‘Meu Nome é Dolemite’ (Netflix) | CRÍTICA
Jorge Feitosa
Maturidade recompensada. Eddie Murphy volta com tudo.
Como artista, Rudy Ray Moore foi de tudo na vida. De comediante de stand-up a cantor, o homem tentou sair da pobreza ao estrelato contando piadas, dançando e cantando. Mas a sorte (ou a falta de talento mesmo) não lhe favorecia.
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Enfurnado em uma loja de discos enquanto empurra suas músicas ao DJ e abrindo o show dos outros, a sorte lhe responde com alguém que havia chegado mais fundo ainda no poço. Um mendigo boca suja e contador de lorotas em rima, mas que divertia os ouvintes.
Eddie Murphy em ótima forma novamente
E em Meu Nome é Dolemite (Dolemite is My Name), Eddie Murphy aproveita a deixa para tirar da trajetória de Rudy a matéria-prima que alçou a sua própria carreira ao estrelato como comediante ou estrelando filmes de ação com toques de comédia. Mas com uma sede que não se via desde O Professor Aloprado.
Auxiliado por um elenco coadjuvante inserido nos momentos certos para manter o protagonista nos eixos, Rudy vai construindo toda a mítica em torno de seu alter ego Dolemite com o auxílio do músico vivido por Craig Robinson enquanto cai na estrada para promover seus discos e, de quebra, mostrar para a mãe solteira de Da’Vine Joy Randolph que a fantasia pode se sobrepor à realidade e ainda render uns trocados. Até que ele se mete a fazer um filme dirigido pelo afetado personagem de Wesley Snipes.
Direção, roteiro e figurinos de primeira
Ao fundo de tudo isso, o diretor Craig Brewer dá vida ao roteiro de Scott Alexander e Larry Karaszewski para contar a história Rudy e seu empenho de mostrar sua arte ao mundo ainda que corra o risco de se escravizar como seus antepassados, enquanto o figurino de Ruth E. Carter sai dos costumes tribais da Wakanda de Pantera Negra para dar vida à moda blaxploitation dos anos 70, em um trabalho que pode ser visto com saborosos detalhes na segunda temporada de Abstract: The Art of Design.
Tudo com os ares cinematográficos do design de produção de Clay A. Griffith a recriar a Los Angeles de então e até mesmo o abandonado Hotel Dunbar, onde as filmagens do Dolemite original aconteceram, enquanto Rudy se contorcia entre equipe e investidores para finalizar seu pequeno filme. Aliás, é de onde Murphy tira o melhor de si, arrancando aplausos no Festival de Cinema de Toronto para começar a ser aclamado ao próximo Oscar.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Dolemite Is My Name
Direção: Craig Brewer
Roteiro: Scott Alexander, Larry Karaszewski
Elenco: Eddie Murphy, Wesley Snipes, Keegan-Michael Key, Mike Epps, Craig Robinson, T.I., Da’Vine Joy Randolph
Distribuição: Netflix
País: Estados Unidos
Gênero: comédia
Ano de produção: 2019
Duração: 118 minutos
Classificação: 16 anos