‘Morte a Pinochet’ reforça discurso de ditadura nunca mais
Taynna Gripp
Durante a década de 70 – e por muitos anos -, o Chile foi assolado por um governo ditatorial, financiado pelos Estados Unidos e liderado pelo general Augusto Pinochet, conhecido mundialmente por sua barbárie. Imaginar que há tão pouco tempo (pouco mais de 50 anos), a América Latina ainda era vítima de lideranças sombrias contra a democracia nos faz entender a importância de conhecer o passado para não repetir no futuro.
Quando a FPMR (Frente Patriótica Manuel Rodríguez) elabora um plano para o assassinato de Pinochet, somos apresentados aos três personagens principais da narrativa do filme Morte a Pinochet (Matar a Pinochet): Tamara, Sacha e Ramiro, guerrilheiros combatentes que estão dispostos a fazerem absolutamente tudo para que o país seja liberto do governo que os oprime.
Durante o longa, em aproximadamente 80 minutos, a vida dos três é rapidamente retratada, mostrando suas escolhas e suas renúncias, e o plano de assassinar Pinochet se torna apenas um coadjuvante da história, embora tudo vá em direção a ele. Os guerrilheiros abrem fogo contra a comitiva do governo enquanto passam por uma rota costumeira, ato muito bem estudado antes de sua ação.
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Pouco desenvolvimento
Um dos erros do filme é abordar tão rapidamente a narrativa de cada personagem. Cabia muito mais história sobre como Tamara preferiu se afastar de sua família ou ainda como Sacha acaba também fazendo o mesmo.
O pouco que é apresentado de cada um não proporciona tempo de tela suficiente para que tenebrosas cenas de tortura nos devastem totalmente, afinal, faltou o tempo de emaranhar a empatia com o sujeito em questão. É óbvio que tais cenas são fortes e causam nó na garganta em qualquer ser humano, entretanto, caberia um desenvolvimento maior para cada protagonista.
Direção sensível
Apesar disso, Morte a Pinochet é um filme que ocupa bem seu tempo. O roteiro pode não trazer a abordagem que os personagens mereciam, mas não falha na execução com o tempo que sobra, fazendo com que cada cena seja certeira ali, dos minutos de quase descontração no carro até aos momentos em que a tortura ocupa a tela e faz doerem nossos olhos e corações.
A direção de Juan Ignacio Sabatini é sensível com o tema pesado e é um convite à análise de como a luta pela liberdade e pela democracia é sempre o caminho correto a seguir, custe o que custar. Os atores estão ótimos aqui também, principalmente Daniela Ramírez em cenas que precisa ser contida em meio ao desespero de abrir mão de suas próprias vontades em prol do futuro da nação.
Morte a Pinochet com certeza se tornará um filme reprisado em salas de aula e que mais e mais pessoas conheçam essa história do nosso vizinho, para que nosso futuro não tenha nenhum traço de ditadura, nunca mais.
Onde assistir ao filme Morte a Pinochet?
A saber, Morte a Pinochet estreia nesta quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023, exclusivamente nos cinemas.
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Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:
Trailer do filme Morte a Pinochet
Morte a Pinochet: elenco do filme
Rodrigo Aceituno
Héctor Aguilar
Vicente Almuna
Ficha Técnica do filme Morte a Pinochet
Título original do filme: Matar a Pinochet
Direção: Juan Ignacio Sabatini
Roteiro: Pablo Paredes, Juan Ignacio Sabatini, Enrique Videla
Duração: 81 minutos
País: Chile
Gênero: drama
Ano: 2020
Classificação: a definir