Livro Mobilidade Antirracista

Livro ‘Mobilidade Antirracista’ reflete e debate o racismo no ir e vir

Cadu Costa

O quanto uma pessoa pode ser privada do seu ir e vir com a pena de não mais existir? Como pessoas pretas se tornam alvos com uma simples ida ao trabalho ou a uma consulta médica? É exatamente alguns desses questionamentos que o livro Mobilidade Antirracista tenta responder. A obra é uma parceria da Fundação Rosa Luxemburgo com a Autonomia Literária.
Ao longo de suas 400 páginas, a publicação debate temas como espacialidade urbana, direito de andar pelas ruas sem correr riscos e, claro, o racismo, de uma forma pouco vista antes.
“Almejamos a contribuição e oferecemos, nesta produção, debates que pensam a mobilidade baseada no direito a transitar que determina o direito de existir”, explica Rafaela Albergaria, uma das organizadoras da publicação.

Consequências da ineficiência e descaso

A própria Rafaela sofreu as consequências da ineficiência e do descaso no sistema de transporte coletivo. Afinal, a prima dela, Joana Bonifácio, morreu aos 19 anos ao cair nos trilhos da estação de trem Coelho da Rocha (RJ).
A partir desse fato, Rafaela e sua família iniciaram uma mobilização. O objetivo era debater a recorrência desse tipo de situação. Assim como a necessidade de repensar mobilidade enquanto direito de ir e vir com segurança.
A publicação traz textos de notáveis. Temos, por exemplo, nomes como o ex-BBB Lucas Koka Penteado; bem como a atriz e cantora Elisa Lucinda; o rapper BNegão; a assistente social Lúcia Xavier; a deputada federal Talíria Petrone; entre outr@s. Dessa forma, em vários desses relatos, podemos ver o quanto o sistema de transportes do Brasil é racista, desigual e excludente.

Poesias, artigos acadêmicos e análises

Numa narrativa temática composta de poesias, artigos acadêmicos e análises, o livro Mobilidade Antirracista faz refletir o quanto o simples ato de circular e acessar tudo o que integra o nosso cotidiano (trabalho, escola, lazer, por exemplo) não é garantido de forma sustentável e inclusiva à população. Especialmente pessoas pretas, pobres e periféricas.
No texto de contracapa que apresenta a publicação, Silvio Luiz de Almeida, doutor em direito, advogado e presidente do Instituto Luiz Gama, afirma:
“O tratamento dispensado pelo presente livro à questão da mobilidade urbana nos leva a refletir como o racismo opera na configuração dos espaços e na determinação das condições com que os corpos se movimentam em cidades organizadas pela lógica da exploração capitalista. Por isso, a luta antirracista consiste na formulação teórica e na realização de práticas políticas que quebrem as interdições raciais e de classe”.
Enfim, Mobilidade Antirracista é o terceiro livro da coleção “Cidade Livre”. Da mesma série, há também as obras Passe livre: As Possibilidades da Tarifa Zero contra a Distopia da Uberização, de Daniel Santini; assim como Tarifa Zero: A Cidade Sem Catracas, de Lucio Gregori, Chico Whitaker, José Jairo Varoli, Mauro Zilbovicius e Márcia Sandoval Gregori.
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Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
NAN