Minha Fama de Mau: “Erasmo nos deu liberdade total”, afirma diretor
Renata Teófilo
A cinebiografia do cantor e compositor Erasmo Carlos chega aos cinemas em 14 de fevereiro e, nesta quarta-feira, em São Paulo, aconteceu a entrevista coletiva com o diretor Lui Farias e grande elenco. A história acompanha o começo da carreira do músico no Rio de Janeiro, quando ele se encanta pelo rock nos anos 50, passa por seu auge nos anos 60 como integrante do programa Jovem Guarda, junto com os amigos e cantores Roberto Carlos e Wanderléa, mostra uma fase difícil que ele teve de ostracismo e depressão, até quando ele se reergue na carreira e encontra o verdadeiro amor.
Leia mais:
– DOUG JONES MOSTRA SIMPATIA EM VISITA AO BRASIL E FOGE DA “PERGUNTA DO MILÊNIO”
– EXPOSIÇÃO DA DREAMWORKS TRAZ A MAGIA DO ESTÚDIO AO RIO DE JANEIRO
Minha Fama de Mau foi originalmente feito em 2015 e está sendo lançado somente agora pois os produtores tiveram que negociar os direitos autorais de todas músicas apresentadas na trilha. Segundo o diretor Lui Farias, “o projeto, na verdade, começou há 50 anos, quando meu pai, Roberto Farias, dirigiu os três filmes com Roberto e Erasmo. O meu filme pode ser considerado um spin-off dessa trilogia, porque é sobre a vida do Erasmo e, quem sabe, no futuro, não pode haver um filme sobre o Roberto, um sobre a Wanderléa…”
Erasmo, Roberto e Wanderléa, que foi o trio de cantores mais popular entre os jovens dos anos 60, são respectivamente representados por Chay Suede, Gabriel Leone e Malu Rodrigues. Sobre a escolha do elenco, o diretor Lui Farias disse:
– Eu vi uma foto do Chay e do Erasmo, e percebi que os dois tinham uma energia semelhante. Por coincidência, assim que pedi para falar com o Chay, ele me contou que tinha se encontrado com o Erasmo no dia anterior, porque tinha lido o livro de memórias dele e que gostaria de interpretá-lo num filme. Ele deu várias sugestões sobre gravar as músicas e sobre o roteiro, então, foi muito engraçado aquele garoto chegar e se tornar o Erasmo, assim, de pronto. A Malu, eu já conhecia desde menina, e ela é a Wanderléa que eu sempre quis. Chegou com outro olhar sobre a cantora que o roteiro não tinha, me obrigando a refazê-lo. No caso do Gabriel, ele entrou para fazer uma cena com o Chay e os dois começaram a improvisar uma música sem nunca terem se visto antes e pela química deles eu vi que tinha encontrado meu Roberto Carlos – afirmou o cineasta.
Já a atriz Bianca Comparato representa vários interesses românticos do cantor durante o período retratado, até ele encontrar, Nara, a mulher que se tornou o grande amor dele. Sobre essa escolha de uma mesma atriz representar várias mulheres na vida do cantor, ela explicou:
– Essa ideia surgiu porque fica claro em minhas pesquisas como a Nara foi importante para o Erasmo, como ela foi o grande amor da vida dele. Essa foi uma maneira poética que nós encontramos para que ela estivesse presente em todos os momentos de amor do filme. As mulheres simbolizam essa busca pela mesma mulher até ele encontrá-la no final – disse a atriz.
A parte musical do filme se destaca com as músicas do trio sendo interpretadas pelos próprios atores em vários números. Segundo Chay Suede, “nós não tivemos a preocupação em imitá-los. Nem na maneira de cantar, nem nos trejeitos, nem na maneira deles se comportarem. O que a gente fez foi se cercar do universo que os cercava, que era a inauguração do rock no país. E aí sim se inspirar e se contagiar desse universo”.
Gabriel Leone, por sua vez, afirmou que “foi um prazer poder regravar essa músicas, porque para nós foi como uma homenagem, pois esses caras são nossos ídolos”.
Para Malu Rodrigues, foi importante ela mesma cantar as músicas, “porque, para nós que estamos fazendo o personagem, a dublagem sempre afasta um pouco e muda o fato de nós agirmos e pensar como o personagem, então foi muito natural e uma honra poder cantar as músicas da Wanderléa”.
O diretor ainda emendou que “a escolha de deixar os atores cantando as músicas foi porque as gravações originais têm uma qualidade técnica muito inferior ao que se tem hoje. A interpretação deles cantando é como se tanto o Erasmo, quanto o Roberto e a Wanderléa, estivessem começando suas carreiras hoje. A gravação da trilha sonora foi o primeiro trabalho que nós fizemos juntos. O Erasmo concordou com as regravações, nós usamos a banda que ele faz seus shows agora e, em uma semana, a trilha estava pronta e o filme começou ali e todo mundo entendeu do que se tratava”.
Minha Fama de Mau reproduz fielmente as décadas apresentadas com a ajuda de recursos técnicos atuais, o elenco parece bem à vontade em seus papéis e a trilha com músicas muito conhecidas ajuda na empatia com a história descrita. O diretor Lui Farias revelou:
– Erasmo nos deu total liberdade para contar sua história, ouviu e aprovou todas as regravações das músicas. Ele é muito elegante e carinhoso, mas disse que vai querer ver o filme no cinema comendo pipoca com o público. Já Roberto Carlos quis ver o filme pronto e eu fiquei preocupado sobre o que ele acharia do filme, mas fui informado que se emocionou com o filme, mandou me dar os parabéns e que o filme é super bacana, de modo que o aval dele foi ótimo. Acredito que o filme fará sucesso, porque meu pai sempre dizia que comédias e musicais são a verdadeira vocação do cinema brasileiro com o público – contou o cineasta.
Minha Fama de Mau estreia no próximo dia 14 nos melhores cinemas do Brasil.