Meu nome é Daniel

‘Meu Nome É Daniel’ | CRÍTICA

Leonardo Lima

Com roteiro assinado pelo protagonista Daniel, em parceria com Vinicius Nascimento e Debora Guimarães, o projeto do longa-metragem Meu Nome É Daniel foi viabilizado através de uma campanha de crowdfunding em 2015. E, de lá pra cá, foi visto em Curitiba, com ótima recepção do público; Amsterdã, com 3 salas lotadas; e na 42ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

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Sobre o filme

A saber, Daniel Gonçalves nasceu com comprometimentos neurológicos que até hoje não foram diagnosticados. Então, neste documentário pessoal, narrado do início ao fim pelo jovem cineasta, são descritos para o público as angústias e os desafios de um cidadão com deficiência motora. Resgatando desde sua infância em Barra Mansa, no interior do Estado do Rio de Janeiro, até os dias de hoje, aos 31 anos, morando na zona sul carioca. O roteiro revela sua trajetória de descobertas e de auto-afirmação no entorno de sua misteriosa condição física.

Boa parte de Meu Nome É Daniel compila mais de 10 horas de filmagens antigas feitas pelo pai e pela mãe do protagonista, durante sua infância entre o final da década de 80 e o início dos anos 90. As imagens desse período são apresentadas com a limitação da qualidade disponível à época. E essa qualidade “vintage” do material valoriza o resultado do trabalho.

Meu nome é Daniel filme

‘Tadinho é o caralho’

Aliás, a construção da história contada pelo autor, demonstra a intenção de repelir veementemente a pecha de coitadinho. Tanto é que os convidados da pré-estreia foram presenteados na entrada com dois broches com as seguintes frases: “tadinho é o caralho” e “meu nome é Daniel”. Afinal, Daniel se orgulha de viver uma vida com independência e muito ativa. Isso porque, entre o escritório de sua produtora na companhia do seu sócio, ele pratica um rapel no fim de semana no Pão de Açúcar e vai ao cinema à tarde com a namorada. É uma rotina que, certamente, quem não o conhece não acreditaria.

De fato, é admirável a entrega que Daniel se dispôs a fazer com o personagem de si mesmo para oferecer ao espectador com transparência suas intimidades em família, na escola e com os amigos que fez ao longo da vida. Talvez tenha sido a melhor forma que ele encontrou para se apresentar. E, como consequência dessa ação, irá garantir a amplificação da visibilidade da população com deficiência. Que, no mínimo, deseja respeito. E, no caso dele, especificamente, sem diagnóstico, trata a deficiência como uma característica a mais e não como um problema a ser resolvido.

Meu nome é Daniel crítica

História inspiradora

Além disso, vale destacar as brilhantes participações da mãe de Daniel no filme, que permitem uma reflexão sobre a arte de bem viver, com os desafios que a vida oferece. Pois com um semblante meigo e amigável, sempre sorridente, ela promove a inclusão do Daniel desde cedo, em todos espaços de convívio social, sem distinção.

Por fim, a história de Meu Nome É Daniel é simples, bonita, inspiradora e tem variações cômicas acertadas. Ademais, revela na parte final, com sua narração, enquanto caminhava próximo aos arcos da Lapa no Rio de Janeiro, montado de drag queen, sua plena consciência acerca de todos privilégios que sempre o protegeram. E essa cena final deixa a dica do autor sobre o seu próximo trabalho, no qual ele irá tratar do tema relativo à sexualidade na perspectiva do deficiente físico.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Meu Nome É Daniel
Direção: Daniel Gonçalves
Roteiro: Daniel Gonçalves, Vinicius Nascimento, Debora Guimarães
Distribuição: Olhar Distribuição
Data de estreia: qui, 17/10/19
País: Brasil
Gênero: documentário
Ano de produção: 2018
Duração: 83 minutos
Classificação: 12 anos

Leonardo Lima

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