RESENHA | ‘Mulheres Perigosas’ é um retrato da rebelião contra o patriarcado

Leandro Stenlånd

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13 de julho de 2017

“Mulheres Perigosas” é uma coletânea de contos diversos que trazem personagens femininas as quais fogem dos clichês criados pelo romantismo conservador. Com uma edição surpreendente a cargo de George R.R. Martin – conhecido por personagens femininas que exalam força em sua série de livros que inspirou Game Of Thrones, por exemplo, Arya Stark, Daenerys Targaryan e Cersei Lannister – o leitor delicia-se com histórias inspiradoras de mulheres pouco preocupadas com os estereótipos perpetuados pelo machismo e pela “feminilidade” obsessiva da indústria da moda.

“Há um tipo de homem que quanto mais você dá, mais ele quer.”

O primeiro conto, de Joe Abercrombie, vem como uma quebra do estereótipo da mulher misericordiosa. Shy é uma ladra assassina que sem escrúpulos resolve seus problemas com sua pequena faca, sem deixar que seus sentimentos interfiram em sua luta. O segundo traz um ser humano em sua concepção mais pura: um animal com desejos instintivos. Os desejos de Lorie entram em conflito com o de sua família no momento em que sua filha bebê é raptada e isso coloca em mistério a real culpada da história, a abordagem de Megan Abbott é sensacional e misteriosa.

A história seguinte, proposta por Cecelia Holland, trás a pequena Nora em conflito com as obrigações reais de suas irmãs, o desejo de tornar-se rainha sem precisar de um homem é grande e  as desavenças entre sua mãe e seu pai abrem esse caminho para que ela possa ser corajosa. O quarto conto é nada convencional. Com uma história sensual e alienígena, a autora – Melinda Snodgrass – mostra que as mulheres podem ser dominantes sexualmente e que isso não as torna promíscua, apenas aflora seu lado mais humano.

“Está surpreso? Vocês mantêm suas mulheres confinadas e negam a elas qualquer tipo de atividade significativa. Fico surpresa que não enlouqueçam mais mulheres. Vocês não lhes dão nada para pensar ou do que falar além de família e fofocas. Nunca as deixam fazer nada além de planejar ou comparecer, administrar a casa e criar filhos.”

Assemelha-se ao conto cinco pela ficção fantástica, porém não traz uma personagem principal feminina marcante e sim um protagonista homem, fugindo um pouco da proposta do livro. A história de Jim Butcher é a mais monótona por remeter todas as histórias batidas de bruxaria e magia que já conhecemos, trazendo à memória personagens como Bonnie de The Vampire Diaries.

Os cinco primeiro contos dão um exemplo intenso de como a mulher pode ocupar qualquer tipo de narrativa quando ela é desvinculada dos estereótipos de gênero perpetuados pela sociedade atual. Como um retrato de uma rebelião das mulheres contra esses padrões patriarcais, “Mulheres Perigosas” é uma cutucada nessa ferida profunda. Com muitos contos a retratarem os milhares tipos de mulheres que existe, a obra é uma coletânea necessária, sim, feminista por retratar mulheres e homens em pé de igualdade. Surpresas aguardam o leitor ao final do livro, especialmente para os fãs de Game Of Thrones, é uma obra recomendada para homens e mulheres, para todos que buscam a igualdade.

FICHA TÉCNICA


ANO DA EDIÇÃO 2017
NÚMERO DA EDIÇÃO 1
NÚMERO DE PÁGINAS 736
PROFUNDIDADE 2.00 cm
LARGURA 16.00 cm
ALTURA 23.00 cm
I.S.B.N. 9788544104804
ACABAMENTO Brochura
 

Leandro Stenlånd

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
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