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Monster (Kaibutsu) - Filme 2023 - Leia a nossa crítica

Monster é uma daquelas obras que mexem com o público de forma magistral

Bruno Oliveira

Monster é um filme que entrou na minha lista desde que ganhou o prêmio de melhor roteiro, em Cannes, em maio de 2023. Dirigido por Kore-eda Hirokazu (Assunto de Família), e escrito por Yûji Sakamoto (Amor em Terras Turvas), muito se especulou se ele teria forças para chegar no período de premiações. O tempo passou e mostrou que, infelizmente, não conseguiu estar presente nas principais delas. Uma pena, pois o longa é uma daquelas obras que mexem com o público de forma magistral.

Sinopse do filme Monster

Saori (Sakura Andô) é uma viúva que precisa cuidar sozinha de seu único filho, Minato (Soya Kurokawa). De um dia para o outro, o menino começa a agir de forma estranha e sem nenhuma explicação aparente. Desconfiada de que seu filho esteja sofrendo bullying na escola, confronta a diretora do colégio e descobre que o culpado é seu professor, Hori (Eita Nagayma). A verdade absoluta logo se desfaz quando acompanhamos o ponto de vista de cada um dos personagens até chegarmos ao cerne desse mistério.

O título pode enganar

O título Monster – ou Monstro em uma tradução livre, pode enganar aos que caem de paraquedas. Não há nada sobrenatural e não existe nenhum monstro de fato. Essa palavra se refere a como as crianças da história se sentem. Tanto por alguns atos duvidosos, tanto como se veem devido a sua própria natureza. Isso ainda se expande para como a sociedade trata as pessoas que agem um pouco ‘fora do padrão’ e do que é eticamente aceito. Esse nome pode não significar nada, como pode simplesmente significar tudo. É simples e brilhante.

Pontos de vista

Além do roteiro nota 10, a edição precisa ser elogiada, pois a medida que a história avança precisa retornar e mostrar os pormenores. A escolha de apresentar a narrativa por pontos de vista diferentes é muito acertada. Isso mostra que nem tudo o que vemos é a verdade absoluta. Isso nos revela algumas reviravoltas que não dava para esperar. Unindo pontas soltas até o último minuto, o filme nos dá uma incrível experiência sobre o que a sociedade gosta de julgar sem saber de todos os detalhes. No caso, nós fazemos parte desta sociedade. Ao termos apenas partes de uma informação, julgamos como certa e não damos nem o direito do suposto culpado se defender.

A felicidade deveria ser para todos

Todo esse emaranhado de informações e pistas que vamos catando durante toda a projeção culmina em um final que nos faz pensar muito. Uma frase dita pela diretora Fushimi, que possui um background poderoso, resume sobre o que é essa história de verdade: “Se apenas algumas pessoas pudessem ser felizes, isso não seria felicidade. A felicidade é algo que qualquer um pode ter”. As cenas finais trazem esse pensamento de uma forma agridoce e de certa forma nos faz sentir culpados. Não como indivíduos, mas como sociedade.

Conclusão

Não tenho nada para falar mal desse filme. Considero Monster uma obra perfeita e indico a todos. É uma história poderosa que nos faz refletir sobre nós mesmos. Que mundo é esse em que crianças precisam se isolar e mentir para que possam tentar ser felizes? Se todos merecem a felicidade, as crianças deveriam ser as primeiras a usufruírem desse sentimento. Algumas dúvidas podem surgir em seu final, mas no fundo você entenderá o que de fato aconteceu.

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