGBTQIA+ ao novo queridinho do pop mundial.
Além do já citado Elton John, o disco traz as participações de Jack Harlow (“Industry Baby”); bem como Doja Cat (“Scoop”); Megan Thee Stallion (“Dolla Sign Slime”); e Miley Cyrus (“Am I Dreaming”). Todos ajudam Lil Nas X a se firmar como uma estrela da música em Montero, que, em breve, vai incomodar muito mais. Gostamos!
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