Mate ou Morra crítica do filme Boss Level

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‘Mate ou Morra’: previsível, divertido, violento e cheio de humor

Cadu Costa

Filmes de ação são sempre considerados uma grande mentira. Sejam nas sequências absurdas de “exército-de-um-homem-só” quanto nas explosões sem o menor sentido, o gênero fez a fama de diversos astros de Hollywood e deve sempre ser considerado como um sinônimo de diversão.

Recentemente, muitos longas de ação passaram a reproduzir um tanto de cenas dramáticas e outras mais politizadas. É legal, claro. Afinal, traz o debate e aproxima o cinema-entretenimento do momento atual. É sempre importante. Mas cadê a graça?

Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone, Bruce Willis, Jean-Claude Van Damme, Dolph Lundgreen, Wesley Snipes e diversos outros fizeram as nossas sessões de cinema muito mais divertidas com diálogos idiotas, muita porrada, muito tiro, muita bomba e pouco cérebro. E isso é muito legal também.

Assim como é muito bacana quando alguém tenta trazer esse espírito de volta. E é exatamente isso que vemos neste Mate ou Morra (Boss Level), um filme que é uma homenagem à tudo que gostamos no gênero de ação.

Sinopse de Mate ou Morra

A história é muito divertida: Roy Pulver (Frank Grillo, a quem lembramos por seu papel antagônico de Ossos Cruzados em Capitão América: Guerra Civil) é um soldado aposentado das forças armadas especiais, que se encontra preso em um loop de tempo infinito onde experimenta sua morte todos os dias. Ele desconfia de fazer parte de uma sinistra experiência governamental, porém, terá que viver indefinidamente, no mesmo dia, todos os dias, a fim de unir as pistas que surgem em seu caminho e, assim, poder dar sentido a esse mistério que o rodeia.

O assunto dos loops de tempo, aliás, não é algo novo no mundo do cinema. Nos últimos anos, tivemos produções que exploram um tema semelhante, como No Limite do Amanhã (2014) e A Morte Te Dá Parabéns (2017). Isso sem falar do clássico Feitiço do Tempo, do longínquo ano de 1993. Contudo, se há algo que se sobressai no filme Mate ou Morra é a sua essência, definida por uma violência extravagante e sem censura retratada de uma perspectiva crua, mas ao mesmo tempo irônica, que nos lembra muito o estilo visual de Kill Bill (2003), ou mais recentemente, Deadpool (2016).

Humor ácido

Além disso, seu humor ácido nos proporciona momentos extremamente engraçados que liberam um pouco de tensão nas cenas, mas sem quebrá-la por completo, aspecto extremamente difícil de concretizar. Fora que sua abordagem descontraída (vamos chamar assim) permite ao espectador se deixar levar pelo que está vendo na tela, já que o filme não tenta se levar muito a sério e cria um ambiente agradável para o público. Isso se reflete, por exemplo, nos momentos em que são feitas referências a longas e personagens importantes da cultura pop. São pequenas cenas ou diálogos que realmente não acrescentam nada ao enredo, mas que, em última instância, nos farão sorrir.

Por exemplo, você aí que tem seus 30 e tal: duvido que você não suspire quando vir Roy jogar videogame com seu filho numa daquelas nostálgicas lojas de fliperamas. Quando ouvirem sobre os jogos Altered Beast, Double Dragon e, principalmente, aparecer Street Fighter na telona, o coração nerd gamer vai entrar em colapso.

A emoção é um sentimento interessante em Mate ou Morra. Literalmente, desde o primeiro minuto, o filme nos submerge totalmente neste mundo de ação, aventura e explosões de que faremos parte nos próximos 100 minutos. Sequências fantásticas e coreografias de luta muito atrativas visualmente, como se se tratasse mesmo de um videogame dos anos 90. Daqueles que cativam desde o início, deixando-nos com vontade de saber o que vai acontecer depois.

crítica do filme Mate ou Morra Boss Level

Pagando as contas

Enfim, se há algum ponto negativo, podemos pensar numa certa falta de carisma ao ator Frank Grillo. Como alguém acostumado a poucos holofotes na indústria, quase sempre acostumado a papéis secundários, o ator entrega algo até surpreendente. Sua atuação diverte, mas há um certo estranhamento em vê-lo tão à vontade.

Assim como causa estranheza ver Naomi Watts (estrela do distante O Chamado, de 2002) e Mel “Máquina Mortífera” Gibson tão confortáveis em papéis absolutamente ridículos. Aliás, os dois mostram o nível de atuação numa cena em que contracenam. Gibson – que interpreta o vilão Coronel Clive Ventor – tem um diálogo com a personagem de Watts, Jemma Wells, que nos faz perguntarmos o que diabos o William Wallace, do oscarizado filme Coração Valente (1995), está fazendo ali. A resposta é: pagando as contas, claro.

Mas, seja como for, Mate ou Morra é um filme previsível, divertido, violento e cheio de humor. Tudo o que mais adoramos no cinema. Então vá com tudo!

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Trailer do filme Mate ou Morra

Mate ou Morra: elenco do filme

Frank Grillo
Mel Gibson
Naomi Watts
Will Sasso
Annabelle Wallis

Ficha Técnica

Título original do filme: Boss Level
Direção: Joe Carnahan
Roteiro: Joe Carnahan, Chris Borey, Eddie Borey
Distribuição: Imagem Filmes
Data de estreia: qui, 16/09/21
Onde assistir ao filme ‘Mate ou Morra’: nos cinemas
País: Estados Unidos
Gênero: ação
Duração: 94 minutos
Classificação: 12 anos

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
NAN