‘Martha is Dead’ peca pelos excessos
Guta Cundari
Na época de seu anúncio, ‘Martha is Dead’ foi muito comentado em relação ao quão violento ele poderia ser, contendo muitos avisos de censura e o investimento que a Sony estava colocando em cima disso. Devo admitir que não levava fé, achando que talvez pudesse ser um pouco de exagero. Após dar o play e começar minha campanha, percebi que de fato todo esse cuidado era necessário.
Antes de iniciarmos a campanha é perguntado se desejamos jogar o modo com censura ou com tudo liberado. Mesmo estando acostumada a esse tipo de conteúdo, sendo uma amante do terror e gore, senti a necessidade de trocar para o modo censurado, já que muitas imagens acabaram embrulhando um pouco meu estômago.
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Martha is Dead
Em Martha is Dead, a protagonista morreu e sua irmã gêmea, Giulia, a filha mais nova de um soldado alemão, precisa lidar sozinha com o trauma avassalador da perda e as consequências do assassinato. A busca pela verdade está envolta pelo folclore misterioso e pelo horror extremo da guerra, que se aproxima cada vez mais.
A trama violenta segue de maneira diferente, fugindo daquele monstro atrás de nós em momentos de tensão. Porém, somos perseguidos por algo bem mais pessoal para Giulia e todas as reviravoltas que a trama segue em volta dela, principalmente quando falamos em reviravoltas. O horror da personagem é totalmente psicológico, explorando os medos da mente humana e os traumas, mas que em muitos momentos acaba exagerando e trazendo a tona de maneira desnecessária. O tom em certos pontos até chega a ser meio sádico, querendo mostrar algo glorioso, mas não chega nem um pouco perto disso, transformando em algo exagerado e desconfortável apenas.
Violência
A violência do game, pelo menos na minha opinião, poderia aparecer de maneira diferente mostrando questões como, a depressão e problemas psicológicos, de jeito sensível e que explique para o público aquela situação. No entanto, somos bombardeados por cenas pesadas e que beiram ao mau gosto, tratando de maneira até mesmo ofensiva e cheia de gatilhos para os players mais sensíveis. E que, mesmo com o aviso de censura, talvez nem isso acabe ajudando.
A gameplay é extremamente monótona, sendo em certos momentos interessantes a exploração, mas a lerdeza da personagem torna cansativo fazer certas missões que são pedidas. Nem mesmo a direção e o que devemos fazer é bem explicado, deixando muitas vezes algumas coisas meio confusas. Um exemplo disso é quando precisamos encontrar a bomba para encher a roda da bicicleta. Fiquei um bom tempo para encontrar aquele item, que mesmo sendo opcional, tive curiosidade em saber se tornaria minha vida um pouco mais rápida. E no final acabou levando mais tempo e não sendo tão útil assim.
Confusões
O mapa e as marcações são muitas vezes confusas, em que ficamos mais tempo olhando o mapa do que propriamente andando para chegar ao objetivo rapidamente. E não apenas isso, mas no momento que cheguei ao ponto de precisar me comunicar por código morse por um telégrafo, quase senti vontade de desistir de jogar. Minha sorte foi ter em casa um livro que explica sobre o código morse, mas nada impede que uma busca no google seja feita, caso necessário.
Outro problema também é a mecânica, que acaba sendo extremamente lenta. Não apenas em nos movimentarmos, mas quando precisamos revelar fotos – que em muitos momentos é desnecessário – mas quando devemos mudar o objeto que está em nossas mãos. Não existe um atalho para isso, em que devemos abrir o menu e selecionar qual queremos usar, tornando tudo ainda mais trabalhoso e lento, principalmente nos momentos que estamos explorando a noite.
Pontos positivos
Porém, não é apenas de erros que devemos tratar Martha is Dead. Coisas boas também estão presentes durante a gameplay e uma delas é o ambiente e som. A luz, ambiente e som nos levam facilmente para os momentos de tensão e tranquilidade durante as passagens do game, trazendo um diferencial. Jogar usando um headset é o mais correto, facilitando identificar certos sons e até mesmo ficar mais imerso naquela trama. Então é interessante ficar sempre atento. Afinal, mesmo que tenhamos paz em certos momentos, nunca é tarde para algo bizarro ocorrer, mesmo que seja rapidamente.
Por fim, Martha Is Dead não é o melhor terror que tive o prazer de jogar, porém trouxe uma experiência diferenciada. As intenções do game são boas, porém o exagero faz com que possa acabar afastando certos players e até mesmo a desistência daqueles que já tenham começado. As dificuldades impostas por certos conhecimentos também irão atrapalhar, mas se você for persistente, talvez não seja um incômodo. Então, caso você curta um desafio e algo perturbador, vai que é tua; mas caso seja um jogador mais sensível, recomendo passar bem longe.
Trailer Martha is Dead
Prós
- Ambientação
- Som
Contras
- História
- Mecânica
- Violência exagerada
- jogabilidade
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