Live-action de ‘Mulan’ tem problemas, mas é um bom entretenimento
Jorge Feitosa
Para aqueles que acham que se trata de outra criação dos Estúdios Disney, a personagem Mulan – que agora, em 2020, ganha sua versão em live-action – na verdade, é uma figura do folclore chinês.
Mulan é filha de um soldado convocado para lutar contra invasores inimigos que tomou o lugar do pai doente, fazendo-se passar por homem e que, por seus feitos em batalha, recebeu as graças do imperador, tendo seu nome eternizado na história da China.
A saber, adaptado inicialmente pela Disney como uma animação tradicional em 1998, a guerreira chinesa Mulan foi um sucesso de público e crítica numa era de renascimento que incluiu clássicos como O Rei Leão e Aladdin, os quais também foram adaptados para o live-action.
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Então, com a febre das readaptações, o estúdio viu a possibilidade de se aprofundar na história e trazer mais elementos da cultura chinesa. Além, é claro de dar maior grandiosidade à história original.
Polêmicas
Mas Mulan, adaptação em live-action de Niki Caro, já nasceu envolvida em polêmicas. Inclusive a escolha da diretora, uma neozelandesa, ao invés de um(a) chinês(a); as violações da China aos direitos humanos na região de Xinjiang, onde parte da produção foi filmada; ao apoio da própria atriz do filme à repressão contra os protestos de Hong Kong, entre outras.
Estas críticas acabaram contaminando toda a produção, que ainda foi acusada de abordar a tradição chinesa de forma superficial. Mas aí estamos falando da expectativa gerada pelos próprios trailers, que deixaram bem claro que o filme não seria uma simples cópia do original.
Visual e elenco
E, no que se refere a uma adaptação voltada para o público geral, o filme cumpre o seu papel com cenários, locações e figurinos dignos de um épico de fantasia que, às vezes, deveria deixar seus diálogos um tanto didáticos de lado, mas que, em geral, fazem sentido em uma obra desse tipo.
O elenco também não decepciona. Isso porque a Mulan de Yifei Liu é tudo o que se poderia esperar, ecoando a delicadeza e insegurança a ponto da atriz parecer bem mais jovem e encarar a maior parte de suas cenas de ação.
Além dela, o comandante de Donnie Yen (Rogue One: Uma História Star Wars) impõe força e agita lâminas como poucos seriam capazes; o vilão do sumido Jason Scott Lee (Dragão: A História de Bruce Lee); assim como o imperador de Jet Li, na medida certa para não roubar a cena. Além disso, há uma singela participação especial de Ming-Na Wen, a dubladora da Mulan original.
Roteiro
É lógico que tudo não é perfeito. Afinal, o roteiro escrito por quatro pessoas. Assim, deixa a sensação de muita informação inserida, mas que não atrapalha o entendimento da história.
E realmente alguns sentirão falta do dragãozinho Wushu. O personagem foi substituído por uma ave fênix muito mais ligada à mitologia ocidental, mas que se mostra visualmente satisfatória.
A versão live-action de Mulan, enfim, chega carregando não apenas a força, mas também o peso da cultura chinesa, seu papel na cultura pop e até mesmo na política mundial.
O filme, em si, pode ser visto sob os mais diversos enfoques, mas não deixa de ser um bom entretenimento.
A saber, o filme estreia no Brasil diretamente no Disney Plus no próximo dia 04 de dezembro.
TRAILER
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