A musicalidade de Malize na nova cena da MPB carioca
Rafael Vasco
Cantor e compositor carioca, Malize faz parte da nova cena da MPB no Rio de Janeiro, formada por jovens artistas que se denominam de “cantautores”, pois compõem e cantam seu próprio material. Atualmente, essa renovação musical do gênero tem nomes como Luciane Dom, Tuca Oliveira e Victor Mus.
Malize tem na bagagem o EP “Passageiro”, que além da faixa título traz também a canção “Não Sei”, trabalho de 2017. Já no ano seguinte, em parceria com o músico André Neiva, conhecido baixista e produtor musical de Jorge Vercillo, o artista lançou três de suas composições, “Sorriso Bobo”, “Nossa Flor” e “Descalço”, já disponíveis em todas as plataformas digitais.
Neste ano, ele gravou um novo EP e inicia os trabalhos com o single “Anatomia”, lançada em 30 de outubro. O clipe da canção conta com a participação especial da atriz Giovanna Coimbra, que atuou na novela Bom Sucesso, da TV Globo (2019). No vídeo, ela e o cantor formam um casal que flerta a todo tempo ao som da inspirada letra escrita pelo artista.
O ULTRAVERSO bateu um papo com Malize e descobrimos mais sobre a concepção de sua nova música de trabalho, parcerias e produção no isolamento social. Confira, portanto, nossa conversa com este cantautor carioca:
ULTRAVERSO: A sua nova música, “Anatomia”, tem uma letra provocante e sensual. Nesse sentido, como surgiu a ideia de escrever sobre essa temática?
MALIZE: Essa é a primeira música em que abordo a temática mais sensual, falando de assuntos mais íntimos, mas a composição fluiu de maneira despretensiosa, não imaginava que pudesse receber o carimbo das redes sociais como sendo “explícita”. Porém, curiosamente comecei a compor pelo refrão, que considero um dos mais intensos dentre as minhas composições. Mas, a melhor coisa para um compositor é quando sua música chega às pessoas, quando se identificam. Por isso, “Anatomia”, tanto a canção quanto o clipe, me trouxe um feedback maravilhoso, percebo que a música permite diversas interpretações e isso me inspira a compor e a continuar trabalhando para chegar ainda a mais pessoas.
Seu mais recente EP foi produzido pelo Rodrigo Vidal, vencedor de 4 Grammys Latinos. Como funcionou essa parceria e se imagina seu trabalho sendo reconhecido por um prêmio dessa importância?
MALIZE: É uma parceria que me enche de orgulho. Conhecia o Vidal pelo seu trabalho e nos esbarramos em diversas ocasiões especiais, antes mesmo de imaginar que um dia ele produziria algo meu. Trabalhar com ele é fácil, o considero um gênio e reuniu um timaço para as gravações dos 4 singles do meu novo EP. Por fim, quanto a chegar a ganhar um prêmio, tenho trabalhado bastante e construído minha carreira com muito cuidado e é claro, sonho alto e almejo reconhecimento. Entretanto, acho que o grande barato é subir degrau por degrau, curtindo a vista.
No ano passado teve oportunidade de abrir o show do Rodrigo Suricato. Assim sendo, de que maneira enxerga o apoio de quem já tem certa visibilidade para fortalecer o crescimento do segmento musical?
MALIZE: Abrir o show do Rodrigo Suricato, no Imperator, foi um grande privilégio, um momento mágico em que pude apresentar meu trabalho autoral para um público maior. Aliás, a iniciativa do Suricato de abraçar artistas da cena independente é um ato generoso e fundamental para movimentar o segmento, especialmente porque a troca é importante. Por isso, se outros grandes nomes da MPB fizessem o mesmo, novos nomes poderiam surgir e movimentar o cenário da música popular brasileira.
E falando nisso, você foi finalista no Prêmio Bar MPB (2020). Portanto, conte sobre essa experiência e como absorveu esse aprendizado?
MALIZE: Festivais de música e eventos como o Prêmio Bar MPB servem como vitrine para que muitos artistas exponham seu trabalho autoral. Ou seja, isso só amplifica a nossa música. Sendo assim, ter chegado à final, ao lado de tanta gente talentosa e na frente de um seleto e respeitado júri foi mesmo incrível. Tive a oportunidade de conversar e ouvir Roberto Menescal, Nelson Farias e outras referências para falarem da minha música.
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Aliás, pode dizer quais são as suas referências e como elas influenciaram na produção da sua música?
MALIZE: A música me acompanha desde criança, tive inúmeras referências, sou fã da nossa MPB. O primeiro artista que me inspirou a fazer uma imersão na sua obra foi Herbert Vianna. Também me inspiraram Celso Blues Boy e sua guitarra, a poesia de Jorge Vercillo, de Gil e de Djavan, e o violão de aço de Rodrigo Suricato, que me abriu portas para a composição. Hoje em dia, sou apaixonado pelas canções de Paulinho Moska.
Durante a quarentena, ainda que de forma online, pudemos ter acesso ao seu projeto “Na Sala de Estar”. Logo, como foi lidar com a produção de arte no isolamento social?
MALIZE: Esse projeto inicialmente aconteceu fisicamente, ao vivo e com público presente, na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema. Foi uma temporada de 3 semanas, onde recebi Cassiano Andrade, Federico Puppi e Victor Mus. Esse intercâmbio cultural funcionou tão bem, que durante a pandemia relancei o projeto virtualmente e tem sido uma experiência enriquecedora.
De maneira online já recebi mais de 30 músicos da cena independente. Porém, no início da pandemia, achei que minha fonte de inspiração se esgotaria, porque o cotidiano e as pessoas me inspiram, mas unir essa turma talentosa num projeto, assistir séries e ler, foram essenciais e me ajudaram a produzir durante o isolamento social. Mas, também trabalhar o lançamento de “Anatomia” ainda neste ano complicado foi motivador, me deu o gás que eu precisava.
Conheça o trabalho de Malize
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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Corrente do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!
Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho.
Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail wilson@ultraverso.com.br! Aquele abraço!