‘Medusa’ é extremamente ousado; e isso é tão bom quanto ruim
Bruno Oliveira
Eu adoro ver filmes que começam de uma forma utópica, pois isso é completamente ilusório e, até o final da projeção, é certo que esse mundo irá ceder. Medusa começa em um universo de perfeição para os evangélicos. Se, para eles, a utopia reina, para o resto ele é completamente distópico.
A hipocrisia e a lavagem cerebral prevalecem e atos horríveis são vistos como expurgo e tudo parece belo aos cristãos. A sua proposta vai muito bem, possui um belo desfecho, mas se perde em uma maluquice visual da qual me fez perguntar o que eu estava vendo.
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Sinopse
Na trama, Mariana (Mari Oliveira) faz parte de um grupo musical de seu culto chamado ‘Michele e as Preciosas’. À noite, ela e suas amigas vão, mascaradas, às ruas para dar uma lição nas mulheres desgarradas do rebanho evangélico.
Após um desses ataques dar errado, a protagonista vai começar, aos poucos, a ver que a vida não é necessariamente isso que conhecia. Um grito de desespero que está preso nela clama por ser solto e isso irá afetá-la para sempre.
Devaneios visuais
Medusa tinha um caminho fácil a percorrer. Consegui ver diversas formas do roteiro seguir em frente mantendo o drama, sendo de uma leitura rápida e mantendo bem a percepção das coisas. O problema (ou apenas uma opção narrativa mesmo) é que o filme vai pelo caminho mais difícil possível.
Isso não chega a ser um demérito, é apenas a coragem da diretora Anita Rocha da Silveira (“Mate-Me Por Favor”), que preferiu colocar devaneios visuais e de difícil percepção de significados que me fizeram ficar perdido com relação ao rumo da história.
Por um gosto pessoal, esse detalhe meu tirou do que estava vendo e comecei a me perguntar o que está acontecendo, a ponto de achar que não estou entendendo absolutamente nada. Isso acontece no momento em que nossa protagonista começa a trabalhar na clínica de pessoas em coma.
Louco, mas são
A loucura vem e bate forte, mas acredito que, em seus momentos finais, o longa consegue voltar aos trilhos. Por mais que tais devaneios continuem, o entendimento fica claro, mesmo que nos mostre apenas de forma metafórica o sentimento de libertação das mulheres perante àquela ‘prisão’.
A hipocrisia evangélica é escancarada de uma forma bem caricata aqui. Esses detalhes nos trazem momentos realmente muito bons. Como exemplo maior disso, temos a personagem Michele (Lara Tremouroux), que nos dá as melhores cenas de toda a película.
Desde o momento em que a protagonista ensina como tirar uma selfie, passando por ela contando uma história horrorosa na beira da piscina (em um lindo take), até o tutorial de maquiagem para mulheres que podem ser agredidas pelo marido. Para mim, os melhores momentos de toda a obra.
Conclusão
Medusa é daqueles filmes com presença garantida em qualquer festival de cinema espalhado pelo mundo, podendo até ser vencedor de alguns. Porém, ele não é nem um pouco comercial. Isso impede uma maior visibilidade do grande público, deixando-o restrito a apenas um pequeno nicho. Uma pena, pois apesar de sua loucura visual, ele nos dá uma bela história.
A opção pelo caminho mais difícil é muito corajosa, mas faz com que o filme fique relegado a um público bem pequeno de apreciadores.
Onde assistir ao filme Medusa?
A saber, Medusa estreia exclusivamente nos cinemas brasileiros no dia 16 de março de 2023.
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Não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do ULTRAVERSO:
Trailer do filme Medusa
Medusa: elenco do filme
Mari Oliveira
Lara Tremourox
Joana Medeiros
Felipe Frazão
Thiago Fragoso
Bruna Linsmeyer
Bruna G.
Ficha Técnica do filme Medusa
Título original do filme: Medusa
Direção: Anita Rocha da Silveira
Roteiro: Anita Rocha da Silveira
Duração: 127 minutos
País: Brasil
Gênero: fantasia, terror, drama
Ano: 2021
Classificação: a definir